A Tivit, empresa de tecnologia da informação, estava planejando a sua oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) para esta segunda-feira (2), mas o preço baixo fez com que desistisse. Para o analista Guilherme Volcato, da Barisul, ficou claro que “os acionistas tentaram alienar suas ações a preços muito elevados, dadas as condições atuais do mercado”.
A oferta secundária proposta pela empresa se mostrava cara, especialmente quando comparada com outras do ramo. O piso da faixa indicativa de preços era de R$ 43,00, mas a demanda estabeleceu a faixa de R$ 35,00. “Com um ROE [Retorno sobre o patrimônio líquido] anualizado (até junho/2017) de pouco mais de 5% (metade daquele apresentado por Linx e Sênior Solution e ¼ do da Totvs), o Mercado precificou a ação com um múltiplo P/VPA em 2,5 – quase no mesmo patamar do visto nas 2 primeiras”, avalia Volcato.
O analista também acredita que a Tivit enxergar um crescimento muito mais rápido do que os das concorrentes e, talvez, com a economia melhorando, a empresa tente novamente um novo IPO no ano que vem. Para isso seria preciso uma “‘ganância’ um pouco menor dos acionistas atuais” para facilitar o processo.
Cancelamento de IPO
Com a desistência da Tivit, somente neste ano, três empresas já cancelaram suas ofertas iniciais de capital na B3. Volcato explica que isso pode ser resultados das estratégias de investimentos de longo-prazo dos Fundos de Investimentos, o quais costumam subscrever a maiorias dos IPOs.
“Se o Ibovespa pode ir a 80.000 pontos, não se vai alocar uma grande quantidade de capital a 75.000, pois o upside é limitado. Investidores deste perfil estariam comprados desde, talvez, os 60.000 pontos”, explica Volcato. Dessa forma, os Fundos vão optar por ofertas com preços mais atrativo, com foco na projeção de preço futuro da ação.
Isso representa uma disciplina maior na alocação de capital, comenta o analista. “Embora a Bolsa venha registrando recordes de valorização, o Mercado ainda não ‘perdeu a cabeça'”.