Petróleo caminha para o pior trimestre da história

Os preços do petróleo estão em ritmo de registrar seu pior desempenho trimestral já registrado, enquanto a pandemia de coronavírus continua esmagando a demanda global por petróleo.

Uma crise de saúde pública significou que países ao redor do mundo tiveram que fechar efetivamente, com muitos governos impondo medidas draconianas no cotidiano de centenas de milhões de pessoas.

As restrições criaram um choque de demanda sem precedentes nos mercados de energia, aumentando a pressão sobre empresas e governos dependentes das vendas de petróleo.

Até o momento, mais de 787.000 pessoas contrataram o COVID-19 em todo o mundo, com 37.829 mortes, segundo dados compilados pela Universidade Johns Hopkins.

O petróleo Brent de referência internacional foi negociado a US$ 23,36 por barril na manhã de terça-feira, alta de mais de 2,6%, enquanto o oeste do Texas West Intermediate (WTI) ficou em US$ 21,26, mais de 5,8% a mais.

Os contratos futuros do Brent caíram para o nível mais baixo em 18 anos na segunda-feira e o WTI encerrou a sessão anterior abaixo de US$ 20, antes de ambos os benchmarks reduzirem algumas de suas perdas no dia final de negociação do primeiro trimestre.

Até o momento, os futuros do Brent caíram mais de 65% nos primeiros três meses de 2020, colocando a referência no caminho para registrar o pior trimestre da nossa história até 1990, de acordo com dados compilados pela CNBC.

O Brent também está no ritmo de registrar seu pior desempenho mensal de todos os tempos, abaixo de 54% somente em março.

Enquanto isso, os futuros do WTI caíram mais de 67% no primeiro trimestre, colocando-o no caminho para o pior desempenho trimestral de todos os tempos, quando o contrato começou a ser negociado em 1983.

O WTI também caiu mais de 55% no mês até o momento, também no ritmo do pior desempenho mensal de todos os tempos.

Capacidade de armazenamento que provavelmente atingirá seu limite até o meio do ano

O consumo de petróleo caiu pelo menos 25% em comparação aos níveis de 2019 de 100 milhões de barris por dia (b / d), de acordo com analistas do Eurasia Group, com severas restrições ao movimento global e maior parte do varejo em confinamento.

“Com a demanda em colapso, mas a oferta aumentando depois que a OPEP e a Rússia não afiliada não conseguiram chegar a um acordo de corte de produção no início de março, os estoques globais poderiam atingir sua capacidade máxima em semanas”, disseram analistas do Eurasia Group em uma nota de pesquisa publicada segunda-feira.

“Mesmo que a OPEP e outros produtores comecem a restringir sua produção novamente em breve, o excesso de oferta resultante do bloqueio global é tão grande que a capacidade de armazenamento provavelmente atingirá seu limite no meio do ano”, acrescentaram.

No início deste mês, o grupo de produtores de petróleo OPEP e seus parceiros aliados, às vezes chamados de OPEP +, não concordaram em estender os cortes de produção para além de 31 de março.

Isso levou a preocupações de um aumento no fornecimento a partir de 1º de abril, com a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos prometendo aumentar a produção.

Especialistas do setor alertaram que os planos de acelerar a produção podem levar a uma onda de falências e cortes de investimentos nos EUA, o que, por sua vez, teria um impacto perceptível na produção de xisto.

Na segunda-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, e o presidente da Rússia, Vladimir Putin, mantiveram conversas para discutir a atual guerra de preços de petróleo de Moscou com o chefe da Opep, a Arábia Saudita.

O Kremlin disse que Trump e Putin concordaram em ter suas principais autoridades de energia discutindo a estabilização dos mercados de petróleo.

Trump inicialmente saudou a declaração de uma guerra de preços entre a Arábia Saudita e a Rússia, saudando os preços mais baixos do petróleo como boas notícias para os consumidores dos EUA.