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Santander reduz taxa de fundo de previdência para 1% e fará campanha para incentivar portabilidade; alvo são R$ 298 bi que pagam caro por renda fixa

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O Santander (BOV:SANB11), em parceria com a seguradora Zurich, vai começar uma campanha agressiva para conquistar uma parcela maior do mercado de previdência privada no país. Para isso, está reduzindo a taxa de administração de seus fundos de renda fixa de previdência para no máximo 1% ao ano, mesmo para valores menores, a partir de R$ 30,00. Hoje, esse público tem taxas de 2% ao ano no Santander.

Com isso, o banco quer tanto atrair novos investidores de menor renda quanto conquistar clientes de outras instituições que pagam caro para aplicar em previdência, com taxas que chegam a 3% ao ano, um percentual bastante alto para os níveis atuais de juros, de 6% ao ano e com tendência de queda. Para isso, o Santander quer divulgar e incentivar os investidores em previdência a usarem mais a portabilidade, que permite trocar de fundo e de gestor sem ter de sacar o dinheiro ou recomeçar a contagem de tempo do imposto de renda. O banco fará uma campanha na televisão e na internet para falar da portabilidade.

Exemplo do telefone

Basta transferir os recursos. “Queremos usar o exemplo da telefonia para mostrar como as pessoas podem fazer a mesma coisa com a previdência privada se não estiverem satisfeitas”, afirma Gilberto Abreu, diretor de Investimentos do Santander. “Tivemos mais de 50 milhões de portabilidades de números de telefones no Brasil, um número significativo para o total de aparelhos, e achamos que as pessoas agora tem de saber que podem fazer o mesmo com a previdência”, afirma.

Quase R$ 300 bilhões pagando caro pela gestão

Hoje, um grande número de investidores está aplicando em fundos de previdência com taxas altas em renda fixa, explica Marcelo Malanga, presidente da Zurich Santander. Dos R$ 854 bilhões investido em previdência privada até junho, R$ 734 bilhões estavam em fundos de renda fixa. Desse total em renda fixa, 41%, ou R$ 298 bilhões, estão em carteiras com taxas de administração acima de 1,2%. “A taxa média é de 1,8% ao ano nesses fundos mais caros, para um juro nominal de 6%”, diz. “Isso mostra falta de conhecimento e de acesso dos investidores a produtos alternativos mais baratos e rentáveis”, diz.

Portabilidade é de apenas 3% do total

Segundo Malanga, apesar da queda dos juros e de oportunidades de mudança de gestor, poucos investidores usam a portabilidade. A média de volume que trocou de gestor nos últimos cinco anos é de apenas 2,5% do total aplicado em previdência por ano. No ano passado, esse número cresceu um pouco, para 3%, em virtude do crescimento da concorrência de gestores independentes que lançaram carteiras de previdência privada oferecidas por plataformas de investimentos, como corretoras. “Mas a portabilidade ainda é marginal diante do tamanho do nosso mercado”, diz. Duas explicações para esse baixo volume de transferências pode ser que os mecanismos de portabilidade não são os ideais e dificultam a operação e que o conhecimento dos investidores em previdência privada ainda deixa a desejar.

Quatro grandes concentram 85% da previdência privada

A concentração do mercado de previdência privada também é grande, com 85% das reservas em apenas quatro grandes bancos de varejo. O número de participantes, porém, tem se mantido estável, em torno de 13 milhões de investidores desde 2015, chegando a 13,2 milhões em junho de 2019. Já o saldo tem crescido, de R$ 45 bilhões para R$ 65 bilhões, já descontada a inflação, o que mostra que os mesmos investidores aumentaram os aportes. A participação da previdência privada no PIB também é pequena em relação a outros países, atingindo 12% do PIB, para 20% da Colômbia, 68% no Chile, 85% nos Estados Unidos e 113% na Austrália. “Temos pouca consciência financeira, que estimule as pessoas a guardar para a previdência, pouco acesso a instrumentos financeiros para fazer essa poupança e taxas de administração altas, acima de 1%”, diz.

