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Analistas sobem projeções para o PIB e reduzem as de inflação; aplicações corrigidas pelo IPCA sofrem

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Analistas de mercado começam o ano revendo seus números para a inflação e o crescimento da economia em 2018. Depois do IPCA de janeiro, de 0,29%, bem abaixo do esperado, de até 0,39%, a expectativa é de que o índice usado pelo Banco Central (BC) nas metas de inflação feche o ano um pouco menos pressionado. O IGP-10 de janeiro, com alta de 0,23%, também indicando inflação mais modesta, especialmente no atacado, que subiu só 0,09%, reforça essa tendência.

E começa a tomar força no mercado uma discussão sobre se os juros, hoje em 6,75%, não vão voltar a cair em fevereiro para 6,5%. As apostas de um novo corte embutidas nas projeções dos contratos de mercados futuros de DI da B3 passaram de 30% para 42% após a ata do Comitê de Política Monetária (Copom) na quinta-feira, segundo estimativas de Pablo Stipanicic Spyer, diretor de Operações da Mirae Asset.

Para Evandro Buccini, economista da Rio Bravo Investimentos, o BC foi bem claro na nota da reunião do Copom ao afirmar que o ciclo de corte de juros estava encerrado. Mas, como ele deixou uma porta aberta para caso o cenário mude, há muita discussão no mercado sobre o que poderia levar o BC a reabrir os cortes, ainda mais depois da ata, que detalhou melhor as opiniões dos diretores do BC. Um dos pontos fundamentais seria a aprovação da reforma da Previdência. Mas Buccini diz que ela não será suficiente. “Precisaria também de uma inflação mais baixa que a atual e um cenário externo favorável”, diz.

Mais que um número baixo

A inflação de janeiro, diz Buccini, foi uma boa notícia nesse sentido, não só porque veio abaixo do esperado, mas porque trouxe preços controlados em alimentação, vestuário, mas, mais importante, em Serviços, um item que o BC gosta de olhar. Diante desse resultado, a Rio Bravo reduziu a projeção de inflação deste ano, de 4,2% para 4,0%, avalia o economista. Hoje, a projeção do BC também é de 4,2%, enquanto o mercado, segundo o relatório Focus, está em 3,84%. “O juro até tem espaço para cair caso o BC revise a inflação deste ano de 4,2% para 3,9%”, diz. “Podemos ter espaço para um corte adicional agora ou mais para frente”, afirma.

A alta dos juros só esperada no  começo do ano que vem, no primeiro trimestre, acredita Buccini. E esse será um assunto que vai começar a ganhar importância nos próximos meses. Para o economista, se a inflação continuar baixa no fim deste ano ou no começo do próximo, pode jogar a alta dos juros mais para frente. “Mas há o detalhe da eleição presidencial, não sei se o BC vai subir os juros perto de uma eleição”, lembra.

Ganhos em prefixados continuam

Para ele, porém, o juro brasileiro está se comportando bem em meio à forte turbulência dos mercados internacionais e das bolsas americanas. As taxas mais longas estão recuando e, se o governo conseguir manter os juros nesse patamar já será uma grande vitória. “O mercado coloca nas projeções de juros um grande ciclo de aumento, começando agora”, diz Buccini. Ele trabalha com uma Selic voltando para 8,5% a 8,75% ao ano, mas o mercado já coloca esse percentual em meados deste ano e chegando perto de 10% ao ano nos anos seguintes. Por isso, ele vê ganhos nas taxas prefixadas de juros de 2019 e 2020.

Papéis indexados sofrem

Já para os papéis corrigidos pela inflação, a variação do IPCA anualizada de 2,80% ou 2,90%, machuca, caso das aplicações em NTN-B, ou Tesouro IPCA. O mesmo vale para os fundos imobiliários com aplicações em Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) com rendimento pelo IPCA ou IGP-M, que passam a ter correção mais baixa.” O que deu dinheiro com inflação alta agora não dá, o que também é bom pois, depois de tantos anos sofrendo com inflação alta, a economia deve ter um alívio.”, afirma.

Bolsa segue com boa perspectiva

Buccini diz que a expectativa para a bolsa segue positiva e, com o chacoalhão recente dos mercados, a Rio Bravo aproveitou para aumentar a posição em ações e apostando na queda do dólar. Nos juros, as opções são papéis mais curtos, 2019 e 2020 em prefixados. A favor da bolsa também está a expectativa de que o PIB poderá crescer mais este ano. O economista estima crescimento de 2,7% em 2018. “Se o último trimestre do ano passado vier melhor, o efeito sobre o cálculo deste ano será melhor e ajudará a aumentar o crescimento de 2018”, diz.

