A tensão aumenta entre os Emirados Árabes Unidos e aliados na Opep+, nos bastidores, autoridades questionam os benefícios de fazer parte da aliança dos produtores de petróleo e até avaliam se devem deixá-la.
Os Emirados Árabes Unidos não disseram publicamente que questionam sua participação, muito menos que planejam sair. E autoridades falaram com a mídia sob a condição de não serem identificadas, dando margem de manobra caso queiram se distanciar dos comentários posteriormente.
A postura é atípica, porque os Emirados Árabes Unidos – o maior produtor da Opep depois da Arábia Saudita e do Iraque – há muito tempo evitam confrontos públicos, preferindo resolver as disputas discretamente, a portas fechadas.
Não está claro se o alerta tem como objetivo forçar uma negociação sobre os níveis de produção com os líderes da Opep+, a Arábia Saudita e a Rússia, ou se representa um debate político genuíno. Qualquer decisão de deixar a Opep necessitaria da aprovação de Mohammed bin Zayed, que de fato comanda os Emirados Árabes Unidos, e do príncipe herdeiro de Abu Dhabi.
O grupo precisa decidir nas próximas duas semanas se vai seguir com o aumento da produção em janeiro conforme estipulado no acordo, ou adiá-lo. Até o momento, Riad e Moscou sinalizaram que estão preparados para adiar o aumento, pois o coronavírus continua a minar a demanda por energia.
A Energy Intelligence informou anteriormente que os Emirados Árabes Unidos avaliam os prós e os contras da adesão à Opep. Nenhum representante estava disponível para comentar no Ministério do Petróleo.
A produção diária dos Emirados Árabes Unidos é limitada a 2,59 milhões de barris até o final do ano. Após esse período, subiria para 2,74 milhões se a Opep+ decidir não adiar o aumento. O país bombeou 3,4 milhões de barris por dia em março, um recorde mensal, e tem capacidade para produzir cerca de 4 milhões por dia.