Os mercados internacionais se acalmaram neste início de semana após dados confirmarem o crescimento da economia americana com inflação sob controle, o que afasta o risco de uma alta maior dos juros nos EUA. A melhora da economia americana, porém, puxou a cotação do dólar diante de outras moedas, como o real. O dólar está em alta de R$ 0,73%, vendido no mercado comercial a R$ 3,487. No mercado turismo, das viagens e cartões de crédito, o dólar é vendido a R$ 3,68, em alta de 0,82%. O Índice Bovespa está em ligeira alta, de 0,07%, aos 86.501 pontos, com baixo volume, de apenas R$ 2,3 bilhões, para uma média no ano de R$ 11 bilhões por dia.
O destaque do dia no mercado local é a estreia das units (recibos de ações) do Banco Inter, com o códito BIDI11, que equivalem a quatro ações preferenciais (PN) do banco. O papel sobe 6% em relação ao preço de oferta, encerrada na semana passada.
Com a alta do dólar, os juros também estão em alta, diante das possíveis pressões inflacionárias e que podem influenciar as decisões sobre a Selic. Os contratos futuros de DI para janeiro de 2021 projetam 7,94% de juros ao ano, para 7,89% ao ano de sexta-feira na B3.
Nos Estados Unidos, depois dos dados do Produto Interno Bruto (PIB) mais fortes na semana passada, com crescimento de 2,3% no primeiro trimestre, acima do 1,8% esperado pelo mercado, os dados de gastos do consumidor divulgados hoje reforçaram a expectativa de crescimento da economia, com aumento de 0,4% sobre o mês anterior, dentro das expectativas do mercado. Já a inflação do gasto do consumidor (PCE) subiu para 2% ao ano, acima do 1,7% de março. Excluindo comida e combustíveis, a alta é de 1,9%. A meta do Federal Reserve (Fed, banco central americano) é de inflação de 2% ao ano pelo PCE.
Já a renda dos americanos teve crescimento de 0,3% em março, mesmo nível de fevereiro e menos que o 0,4% projetado pelo mercado. Ajustado por impostos e inflação, a renda disponível dos americanos subiu 0,2%, depois de alta de 0,1% em fevereiro. Os salários subiram 0,2%em março, a menor alta desde outubro, informam as agências internacionais. Os dados do consumo mostram que os incentivos de corte de impostos dados este ano ainda não chegaram a estimular os americanos a comprarem muito mais.
Com esses dados, os juros dos papéis de 10 anos do Tesouro dos EUA, que influenciam os investimentos em emergentes, recuaram mais um pouco, para 2,95% ao ano, depois de atingirem 3,01% na semana passada.
Para José Raymundo Faria Junior, da Wagner Investimentos, apesar do feriado, que reduz os volumes negociados hoje, esta semana terá agenda intensa. “A boa notícia é que o primeiro dado relevante da semana, a inflação nos EUA, veio abaixo do previsto para o mês de março e com núcleo conforme o previsto”, diz. “Além disto, os dados de renda e consumo não surpreenderam e vieram com revisões para baixo no mês de fevereiro.”
Na Europa, os índices de gerentes de compras (PMI) vieram melhores que o esperado na China. E continuaram indicando expansão da atividade, diz a corretora Coinvalores. O indicador do setor de serviços avançou para 54,8 pontos, ante 54,6 na leitura anterior e 54,5 da previsão de mercado. A sondagem industrial teve uma pequena desaceleração de 51,5 pontos em março para 51,4 neste mês, mas ficou acima dos 51,3 pontos estimados. Com esses dois resultados, o PMI composto teve ligeira elevação para 54,1 pontos frente os 54,0 registrados no mês passado.
Já a prévia da inflação ao consumidor alemão (CPI) veio levemente abaixo esperado em abril. De acordo com dados preliminares, o CPI harmonizado deve apresentar ligeira queda de 0,1% na comparação com março, quando a expectativa inicial era de estabilidade nos preços ao consumidor. Na comparação anual, o índice harmonizado deve ficar em 1,4% nesse mês. Os dados definitivos serão anunciados em 16 de maio, mas mostram que a economia europeia ainda não está se recuperando com força total.