O dólar comercial está hoje em R$ 3,84, mas deu um susto e chegou a passar dos R$ 3,90 esta semana, mesmo depois da vitória de Jair Bolsonaro e da promessa de um governo liberal defensor de reformas. Foi uma lembrança de que nem tudo está resolvido na economia brasileira que, além de seus problemas políticos e econômicos, ainda depende de uma frágil estabilidade global. Levando em conta esses riscos, o banco de investimentos BTG Pactual fez um estudo sobre para onde poderia ir o dólar – na verdade, o real – no pior e no melhor cenário para o Brasil no fim do ano que vem. No pior cenário, a moeda americana poderia chegar aos R$ 5,00 e, no melhor, a R$ 3,40.

As previsões do banco levam em conta os Credit Default Swaps (CDS), papéis que refletem o prêmio de risco dos investidores externos para comprar títulos brasileiros. Sua taxa seria o adicional pago pelo país além dos juros americanos para cobrir o risco de um calote. Além disso, o banco considera também os juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos de 10 anos., que leva em conta a situação da economia americana.

O banco traça três cenários, um mais benigno, outro adverso e um básico. No básico, o CDS de 10 anos do Brasil encerraria 2019 em 2,25 pontos percentuais (ou 225 pontos base) e taxa de 10 anos do Tesouro dos EUA aumentaria dos atuais 3% ao ano para 3,50% ao ano. Este cenário, diz o BTG, é compatível com a aprovação de uma reforma moderada da seguridade social no próximo ano e medidas adicionais que mantenham a regra de limite de gastos alcançável. Nesse contexto, a moeda americana encerraria 2019 em R$ 3,90, o mesmo nível deste ano. Taxas mais altas do Tesouro dos EUA seriam compensadas pelo declínio do risco país.

No cenário alternativo benigno, o CDS recuaria para 1,50 ponto percentual (150 pontos base) no fim de 2019 e as taxas do Tesouro dos EUA permaneceriam estáveis ​​no nível atual de 3,0% ao ano. “Aqui, uma ousada reforma da seguridade social é aprovada e mais medidas de consolidação fiscal avançam no Congresso, bem como reformas pró-produtividade”, imagina o BTG. Nesse contexto, a moeda brasileira se valorizaria e o dólar cairia para R $ 3,40.

Já no cenário adverso, o spread de risco de 10 anos do Brasil alcançaria 4 pontos percentuais  e as taxas de 10 anos do Tesouro dos EUA aumentariam para 4% ao ano no final de 2019. Esse cenário é compatível com a aprovação de uma versão altamente diluída da proposta de reforma da seguridade social, como uma reforma concentrada exclusivamente em servidores públicos, e onde a administração entrante enfrentaria um impasse político em relação a outras medidas de ajuste fiscal necessárias. Este cenário seria compatível com a depreciação da moeda nacional e com a alta do dólar para R$ 5,00, diz o banco.

O próprio banco considera que esse pior cenário não é o mais provável. Mas serve de alerta para investidores de que há riscos grandes pela frente e o ideal é que a diversificação dos investimentos e a cautela continuem.