Os mercados brasileiros da soja e milho começam mais uma semana sendo beneficiados pelo dólar em alta frente ao real, porém, com um ritmo um pouco mais limitado de negócios. As referências de preços para a oleaginosa nos principais portos variam entre R$ 100,00 e R$ 102,00 por saca nas entregas mais curtas.

“Os compradores estão no mercado, mas há poucos negócios sendo reportados. Os produtores (que já comprometeram boa parte da safra atual) dizem querer esperar para ver o que vai acontecer, esperar pelo relatório de área nos EUA, e ficam mais retraídos agora”, explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting. “A semana, no Brasil, começa com um pouco mais de calmaria”, diz.

Complementando a análise, os pesquisadores do Cepea afirmam que “as elevações no Brasil estão atreladas à combinação de firmes demandas externa e doméstica, da alta nos preços futuros e do dólar elevado. Além disso, para combater o avanço do coronavírus, o governo argentino limitou o movimento nos portos do país, cenário que pode favorecer as vendas brasileiras de soja e derivados”.

No milho, ainda segundo o consultor, a situação é semelhante, embora os preços também sigam firmes e atrativos. A referência nos portos está próxima de R$ 46,50 por saca, mas os negócios ainda mais focados no mercado interno.

“No sul e sudeste o produtor está focado em concluir a colheita da soja e a indústria está abastecida até maio. Além disso, está chegando oferta de milho novo da safra de verão, então tudo isso faz com que o produto evite negócios novos agora”, explica o consultor.

As notícias ainda causam preocupação e redobram a atenção ao mercado internacional, aos traders no mundo todo, porém, na soja há certo otimismo bastante ligado às questões da demanda. Mais do que isso, a semana é cheia ainda para o mercado de grãos com os relatórios do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que chegam nesta semana.

Nesta terça-feira, 31 de março, serão reportados os estoques trimestrais e o boletim Prospective Plantings, com as primeiras projeções oficiais sobre a área de plantio nos EUA para a safra 2020/21.

“Se o mercado conseguir focar no aspecto fundamental, há chance das cotações internacionais tentarem se firmar mais um pouco. Enquanto as rotas e logística se mantêm intactas, a demanda deve continuar aparecendo até porque, apesar de ninguém admitir publicamente, está havendo um movimento de formação de estoques estratégicos de matéria-prima e alimentos por alguns países que dependem das importações para alimentar suas populações”, explica Steve Cachia, consultor da Cerealpar e da AgroCulte.

Ainda nesta segunda-feira (30), o mercado recebe o novo boletim semanal de embarques de grãos, também pelo USDA. “Por hora, de notícias ruins e pessimistas já estamos cheios e, portanto, é fundamental termos mais notícias de vendas novas para impedir uma reversão na tendência em Chicago”, completa Cachia.