A Ecorodovias (BOV:ECOR3) publicou hoje seus resultados prévios do movimento nas autoestradas e rodovias das quais é concessionária, no acumulado de janeiro até 14 de abril. A empresa teve recomendação de venda pelo Goldman Sachs, com preço-alvo de R$ 9,30 e o Bradesco BBI mantendo recomendação outperform com preço-alvo de R$ 14,00.
A ação da empresa encerrou o dia em forte queda de 5,24% oscilando entre R$ 9,96 e R$ 10,74, encerrando o dia sendo cotada a R$ 10,13. Em 2020, a empresa está tendo forte desvalorização de 36,87%.
Considerando o novo preço-alvo do Goldman Sachs, o papel teria um Downside de 13,81%
Segundo a empresa, circularam por suas rodovias 78,6 milhões de veículos pagantes em 2020, ante 85,2 milhões em igual período do ano passado, uma queda de -7,7%, que leva em conta a expansão da pandemia do coronavírus no Brasil, a partir de meados de março.
Considerando apenas no mês de março – movimento entre 16 de março e 14 de abril de 2020 – a queda foi bem maior, de -29,5%, para 16,7 milhões de veículos pagantes. A Ecorovias controla várias rodovias ao redor do Brasil, como a Imigrantes (SP), Ecocataratas (PR) e Ecoponte (RJ). Na semana de 8 de abril, a Ecorodovias registrou um tráfego nos pedágio 38% abaixo na comparação anual.
“O tráfego no Brasil foi sustentado por veículos pesados, que, em nossa opinião, podem ter diminuído na semana de 8 de abril devido ao feriado da Semana Santa. Em circunstâncias normais, o tráfego de automóveis de passageiros deveria compensar a desaceleração do tráfego pesado. Assim, esperamos que a queda no tráfego possa permanecer com uma queda de 30% na base anual durante o período de isolamento social no Brasil. Mantemos nosso recomendação outperform com um preço-alvo de R$ 14,00″, avaliam os analistas do Bradesco BBI.
A corretora Ágora rebaixou a empresa no dia 07 de abril, após acordo com MP do estado de SP que terá que devolver R$ 650 milhões, e também cortou o preço-alvo para R$ 14,00. Considerando o preço de fechamento de ontem, a ação tem um potencial de Upside de 29,75%.
O argumento da Ágora para reduzir o preço-alvo, de R$ 15 para R$ 14, é seu impacto sobre o Valor Presente Líquido (VPL) da ação. Totalizando R$ 638 milhões, o acordo envolve descontos em pedágios, investimentos adicionais e desembolso de caixa.
Já a XP Investimentos manteve o preço-alvo de R$ 14,8 por ação, com recomendação de compra. A XP destaca o lado “positivo” do episódio: a eliminação de um “potencial peso das ações, relativo à incerteza dos procedimentos futuros”.
Acordo com MP do estado de SP
A concessionária Ecovias celebrou, nesta segunda-feira (6), um acordo com o Ministério Público do Estado de São Paulo (MPSP), em que se compromete a investir R$ 650 milhões em obras, redução de pedágio e devolução ao erário, como forma de reparação pelo seu envolvimento com atividades ilegais.
A empresa é controlada pelo grupo EcoRodovias, e desde 1998 administra o sistema Anchieta-Imigrantes, que liga São Paulo à Baixada Santista.
De acordo com o MP, a irregularidade foi praticada durante uma licitação para concessão rodoviária. O Ministério Público afirma que a empresa tenha financiado de forma irregular candidaturas eleitorais, realizado o pagamento de propinas e participado da formação de cartel.
Conforme esclareceu a assessoria de imprensa do MPSP, ao reconhecer os atos de corrupção e concordar com os termos do Acordo de Não Persecução Cível (ANPC), a Ecovias fica desobrigada de responder futuramente, na Justiça, a processos que tratem dos ilícitos e livre de sanções administrativas relativas ao caso.
Com a assinatura do ANPC, a Ecovias deverá promover melhorias na Rodovia Anchieta, no valor de R$ 450 milhões. O corredor é um dos principais pontos de escoamento de produtos da América Latina.
Pelo acordo, a Ecovias se responsabiliza também a construir cerca de dois quilômetros de via nas proximidades do Complexo Viário Escola de Engenharia Mackenzie, em São Paulo, e reduzir em 10% o pedágio nas praças de Riacho Grande e Piratininga, entre 21h e 5h.
As novas tarifas irão valer a partir de 90 dias, contados após a homologação do acordo, e a economia com a diminuição da quantia totalizará R$ 150 milhões. Em setembro de 2019, uma medida semelhante foi adotada, com a oficialização de acordo entre a força-tarefa da Operação Lava Jato, a Ecovia e a Ecocataratas, também pertencente ao grupo da EcoRodovias.
O acordo estabelece, ainda, que a concessionária devolva aos cofres públicos R$ 36 milhões, divididos em seis parcelas. Paralelamente, irá desembolsar R$ 2 milhões para o Fundo de Interesses Difusos e R$ 12 milhões na forma de multas adicionais.