Depois de anos andando de lado, o setor imobiliário dá sinais de que voltará a crescer com mais fôlego nos próximos meses. A expectativa de economistas é de corte nos juros para financiamentos, e empresas voltando a erguer sedes comerciais e industriais, movimentando o setor e atingindo diretamente aplicações financeiras neste segmento, como Fundos de Investimentos Imobiliários (FII), Letras de Créditos Imobiliários (LCI) e Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI).
Conforme Celso Petrucci economista-chefe do Secovi-SP e presidente da Comissão da Indústria Imobiliária da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CII/CBIC), o mercado imobiliário vem ensaiando uma recuperação gradual e lenta. Maior reduto da construção civil do Brasil, São Paulo serve de termômetro para outras capitais. E por lá houve avanço nas vendas de novos imóveis e aumento da procura por novos negócios no setor nos últimos meses, em um movimento que interrompeu vários trimestres de marasmo. Em setembro, pelo quarto mês consecutivo, o Índice de Confiança da Construção (ICST) evoluiu positivamente – de 76,1 pontos em agosto para 77,5 pontos -, conforme apuração do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
“O setor tem registrado um aumento no volume de vendas e de lançamentos na capital paulista, e nota-se que a confiança do consumidor estimulou empresários a tomarem decisões que há tempo adiavam. Esse processo promete ser alavancado agora com a redução da taxa básica de juros, decidido pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, repercutindo diretamente no crédito, tornando-o mais barato e estimulando a produção e o consumo”, afirma.
Na análise de Telêmaco Genovesi Junior, sócio gestor da GGR Investimentos, a recuperação gradativa do setor traz ótimas oportunidades de investimento: como nos últimos anos ele afirma ter havido uma crise imobiliária que derrubou preços e gerou vacância nos imóveis brasileiros, este início de retomada pode ser uma boa oportunidade para voltar a buscar aplicações em papéis com lastro na construção civil. Ele considera sinal desse otimismo a adesão a um produto recentemente lançado pela GGR, um fundo imobiliário de contratos atípicos, que garante a locação por no mínimo 10 anos, o que, conforme Telêmaco, torna a operação mais segura. “O fundo captou cerca de R$ 141 milhões e teve adesão de 26 distribuidores do mercado financeiro. Ficou aberta por apenas 20 dias. A resposta do mercado não poderia ter sido melhor”, ilustra.
Alguns fatores, entretanto, ainda preocupam o setor da construção. Um é o alto desemprego da população e o nível de endividamento relativamente elevado do consumidor, o que pode fazer o mercado demorar para reagir a novos lançamentos – e, em consequência, levar as construtoras a desacelerar seus planos de expansão. Outra preocupação tem a ver com a saúde financeira da maior instituição de crédito imobiliário do Brasil: a Caixa. “Causa apreensão aos empreendedores do país as dificuldades enfrentadas pela Caixa Econômica Federal, em função das restrições às operações de financiamento imobiliário e crédito em geral devido aos índices para alavancagem determinados pelo Acordo de Basiléia III”, alerta Petrucci.
Por isso, o investidor deve estar atento aos riscos do negócio ao procurarem papéis ligados à Construção, alertam consultores financeiros, em particular os FIIs, que devem voltar com força na carta de produtos de gestoras e corretoras. “Os FIIs possuem vantagens e desvantagens. Para pequenos investidores, com baixo capital, é a chance de participar de cotas e ter acesso a rendimentos oriundos de diversos negócios sem necessariamente precisar investir em imóveis”, afirma André Bona, Educador Financeiro do Blog de Valor. “Mas existe uma desvantagem muito importante: a liquidez costuma ser mais baixa que outros investimentos semelhantes, o que aumenta o risco”.