Em mais um passo em direção a uma guerra comercial, o presidente americano Donald Trump anunciou hoje a elevação de tarifas de importação de produtos chineses e restrições para transferência de tecnologia e compras de companhias por empresas chinesas.

A decisão é uma forma do governo Trump de tentar reduzir o déficit comercial com a China e é uma das promessas de campanha do político republicano. As medidas atingiriam cerca de US$ 50 a US$ 60 bilhões, ou 10% das importações americanas da China.

Além disso, o governo americano acusa a China de usar intimidação e subterfúgios para adquirir tecnologia dos EUA colocando as empresas americanas em desvantagem em relação a processos de licenciamentos.

Já os chineses responderam afirmando que pretendem melhorar suas leis de proteção a propriedade intelectual e liberalizar mais a economia. Mas ao mesmo tempo preparam um pacote de medidas de retaliação às restrições americanas.

O receio de uma guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo e seu impacto sobre o comércio e o próprio crescimento mundial fizeram as bolsas registrarem fortes baixas. Em Nova York, o Índice Dow Jones caiu 2,93%, a maior perda em seis semanas, segundo a Bloomberg. O Standard & Poor’s 500 caiu 2,52% e o Nasdaq, 2,43%, números expressivos para esses mercados.

Na Europa, o índice regional Euro Stoxx 50 caiu 1,55%, com o Financial Times, de Londres, perdendo 1,23%, o DAX, de Frankfurt, 1,70% e o CAC, de Paris, 1,38%. Os juros de 10 anos do Tesouro dos EUA caíram, de 2,88% para 2,82% ao ano, indicando maior procura por proteção dos investidores, que com isso pressionam os juros para baixo.

Ibovespa cai 0,25% com papéis de varejo em alta

No Brasil, o Índice Bovespa até se comportou muito bem, com queda de apenas 0,25%, para 84.767 pontos, fato atribuído à expectativa de queda maior dos juros anunciada ontem pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ontem. O volume ficou em R$ 10 bilhões, dentro da média dos últimos dias. Mas o mercado externo se refletiu nos papéis mais negociados da bolsa, como Itaú Unibanco PN, que caiu 0,32%, Petrobras PN, com -1,50%, Vale ON, com -1,34$ e Banco do Brasil ON, com -1,80%.

Com a queda de hoje, o índice acumula -0,69% no mês, 10,95% no ano e 33,45% em 12 meses. Na terça-feira, último dado disponível, a saída líquida de capital estrangeiro da bolsa foi de R$ 301,7 milhões, acumulando saldo negativo de R$ 4,49 bi em março, reduzindo o ingresso de R$ 826,9 milhões no ano.

As maiores quedas do índice foram de Gerdau PN, com -3,88%, seguida de Metalúrgica Gerdau PN, -3,47%, Qualicorp ON, -3,04%, Bradespar PN, -1,83% e Cielo ON, -1,75%.

As maiores altas foram de BR Malls ON, 4,35%, Lojas Americanas PN, 3,67%, Iguatemi ON, 2,57% e Ecorodovias ON, 2,94%. O impacto da expectativa de queda dos juros aparece claramente na alta dos papéis de varejo e consumo, como shopping centers, redes de varejo e rodovias.

Dólar sobe 1,27% e bate maior cotação do ano

O dólar também acompanhou o nervosismo externo e fechou cotado a R$ 3,31 para venda no mercado comercial, maior valor do ano, em alta de 1,27%. O dólar turismo, do varejo, caiu 0,29%, para R$ 3,44.

Os juros futuros recuaram por conta da indicação do Copom, de mais um corte pelo menos na taxa básica, para dos atuais 6,5% para 6,25% ao ano.

Os contratos de DI futuro na B3 para janeiro de 2019 registraram queda nas projeções de 6,45% para 6,25%, já dentro da nova projeção do BC. Para 2020, a taxa projetada caiu de 7,38% para 7,15% e para 2021, de 8,23% para 8,17%. Para 2026, a taxa caiu de 9,58% para 9,51%.