O papel da Via Varejo (BOV:VVAR3) fechou em alta de 7,35%, cotado a R$ 21,17, a maior alta do Ibovespa ontem. O volume negociado foi de R$ 2,4 bilhões, o maior do pregão, superando o da Petrobras.

A Via Varejo, maior rede de produtos eletroeletrônicos do país e dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, informou ontem, em sua conta oficial no Twitter, aumento expressivo nas vendas de maio e junho, em relação a igual período do ano passado. A publicação, feita às 9h47, foi apagada cerca de uma hora depois. Tempo suficiente para gerar reação forte na bolsa, em dia de vencimento de opções de ações. O movimento chamou a atenção da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que abriu um processo para investigar o caso.

A CVM confirmou a abertura do processo e observou que as empresas “devem divulgar nas redes sociais, assim como em qualquer outro meio ou documento, informações verdadeiras, completas, consistentes e que não induzam o investidor a erro.”

A Via Varejo divulga balanço do segundo trimestre em 12 de agosto. A empresa é um dos maiores destaques do Ibovespa em 2020, com alta de 90% no ano.

No Twitter, a empresa publicou um texto introdutório afirmando que “o isolamento causou diversas mudanças na rotina da casa” e por consequência, houve um aumento nas vendas de alguns itens que “podem mostrar como será o novo normal”. Em seguida, informa em seis mensagens aumentos de mais de 2.500% nas vendas de jogos e câmeras, de 1.900% em TVs e de 1.400% em material de informática e de escritório.

Em eletrodomésticos, disse a Via Varejo, os itens mais vendidos são fornos e fogões (cerca de 750%), geladeiras e lavadoras (ambos com mais de 300%), em comparação ao período de maio e junho de 2019. Procurada, a empresa não comentou o assunto.

Três operadores chamaram ontem atenção para o fato de se tratar de um dia de vencimento de opções de ações da companhia – as opções estavam entre as 20 de maior volume no dia. Movimentos fortes no papel no mercado à vista e informações sobre desempenho, a ser declarado futuramente em balanço financeiro, afetam o interesse dos investidores que têm opção de comprar ou vender o papel por preços previamente determinados.

Ao longo do pregão, as seis mensagens da Via Varejo repercutiram entre gestores e analistas, e acabaram sendo comemoradas pelos investidores que apostam na alta dos papéis da companhia. Os mais cautelosos em relação ao desempenho da varejista questionaram a publicação em redes sociais, cogitando eventuais reações da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).

Matéria do Valor econômico disse que que segundo fontes, um dos departamentos da empresa tinha os dados de vendas em mãos e decidiu publicá-los. A empresa e outras varejistas do setor encaminham toda semana seus números de vendas à consultoria GfK, normalmente às segundas-feiras. Alguns desses dados também fariam parte de reportagens sobre a rede. Nos últimos meses, a empresa vem divulgando informações em “lives” e em entrevistas à imprensa ressaltando a boa fase do negócio. A Via Varejo vem recuperando participação de mercado, mesmo após a pandemia, segundo a GfK.

Desde a mudança na gestão – há cerca de um ano, com a venda do controle ao empresário Michael Klein e um “pool” de fundos – é o terceiro processo aberto na CVM envolvendo a companhia. Foram dois abertos pela própria CVM, incluindo o de ontem, e um por um investidor, já arquivado. Na gestão do GPA, de 2009 a 2019, foram 9 processos.

O segundo processo, de 9 de junho, foi instaurado após a imprensa publicar que a empresa negociava o sindicato de bancos para a sua oferta com alguns dos mesmos bancos que aceitaram alongar a sua dívida. A empresa confirmou a informação.

Entre abril e maio, a CVM enviou dois oficios à empresa sobre a publicação de dados de investimentos e vendas em “lives”. A CVM queria saber se caberia a divulgação do chamado “fato relevante” e a companhia argumentou que não se tratavam de informações que poderiam afetar a ação, por isso não caberia a comunicação. Posteriormente, ela acabou publicando um comunicado com as informações.

Fonte Valor Econômico