O UBS reforça o coro de instituições que preveem mais estímulos do Banco da Inglaterra na próxima semana, em meio a crescentes sinais de fraqueza no mercado de trabalho do Reino Unido.
As autoridades monetárias vão aumentar a meta de compra de ativos em 100 bilhões de libras (US$ 130 bilhões), segundo projeção de estrategistas do banco suíço, que compartilham a expectativa com o Royal Bank of Canada e Nomura International.
A decisão do BOE, prevista para 5 de novembro, ocorreria logo após o término no sábado do atual programa de demissões temporárias do Reino Unido.
Um relatório da Resolution Foundation na quarta-feira destaca o desafio enfrentado por autoridades ao tentar combater a segunda onda de coronavírus com restrições localizadas, ao mesmo tempo que evitam um novo aumento do desemprego.
“A verdadeira natureza da crise de empregos do Reino Unido começa a se revelar”, disse Kathleen Henehan, pesquisadora da Resolution. “É preocupante que menos da metade das pessoas que perderam seus empregos durante a pandemia tenham conseguido encontrar trabalho desde então.”
Uma porcentagem semelhante de trabalhadores negros, asiáticos e de minorias étnicas também foi demitida. Apenas 30% dos jovens que foram demitidos conseguiram encontrar um novo emprego, disse o think tank na quarta-feira.
Do lado fiscal, o ministro das Finanças do Reino Unido, Rishi Sunak, anunciou novas medidas de apoio que são menos generosas do que as oferecidas no segundo trimestre, e o desemprego começa a subir.
Kirstie Donnelly, responsável do centro de treinamento City and Guilds, pediu 60 milhões de libras ao governo para financiar programas que ajudem trabalhadores a mudarem de área.
A ideia é “realmente ajudar as pessoas a entenderem quais são suas habilidades, quais são transferíveis e como podem transferi-las de um setor para outro”, disse em entrevista.
De todas as pessoas colocadas em licença, cerca da metade retornou ao trabalho em tempo integral, enquanto 30% permanece em licença parcial e 10% está desempregada, segundo a Resolution.
Os resultados indicam que a taxa de desemprego atingiu 7% em setembro, e chega a 20% entre pessoas de 18 a 24 anos, o que significa que o Reino Unido enfrenta o maior desemprego juvenil em quatro décadas.
Trabalhadores autônomos também foram duramente atingidos, e mais da metade agora ganha menos do que antes da crise. Segundo a Resolution, o apoio do governo tem sido “mal direcionado”. Um em cada seis autônomos que pediram ajuda do governo não teve perda de renda, enquanto meio milhão de desempregados não receberam auxílio.
Outro relatório mostrou que, no entanto, empregadores estavam mais confiantes quanto às contratações no terceiro trimestre. Uma pesquisa da Confederação de Recrutamento e Emprego mostrou que os empresários estavam mais otimistas do que no período anterior, mas ainda mais pessimistas do que no início do ano, antes da chegada do coronavírus.