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Após cair 37% em novembro, Bitcoin ainda tem tendência de baixa; ETF pode ajudar

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Novembro marcou um dos piores meses para o Bitcoin, a moeda virtual que virou febre no fim do ano passado, atraindo milhões de investidores no mundo depois de um ganho de mais de 1.000 em poucos meses e que levou a criptomoeda para perto dos US$ 20 mil. No Brasil, cerca de 800 mil pessoas entraram nessa onda, superando em poucos meses o total de investidores em ações. Mas, já no começo deste ano, a criptomoeda já tinha caído para perto dos US$ 10 mil.

No mês passado, porém, o preço da moeda, que já estava bem menor, US$ 6.341, caiu quase pela metade, para US$ 3,964, uma perda de 37,4%, a maior queda percentual mensal em sete anos, segundo o site Coindesk. A perda só não foi maior que a registrada em agosto de 2011, quando a moeda virtual perdeu 40%, mas na época ela custava modestos US$ 8 e passou para US$ 4,80, e o número de investidores era muito menor.

Mercado perdeu US$ 690 bilhões no ano

A queda da moeda virtual afeta todo o mercado, já que ela representa mais da metade (53%) dos negócios, explica Diego Velasques, presidente da gestora especializada em moedas virtuais Juno Capital. A estimativa é que o mercado total de moedas virtuais perdeu US$ 690 bilhões desde o pico em janeiro, caindo de US$ 820 bilhões para US$ 130 bilhões em novembro, segundo dados da consultoria CoinMarketCap. Só em novembro, o valor de mercado das criptomoedas passou de US$ 203 bilhões para US$ 130 bilhões.

Tendência ainda de baixa

E a má notícia é que as indicações são de que a tendência de baixa da moeda continua. “Estamos em uma tendência de baixa e a probabilidade é a moeda bater um nível ainda mais baixo”, afirma Velasques. “Estimo que o Bitcoin pode chegar a a US$ 2.800, depois pode voltar, mas a tendência ainda é de baixa”.

Esperança no ETF de Bitcoin

Segundo ele, alguns fatores podem mudar esse cenário. O principal é a discussão em torno da criação de um fundo de Bitcoins com cotas negociadas em bolsa, o chamado Exchange Traded Fund (ETF), que está sendo discutido pela Bolsa de Chicago (CBOE), que já tem um contrato futuro da moeda virtual, com o órgão regulador do mercado americano, a Securities and Exchance Commission (SEC). “Esse julgamento da SEC é muito importante, e deve ocorrer até o fim de fevereiro do ano que vem”, diz Velasques.

Reunião hoje com a SEC

Está prevista uma reunião hoje entre os representantes das empresas que querem criar o fundo ETF de Bitcoins, a VanEck e a SolidX, além da Bolsa de Futuros de Chicago, com a SEC, para avaliar se é possível criar a nova aplicação. A argumentação dos que defendem o ETF é de que o mercado de Bitcoins já está maduro o suficiente para ter um fundo lastreado na moeda virtual. Os reguladores americanos, porém, ainda têm restrições, principalmente pelo receio de possíveis manipulações nos preços da moeda virtual, conforme o presidente da SEC, Jay Clayton, afirmou ao site Coindesk.

Uma vez aprovado, o ETF de Bitcoin pode atrair grandes investidores e fundos de investimentos que hoje não aplicam na moeda virtual pela informalidade do mercado e os riscos, além da falta de uma regulamentação. “E, se passar na CBOE, todas as outras bolsas americanas e também de outros países podem começar a negociar, o que poderia trazer um grande volume de recursos para o mercado e aumentar o preço do Bitcoin, talvez uns 20%, 30%”, estima.

Elástico arrebentou para baixo

Velasques diz que não sabe se essa opção mudaria a tendência de baixa do Bitcoin, mas mexeria bastante com o mercado ao trazer novos participantes com grandes volumes de capital.

Segundo o presidente da Juno, há três ou quatro meses, o Bitcoin passou a entrar em um padrão de baixa, registrando mínimas mais altas e máximas cada vez menores. “É como um elástico esticando, que quando arrebenta vai para cima ou para baixo e mostra a tendência para os próximos meses”, diz. E o elástico arrebentou para baixo.