Porto Seguro vê crescimento de 3% este ano

Já José Pena, economista-chefe da Porto Seguro Investimentos, revisou a previsão para o PIB de 2018 de 2,70% para 3% e de 2019, de 2,5% para 2,80%. Os fatores que levam a essa revisão são a recuperação mais cedo do que o esperado do mercado de trabalho, um aumento da oferta de crédito e o enorme impulso da economia global.

Mas ele observa que essa retomada é eminentemente cíclica, ou seja, não reflete uma visão de crescimento de longo prazo, mas sim a recuperação da forte queda dos anos anteriores. “Não há razão para acreditar que o patamar de 3% seja o normal para a economia brasileira hoje”, alerta. Esse crescimento é fruto da combinação de ociosidade muito grande, politica monetária francamente expansionista, com juros muito baixos, e um cenário global muito benigno. “Em um horizonte de 1 ou 2 anos, é razoável imaginar que esses motivos não devem continuar presentes”, afirma.

Potencial de crescimento e o juro do Fed

Para Pena, o PIB potencial brasileiro, percentual que o país pode crescer sem pressionar a inflação, foi seriamente afetado nos últimos anos pela recessão. Mas a ociosidade pode desaparecer relativamente rápido, especialmente se as perspectivas de crescimento mais rápido se materializarem. “E o mercado subestima o potencial de elevação de juros do Federal Reserve (Fed, banco central americano) nos próximos dois anos”, afirma.

Segundo ele, o mercado estima quatro altas nos juros até o fim de 2019, mas a posição mediana dos integrantes do Fed aponta para cinco a seis altas. “Eu já acho que podemos ter sete a oito elevações de 0,25 ponto nos juros americanos”, diz. Isso equivale a taxas finais de 3,25% a 3,50% ao ano, considerando a taxa atual de 1,5% ao ano. “Quando se combina o fechamento mais rápido do hiato domestico com o fim da capacidade ociosa e a surpresa no ritmo e intensidade dos juros lá fora, podemos concluir que o crescimento do PIB está longe de estar garantido no médio e longo prazo.”

Motivo para manter os juros e voo de galinha

Esses dois fatores são também os motivos para o Copom parar a redução dos juros em 6,75%, afirma Pena. Ele admite que há uma porta aberta para novos cortes, mas a régua para isso é muito alta e difícil de ser superada. “E a combinação dos cenários doméstico e externo tornam a eleição presidencial de outubro ainda mais importante”, explica. “Vamos ver se há chance de manter o crescimento de forma sustentável pelo avanço das reformas e troca do crescimento cíclico por algo potencialmente mais duradouro ou se vamos voltar a ter um voo de galinha”, diz. Dessa eleição dependerá também o nível de juro real dos próximos anos.

Segundo ele, o cenário político ainda é incerto e a visão de que as reformas são inevitáveis independentemente de quem vença a eleição presidencial não é tão segura. “Apesar de o mais provável é que o próximo presidente faça as reformas, isso não é garantido”, observa.

Tá bom mas tem riscos

Nos Estados Unidos, observa Pena, o chamado hiato d produto, diferença entre o que o país pode produzir sem inflação e o que consome, já desapareceu e está desaparecendo na Europa, elevando o risco de alta da inflação e de retirada mais forte dos estímulos monetários pelo bancos centrais. “É o cenário que vemos nos próximos meses, muito positivo, de crescimento econômico e ambiente positivo para as bolsas aqui  lá fora, mas adicionando cada vez mais riscos de política monetária lá fora e aqui.”

Santander vê boas surpresas e Selic em 6,5%

Outro que reviu as projeções para este ano foi o Maurício Molon, economista-chefe do Santander. Para ele, a surpresa do IPCA menor em janeiro deve levar a um primeiro trimestre abaixo do esperado pelo mercado. O componente de serviços está caminhando para uma dinâmica mais benigna, assim como a perspectiva de produção agrícola, mantendo baixos os preços dos alimentos. Molon reduziu de 3,8% para 3,5% a projeção de inflação e manteve 4% para 2019.

Molon é um dos que se convenceu de que há espaço para novos cortes de juros e reduziu também a estimativa para os juros deste ano, prevendo mais uma redução em fevereiro, de 0,25 ponto percentual, o que levará a taxa Selic hoje de 6,75% ao ano para 6,5%, mantendo-se nesse nível até o fim do ano. A taxa volta a subir em 2019, atingindo 8,5%. O banco espera também que o dólar suba mais por conta da volatilidade maior nos mercados internacionais, mas até o limite de R$ 3,50. Hoje a moeda está em R$ 3,22 para venda no mercado comercial.

 

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