Passada a animação dos mercados domésticos com a condenação do ex-presidente Lula, os investidores devem deslocar o foco para o que vem por aí, já que o primeiro mês de 2018 entra na reta final e a euforia pós-placar no TRF-4 deve dar sinais de fadiga nesta segunda-feira. O cenário político deve seguir no radar dos negócios, em meio à expectativa pelo fim do recesso legislativo e à espera das próximas pesquisas eleitorais, já que o líder petista deve ficar de fora da corrida presidencial de outubro.

Essa perspectiva resultou em ganhos expressivos nos ativos brasileiros, diante da percepção de que Lula seria menos responsável com as políticas de ajuste fiscal. O movimento local foi alimentado pelo apetite do investidor estrangeiro e está sintonizado com o desempenho dos mercados internacionais, que estão animados com a retomada econômica global e com os resultados das empresas. Há poucos dias para o fim do mês, porém, os negócios lá fora buscam uma acomodação, sustentando a valorização acumulada no período, o que deve respingar na performance local.

Os índices futuros das bolsas de Nova York estão na linha d’água nesta manhã, assim como o dólar, que mede forças em relação às moedas rivais. Na Ásia, a sessão foi de perdas em Tóquio e na China, enquanto as principais bolsas europeias tentam se sustentar no azul. O petróleo também ensaia alta, testando o fôlego acima de US$ 65 por barril, ao passo que o rendimento (yield) do título norte-americano de 10 anos (T-note) subiu ao maior nível desde maio de 2014.

Lá fora, o foco dos investidores está voltado aos balanços e aos indicadores econômicos, após a retórica protecionista do governo Trump e de posições conflitantes na Casa Branca sobre o dólar na semana passada. Por ora, os investidores avaliam as perspectivas de aceleração da inflação nos países desenvolvidos e uma melhora no ritmo do crescimento econômico global neste ano.

A agenda no exterior traz como destaque a última reunião do Federal Reserve comandada por Janet Yellen. O encontro, que se encerra na quarta-feira, marca a despedida dela à frente das decisões sobre a taxa de juros nos Estados Unidos, já que o mandato como presidente do BC norte-americano termina no início do mês que vem. No lugar, assume um dos atuais diretores do Fed, Jerome Powell.

Com isso, será importante observar qualquer sinalização de alta do custo do empréstimo dos EUA já na reunião de março. O cenário do Fed prevê ao menos três aumentos dos juros do país neste ano. Ainda no calendário internacional, serão conhecidos dados do mercado de trabalho nos EUA (payroll), na sexta-feira, e do Produto Interno Bruto (PIB) e da inflação ao consumidor (CPI) da zona do euro, amanhã e quarta-feira.

Por aqui, o calendário doméstico traz novos números de dezembro sobre o mercado de trabalho, com a pesquisa por domicílio Pnad (quarta-feira), e sobre a atividade, com dados da produção industrial (quinta-feira). Também são esperadas as notas do Banco Central sobre as operações de crédito (hoje, às 10h30) e a política fiscal (quarta-feira). Hoje, o Tesouro (14h30) divulga as contas do governo central em dezembro e em 2017.

Ainda nesta segunda-feira, tem a confiança da indústria neste mês (8h), a Pesquisa Focus do BC com as previsões do mercado financeiro (8h25) e os dados semanais da balança comercial (15h). Amanhã, é a vez do IGP-M de janeiro. Já o fim do recesso legislativo, previsto inicialmente para o dia 2 de fevereiro (sexta-feira), foi adiado para a semana que vem, no fim da tarde da próxima segunda-feira, dia 5.

O atraso na volta aos trabalhos dos deputados não deve afetar o cronograma para as negociações em torno da proposta da reforma da Previdência. O governo está empenhado em retomar o corpo-a-corpo em busca dos votos que faltam e concentrar esforços para aprovar a medida no próximo mês na Câmara. A previsão é de que a matéria seja votada no dia 19, depois do carnaval.