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Empresas preveem investir menos; endividamento diminui com aportes de sócios

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As empresas brasileiras reduziram seu endividamento em 2017,principalmente por conta de aportes de capital dos sócios. E a expectativa é de que esse endividamento continue baixo este ano, o que indica que elas não vão investir em ampliação de capacidade. É o que mostra pesquisa feita pela pela consultoria Deloitte e pelo Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri).

A pesquisa “Reestruturação empresarial e comunicação com investidores: Amadurecimento em meio à crise” foi feita com 224 profissionais, sendo 167 das áreas de finanças, controladoria e contabilidade, 35 de relações com investidores, 18 de gestão de fundos e reorganização de empresas e quatro juízes.

O estudo mostrou um crescimento da inadimplência das empresas de 2 pontos percentuais, de 1,82% para 3,86% de 2014 para 2017, por conta da recessão. Essas dificuldades fizeram as empresas reestruturarem suas estratégias, renegociarem dívidas e melhorarem seus controles (compliance) e a comunicação com o mercado.

Segundo o estudo, 28% das empresas recebeu aporte de capital de seus sócios para superar a crise nos últimos três anos. Outras 19% venderam ativos, para reduzir seu endividamento. “Foram as alternativas uma vez que os bancos ficaram mais seletivos e reduziram os empréstimos para grandes empresas durante a crise”, explica Guilherme Setubal Souza e Silva, diretor-presidente do Ibri e diretor de Relações com Investidores da Duratex. A maioria, 55%, investiu no lançamento de produtos, 17% fizeram aquisições, 16% fecharam alianças estratégicas e 6% emitiram títulos para driblar a crise.

Das empresas pesquisadas, 61% apresentaram baixo endividamento, com a dívida líquida equivalente a menos de 1,5% da geração de caixa calculada pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Lajida ou Ebitda). “Ou seja, elas pagariam a dívida com a geração de caixa em menos de um ano e meio, explica Luís Vasco, sócio responsável pela área de reestruturação empresarial da Deloitte. Outras 19% têm um endividamento entre 1,5 e 3 vezes o Ebitda, 9% entre 3 e 5 vezes e 11% acima de 5 vezes.

Nas expectativas das empresas para o período 2018-2020, a maioria dos entrevistados acredita em queda do endividamento, aumento da folha de pagamento, queda nas despesas administrativas, alta na receita líquida e alta no resultado líquido.

Para Setubal, a expectativa de baixa no endividamento é um sinal negativo. “É uma notícia ruim pois sinaliza que a empresa não vai investir nos próximos dois anos”, avalia. As empresas, explica, estão reduzindo seus débitos e não estão tomando novos para investir, como mostra também a queda de 20% nas carteiras de crédito de grandes empresas dos bancos. “Os bancos também ficaram mais seletivos para emprestar para grandes empresas, o que também não ajuda”, afirma.

Outro motivo para as empresas investirem menos é o fato de muitas estarem ainda com capacidade ociosa elevada. “É nosso caso na Duratex, para aumentar a produção só precisamos contratar mais funcionários”, explica. Por isso as empresas esperam também aumento nos gastos de folha de pagamento.

A pesquisa mostrou também que as principais lições da crise foram a melhora da gestão financeira, com 38% das respostas. Houve reavaliação do retorno sobre os ativos e da estrutura de capital e do endividamento. Outros 27% destacaram a gestão de custos, que melhorou com a modernização de ferramentas de diagnóstico e a revisão de contratos e renegociações junto a fornecedores. “A crise machucou muito as empresas e as lições serão incorporadas e vão deixar as companhias mais eficientes e estruturadas”, afirma Setubal. “Algumas empresas, mesmo as grandes, não tinham controle de custos, não sabiam o custo de produção de alguns produtos”, acrescenta.

A crise também levou 17% a melhorar a estratégia e o planejamento, com maior monitoramento do mercado e planejamento para manter o foco da companhia. Outros 12% aumentaram a busca de eficiência, identificando áreas passíveis de reorganização para melhorar a produtividade.

Outros 10% investiram na governança e na gestão de risco, com desenvolvimento de processos e controles internos e ampliação de categorias de riscos monitorados, incluindo os de reputação, regulatórios, financeiros e operacionais. “As empresas estão adotando controles mais defensivos de risco, buscando evitar que eles ocorram, e não apenas formas de minimizar seus efeitos”, afirma Setubal. “A visão é mais de antecipar o risco.”

A gestão dos investimentos mais eficiente foi citada por 7% dos entrevistados, com melhor definição de prioridades e maior rigor na escolha. “Antes era comum olhar só o melhor cenário, agora leva-se em conta também o pior cenário”, diz Setubal.

Ele acredita que a crise levou também a uma valorização do profissional de relações com investidores e da transparência das empresas. “Os investidores e bancos passaram a exigir mais informações das companhias na crise, maior abertura de dados, informações sobre remuneração de executivos, e isso levou as empresas a melhorar essa comunicação até como forma de preservar seu valor de mercado”, explica.

Tanto Setubal quando Vasco veem um segundo semestre de muita incerteza para as empresas brasileiras. “No exterior, há mais incerteza com os juros subindo pelo superaquecimento da economia americana e as medidas protecionistas do presidente Donald Trump”, afirma Setubal.

Já a greve dos caminhoneiros teria um impacto mais pontual, mas acabou despertando outras preocupações na sociedade. “E há ainda a questão do ano eleitoral, pois teremos um governo novo, diferentemente das eleições anteriores, em que os favoritos eram do governo passado ou concorriam à reeleição, e isso aumenta a incerteza”, afirma o executivo.

As medidas de Trump também podem impactar nos preços das commodities, o que acaba por prejudicar produtos exportados pelo Brasil, avalia Vasco. “Mas o mais importante é que o país precisa de medidas estruturais, do ajuste fiscal, da reforma da Previdência, caso contrário o crescimento econômico virá, mas será baixo e de curta duração”, afirma Vasco. Apesar da incerteza, ele afirma que em reunião recente com executivos, 65% afirmaram que há ativos subavaliados no Brasil e que são boa oportunidade de compra, mesmo com o cenário indefinido.

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