Momento propício para a previdência privada

Segundo Gilberto Abreu, o momento econômico é propício para a previdência privada por conta da reforma da Previdência, que aumenta o interesse pelo assunto. “Mais pessoas estão pensando em previdência privada”, afirma. A taxa de juros também deve ficar baixa por mais tempo, o que fará com que o cliente procure mais soluções para poupar. “Queremos fazer o mesmo que fizemos com as taxas de carregamento, de entrada e saída dos fundos de previdência no ano passado, quando acabamos com a cobrança e provocamos uma mudança em todo o mercado”, afirma. Hoje, os bancos não cobram mais taxas de carregamento, apesar de ainda haver instituições que cobram para fazer a portabilidade do cliente, diz Abreu.

Segundo ele, a estratégia fez o Santander passar para o terceiro lugar em captação, passando de 1,6% dos novos valores aplicados para 11,3%. “Agora queremos reposicionar as taxas do setor de previdência e mexer com o estoque de fundos de renda fixa”, diz.

Mais rapidez na portabilidade

Além de oferecer um fundo com taxa mais baixa, de 1% para valores menores, o Santander criou um sistema para acelerar o processo de portabilidade no banco. “Em 5 a 8 minutos o cliente pode pedir para o gerente trazer seu fundo de previdência de outra instituição para cá”, afirma. Depois disso, há um processo normal de cinco dias úteis em que o gestor antigo pode tentar convencer o cliente a ficar.

Investidor antigo do Santander também pode mudar

Abreu explica que os clientes que já estão investindo no Santander em fundos com taxas mais altas em renda fixa também poderão migrar para o fundo mais barato, de 1%. E clientes com valores maiores podem ter acesso a fundos mais baratos: a taxa mínima da renda fixa será de 0,5% ao ano. “Vamos considerar todas as aplicações do cliente no banco, não só previdência, para definir o custo do fundo”, diz.

Multimercados também com menor valor

Nas próximas semanas, o Santander vai também oferecer fundos diversificados, multimercados, geridos pela asset do banco, também a partir de R$ 30,00. Esses fundos, porém, terão taxas mais altas, por conta da gestão mais especializada. A aplicação será definida pelo perfil de cada cliente. “Não será possível aplicar fora do perfil de risco”, diz.

Multifundo para investidores de maior porte permite trocar fundos

Clientes com valores maiores, a partir de R$ 5 mil, poderão ainda ter acesso a multifundos de previdência, que permitem a livre escolha de fundos, inclusive de outros gestores que não o Santander. Nesse caso, o próprio cliente vai poder escolher onde aplicar o dinheiro na hora que quiser, apenas transferindo os recursos, sem precisar fazer uma portabilidade. “Pretendemos ter a plataforma de fundos de previdência aberta neste segundo semestre”, diz Abreu.

Simulador de rentabilidade

O banco terá ainda um simulador que permitirá ao cliente verificar a diferença entre o fundo que ele tem hoje e o do Santander, usando projeções para os mercados. O sistema não considera, porém, as tábuas atuariais dos fundos de previdência antigos, que podem ter vantagens sobre os fundos novos no período de desembolso.

Dono de planos antigos deve verificar tábua atuarial antes de trocar

A proposta do Santander é interessante e deve provocar reações do mercado de previdência, já que muitas casas ainda têm fundos com taxas de administração bastante altas. Mas o investidor em previdência de fundos mais antigos deve tomar um pouco de cuidado antes de migrar com relação às tábuas atuariais dos fundos. Carteiras antigas podem dar vantagens se o investidor quiser comprar uma renda vitalícia no fim do plano, pois trabalham com longevidades menores e valores de benefícios maiores.

Para fazer esse tipo de comparação, o ideal é usar o simulador de fundos de previdência da Superintendência de Seguros Privados (Susep), que permite analisar cada plano a partir de seu código e acompanhar os benefícios futuros. Se o interesse for apenas por juntar dinheiro, porém, sem se preocupar com a compra de renda, a questão da rentabilidade e custo será mais relevante.

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