Divisão do Bitcoin ajudou na queda

Um dos fatores que ajudou nessa queda foi a divisão do Bitcoin original em outra moeda, o Bitcoin Cash, ou BCH ou BCC[1].  A nova moeda foi criada em 1º de agosto de 2017, em um processo chamado de “hard fork”, ou seja, separação dos Bitcoins originais. Durante o processo de criação, todos os usuários de Bitcoin receberam a mesma quantidade de Bitcoin Cash, que tem propriedades técnicas distintas. Ele é regido por um protocolo alternativo que aumenta a capacidade de transação em comparação ao Bitcoin “clássico”, o que garante mais velocidade nas transações, um dos problemas apontados como entrave para o uso da criptomoeda de maneira mais ampla. O Bitcoin Cash é formado por blocos de arquivos maiores, de 8 Megabytes (MB), o que ajudaria na correção do problema de escalabilidade da moeda.

Ameaça de Bitcoin a US$ 1 mil

A nova moeda criou uma disputa, porém, com Craig Wrigth, que se diz o verdadeiro criador do Bitcoin, conhecido pelo nome de Satoshi Nakamoto, mas que ninguém nunca viu ou sabe se existe. Wright declarou guerra à nova moeda e ameaçou derrubar o preço do Bitcoin para US$ 1 mil caso os mineradores, empresas que criam a moeda virtual, apoiassem o Bitcoin Cash. “Começou uma disputa entre os grupos para ver qual seria a moeda principal e muitos mineradores tiraram poder de mineração do Bitcoin para o Bitcoin Cash”, diz Velasques. “Mas isso é insustentável, pois no fim estavam queimando dinheiro para fazer a moeda dar certo”, diz.

Independência relativa

Além da concorrência entre os grupos, a disputa revelou também que a independência do mercado de Bitcoin, sua principal proposta quando criado, não é tão real na prática. “Vendo duas pessoas impactando o mercado como um todo, muita gente passou a questionar se esse mercado é descentralizado mesmo ou superconcentrado.”

Aversão a risco em geral

Com essa disputa e também o cenário de maior aversão a risco nos mercados durante novembro, que atingiu também as bolsas, o Bitcoin perdeu o nível dos US$ 6 mil e, nesse momento, muitos investidores, guiados pelos gráficos, saíram vendendo. A queda só parou quando a moeda chegou perto dos US$ 3.000, e depois se recuperou, subindo 20% mas mesmo assim terminou o mês em baixa de 38%.

Para Velasques, dificilmente a moeda voltará para os US$ 10 mil, quem dirá US$ 20 mil do começo do ano. “Tem um longo trabalho para reverter o gráfico semanal com topos e vales, e os repiques só mostraram topos descendentes”, diz.

O especialista lembra que todas as outras moedas virtuais são correlacionadas com o Bitcoin. E, pela menor liquidez, sobem ou caem mais que a principal moeda. O Etherium é a segunda moeda virtual mais negociada, seguida pelo Ripple, mas todos diretamente ligados ao Bitcoin.

Ninguém quer Bitcoin na baixa

Ele observa que, hoje, a procura pelas moedas virtuais é baixa, ao contrário do que ocorreu quando o Bitcoin disparou no ano passado. “As pessoas não compram os ativos quando eles estão caindo, o que seria mais lógico, mas quando estão subindo”, diz. “Deveriam estar comprando agora, não quando estava subindo 100% todo mês e todos queriam comprar”, diz. “Mas o psicológico das pessoas não deixa comprar na baixa”, diz.

Segundo Velasques, a gestora conseguiu evitar que os clientes tivessem uma perda maior com os Bitcoins. “Estamos com uma perda de 10% no mês, bem menos que o mercado, pela nossa gestão ativa”, diz. “Quando percebemos que a tendência era de baixa, passamos a apostar na queda, vendidos, e evitamos a perda de 37%”, diz.

Os fracos não têm vez com Bitcoin

Diante de tudo que aconteceu este ano, Velasques alerta que o investimento em Bitcoins e outras moedas virtuais não é para os fracos. “O Bitcoin varia em média 8% ao dia, o que quer dizer que quem investe tem de estar disposto a perder no mínimo 10% no mês, ou ganhar o mesmo percentual”, observa. “Se o investidor espera um ganho de 50%, tem de estar preparado para perder 50% em um mês”, diz, lembrando que quem comprou a moeda no começo do ano amarga um prejuízo de 70%.

Uma forma de minimizar isso é buscar casas que façam a gestão ativa de moedas, diz Velasques. “Tentamos minimizar isso, e estamos conseguindo, ainda estamos positivos este ano em 30%, diante da perda de 70% do Bitcoin”. Ele lembra que, nos Estados Unidos, já é possível se proteger da queda do Bitcoin em contratos futuros da CBOE e, no Brasil, algumas corretoras de valores já oferecem a opção de operar vendido na moeda virtual, ganhando quando ela cai.

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