A Equatorial Energia (BOV:EQTL3) sinalizou interesse em outros negócios além do setor de eletricidade ao aprovar uma reforma estatutária na semana passada, o que segundo analistas deve abrir caminho para que a empresa se torne veículo também para investimentos em saneamento.

Uma assembleia de acionistas da Equatorial na sexta-feira aprovou alteração no estatuto para definir que a empresa poderá atuar “em outros setores” além de apenas na indústria de energia elétrica e “atividades correlatas”, como previsto anteriormente.

Em nota a clientes nesta segunda-feira, analistas do Credit Suisse disseram que o movimento é “levemente positivo” para as ações da companhia.

“A mudança no estatuto provavelmente se refere a uma potencial parceria para investir no setor de saneamento, mas ainda mantendo o setor elétrico como atividade principal”, escreveram.

A iniciativa da Equatorial ainda vem em momento em que o Brasil acaba de aprovar um novo marco legal para o setor de saneamento, que segundo especialistas deve levar ao aumento da presença da iniciativa privada no setor, que hoje depende praticamente de entes estatais.

“A empresa tem tudo para se tornar um colosso no oceano de oportunidades que o segmento de saneamento tem a apresentar na próxima década”, escreveu o analista Vitor Sousa, da Genial Investimentos, em comentários no Twitter nesta segunda-feira.

Procurada, a Equatorial disse que não iria comentar o novo estatuto ou o interesse em novos ramos de negócios.

Mas executivos da companhia admitiram o interesse pelo setor de saneamento no final de junho, durante teleconferência com investidores, quando disseram que a Equatorial avaliava disputar o leilão de privatização da Companhia de Saneamento do Alagoas (Casal) neste ano.

A Equatorial já possui operações de distribuição de eletricidade em Alagoas, após ter comprado uma concessionária da Eletrobras privatizada em 2018.

“Saneamento é naturalmente um segmento muito atrativo e estamos olhando, sim. A gente tem obrigação”, disse o presidente da Equatorial, Augusto Miranda, após pergunta de um analista sobre possível interesse na licitação da Casal durante a teleconferência, em 30 de junho.

Na ocasião, Miranda afirmou ainda que a aprovação do marco do saneamento destravou um antigo interesse da Equatorial pelo segmento.

Antes, em julho do ano passado, a Equatorial havia indicado em apresentação a investidores que sua estratégica de crescimento futuro poderia passar também por telecomunicações e outras áreas relacionadas.

A Equatorial é uma corporação sem controlador definido, que tem como principais acionistas empresas de investimentos e fundos, como Squadra Investimentos, Opportunity, BlackRock e Canada Pension Plan (CCIPB), que passou a ser sócio em março de 2019.

A companhia especializou-se nos últimos anos em adquirir concessões de distribuição de energia em dificuldades, em geral por preços simbólicos, para posterior recuperação das companhias.

Essa estratégia poderia ser replicada com sucesso na indústria de saneamento, disse Sousa, da Genial.

“Imagino que uma industria de saneamento com mais de 90% das concessões nas mãos de estatais deva ser um oceano de oportunidades para um dos mais famintos tubarões do setor elétrico brasileiro”, afirmou ele no Twitter.

Analistas do BTG Pactual também comentaram sobre os possíveis ganhos da Equatorial com a expansão para o novo setor ao avaliar a proposta de mudança estatutária em um relatório ainda no final de junho.

“Não devemos nunca subestimar a capacidade da Equatorial de encontrar novos meios de alocar capital… parece que a companhia está se preparando para entrar no negócio de saneamento, onde provavelmente veremos muitas oportunidades começando a aparecer após a aprovação do projeto (do novo marco regulatório)”, escreveram.

A Equatorial, que mais recentemente expandiu os investimentos também para transmissão de energia, teve lucro líquido de 440 milhões de reais no primeiro trimestre deste ano, com alta de mais de 100% frente ao mesmo período do ano anterior.