Com a recessão tecnicamente superada, após dois trimestres seguidos de crescimento, a economia brasileira apresenta sinais mais consistentes de recuperação, disse hoje (10), em Brasília, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), no Informe Conjuntural, divulgado na internet.

Assim, impulsionado pela alta no consumo e pela forte queda na inflação, a expectativa da CNI é que Produto Interno Bruto (PIB), a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, encerrará 2017 com crescimento de 0,7%. A previsão anterior, divulgada em junho, era de crescimento de 0,3%.

A indústria crescerá 0,8%, o primeiro resultado positivo desde 2013. A estimativa anterior era 0,5% de expansão para este ano.

“As estimativas foram revisadas para cima, diante do conjunto mais robusto de dados positivos na economia e de avanços na agenda de reformas – como a atualização das leis do trabalho e o anúncio de nova rodada de privatizações e concessões”, disse a CNI, em nota.

Além disso, a forte queda na taxa de inflação amplia a renda disponível e ajuda a recuperar o consumo, efeito já sentido no comércio, afirmou a CNI. “Na indústria, a gradual recuperação do consumo das famílias criará condições para o aumento da produção de forma mais disseminada”, explicou o relatório.

No entanto, a expansão da atividade econômica ainda não será sentida por toda indústria. A alta de 0,8% no PIB industrial será liderada pelo crescimento de 7,2% na indústria extrativa e de 1,4% na indústria de transformação. A indústria de construção, por sua vez, deve cair 2,3% em 2017.

A CNI avalia ainda que, apesar de a crise ter ficado para trás, ainda permanecem dúvidas quanto a intensidade e  duração da retomada do crescimento. Para a confederação, a principal fonte de incertezas permanece com a questão fiscal e a agenda de reequilíbrio das contas públicas.

“O processo de ajuste fiscal caminha em ritmo lento. A revisão recente das metas fiscais para este ano e o próximo é um sinal de alerta”, aponta o Informe Conjuntural. “A reforma da Previdência, principal item da agenda fiscal, é essencial e urgente”, acrescenta.

Inflação e juros

Para a CNI, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor Amplo (IPCA) deve fechar 2017 em 3,1%. Assim, o indicador chegará ao fim do ano 1,4 ponto abaixo do centro da meta de 4,5% estabelecida para este ano. O processo de desinflação tem ocorrido, sobretudo, pelo comportamento dos preços de alimentos, que subiram abaixo do usual por conta da safra recorde, explicou a CNI.

A expectativa para a taxa básica de juros, a Selic, ao final de 2017, é 7% ao ano. Atualmente, a taxa está em 8,25% ao ano.

Balança comercial

O saldo comercial ficará em US$ 64 bilhões em 2017, resultado do crescimento de 16,1% nas exportações (US$ 215 bilhões) e de 9,8% nas importações (US$ 151 bilhões). A taxa de câmbio deve ficar encerrar o ano em torno de R$ 3,20.

Contas públicas e emprego

O déficit primário do governo federal e suas estatais será de R$ 159 bilhões, equivalente a 2,4% do PIB, e dentro do novo limite de R$ 162 bilhões fixado para 2017 (R$ 159 bilhões para o governo federal e R$ 3 bilhões para as estatais federais), revisto em agosto pelo governo federal.

A projeção da CNI para a taxa de desemprego no fim de 2017 foi revisada de 13,5% para 12,9%.