O Índice Bovespa encerrou o mês de fevereiro com alta de 0,52% a 85.354 pontos, entretanto, a máxima foi atingida em 26/02/2018 a 88.318 pontos. No mês de janeiro, após a entrada de R$ 9,5 bilhões de recursos estrangeiros na bolsa e forte ganho em vários papéis, no mês de fevereiro, presenciamos o saldo negativo de R$ 4,2 bilhões.

Em janeiro a Standard&Poor’s rebaixou a nota do Brasil. Em fevereiro foi a vez da Fitch que rebaixou a nota de crédito de BB para BB-. A notícia para o país foi ruim, mas como o mercado já esperava por essa medida, o mercado não foi sofreu drasticamente. Agora só resta o anúncio da Moody’s.

Na parte política, o presidente Michel Temer não conseguiu reunir os votos suficientes para a aprovação da Reforma da Previdência, pois coincidiu com os sérios problemas no Rio de Janeiro, resultando na sua intervenção. Assim, sendo ano eleitoral a reforma acabou ficando para 2019.

Na última reunião do Copom, o Banco Central reduziu a taxa Selic para 6,75%. O mercado continua dividido na possibilidade de mais uma redução de 0,25%, já que os indicadores internos continuam favoráveis. Outros estão trabalhando com o término do ciclo de baixa, por conta da maior volatilidade dos Estados Unidos.

Nos Estados Unidos, o novo presidente do Banco Central, Jerome Powell, tem feito um discurso dando a entender novos aumentos de juros em 2018, trazendo maior volatilidade para o mercado, colocando o mercado mais pessimista no mês de fevereiro. As bolsas nos Estados Unidos caíram de forma consistente em fevereiro (Dow Jones -4,2% e SP 500 -3,89%).

Em janeiro, as empresas começaram a divulgar os resultados do 4º trimestre de 2017. Os bancos continuam com elevada rentabilidade, refletindo diretamente nas cotações dos papéis (Bradesco: +20,45% – Itaúsa: +22,46% – Itaú Unibanco: +22,78% – Santander: +16,94%).

No mês de fevereiro ficou por conta da Vale, cuja qualidade do resultado estimamos que ficou ligeiramente acima do previsto no quesito geração de caixa. Para tanto, a Vale estará distribuindo dividendos no montante de R$ 2,5 bilhões em março.

Outro ponto positivo foi o desempenho das ações da Petrobras PN, que valorizaram 22,36% em janeiro e 8,69% em fevereiro. As ações estavam bem defasadas em relação ao mercado, mas o otimismo tomou conta do papel com o despertar da privatização da companhia, através da possibilidade da candidatura de Geraldo Alckmin com o apoio de Persio Arida, economista que fez parte do Plano Real e já foi presidente do Banco Central. O discurso inicial de Persio Arida colocou a Petrobras no foco da privatização.

Nos últimos dias, o discurso do presidente Trump, alegando que as empresas locais estão “mortas”; anunciou aumento da alíquota de importação do aço em 25% e do alumínio em 10%. A notícia pegou em cheio as ações de siderúrgicas brasileiras que sofreram forte queda. Sem sombra de dúvida, a notícia é negativa para o Brasil, entretanto, sinalizamos que a Gerdau tem como melhor contornar essa situação, já que possui fábricas nos EUA. Presidente Trump sinalizou que não recuará nas medidas, e que tornará oficial nos próximos dias.

Outro ponto negativo foram as ações da BRF, com o anúncio da prisão de Pedro Faria, antigo presidente da companhia, por conta da operação Carne Fraca, deflagrada nesta data, 05/03/18. As ações estão caindo já que não sabemos, ainda, o tamanho do problema que irão enfrentar. Nesta data, o Conselho de Administração, em especial a Petros e a Previ, estará reunido para discutir a destituição do presidente do Conselho, Abílio Diniz, após a divulgação de um prejuízo de R$ 1,1 bilhão em 2017, além das notícias desta data.

Enfim, o mercado continuará volátil até que as notícias se acalmem. No Brasil, entre uma notícia positiva e outra negativa, o mercado continua acreditando na bolsa, pela baixa taxa de juros e por uma inflação controlada, pois a taxa real de juros continua próxima de 3%, elevado perto dos demais países. A queda da taxa Selic aumenta o interesse dos investidores locais para aumentar renda variável em seu portfólio, talvez por conta disso que o mercado ainda esteja girando ao redor de 85 mil a 86 mil pontos. Vale ressaltar que não descartamos novas realizações, já que o presidente Trump nos parece alucinado em medidas que podem beneficiar os Estados Unidos.

Entretanto, as realizações serão pontuais, as boas empresas continuarão com forte demanda pelos fundos locais. Continuamos otimistas com a bolsa para os próximos meses, apesar da volatilidade.