O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15) apresentou alta de 1,06% em dezembro e fechou o ano de 2020 com aumento de 4,23%. O resultado, divulgado hoje (22) pelo IBGE, é o maior acumulado no ano desde 2016 (6,58%). Em 2019, o acumulado do IPCA-15 foi de 3,91%.

O índice de dezembro foi 0,25 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de novembro (0,81%), o que significa a maior variação mensal desde junho de 2018 (1,11%). Em dezembro de 2019, o IPCA-15 foi de 1,05%. Já o IPCA-E (acumulado trimestral do IPCA-15) do último trimestre de 2020 foi de 2,84%.

Dentre os grupos pesquisados, apenas Vestuário apresentou queda em dezembro: -0,44%. A maior variação (2%) e o maior impacto (0,42 p.p.) ficaram, novamente, com o grupo Alimentação e bebidas, que encerrou o ano com alta acumulada de 14,36%, a maior para um ano desde 2002, quando registrou 18,11%.

A alta foi impulsionada pelo aumento dos alimentos para consumo no domicílio (2,57%), com destaque para carnes (5,53%), arroz (4,96%) e frutas (3,62%). A batata-inglesa (17,96%) e o óleo de soja (7,00%) também subiram de preço na prévia da inflação de dezembro, mas apresentaram desaceleração na comparação com novembro, quando registraram altas de 33,37% e 14,85%, respectivamente. Entre as quedas no grupo, os destaques foram o tomate (-4,68%), o alho (-2,49%) e o leite longa vida (-0,74%).

Ainda no mesmo grupamento, a alimentação fora do domicílio passou de 0,87% em novembro para 0,58% em dezembro, influenciada pela queda do lanche (-0,11%), cujos preços haviam subido 1,92% no mês anterior. Já a refeição foi em sentido contrário: aumento de 0,86%, contra 0,49% em novembro.

A segunda maior variação do IPCA-15 de dezembro veio do grupo Habitação (1,50%), contribuindo com 0,23 p.p. no índice, a principal influência do grupo foi a alta do item energia elétrica (4,08%), puxada pela volta da bandeira vermelha patamar 2 (com acréscimo de R$ 6,243 a cada 100 quilowatts-hora consumidos) após dez meses consecutivos de bandeira verde (em que não há cobrança adicional na conta de luz). As variações no item foram desde o 1,31% de Belém até os 6,92% de Goiânia, onde houve reajuste de 2,57% nas tarifas no dia 22 de outubro. Outro local com reajuste foi Porto Alegre (6,05%), com alta de 6,58% em uma das concessionárias, válido desde 22 de novembro.

Ainda em Habitação, o resultado de 0,22% da taxa de água e esgoto vem do reajuste de 3,04% nas tarifas em Belo Horizonte (1,97%), vigente desde 1º de novembro. Já a alta de 1,80% gás encanado é consequência do reajuste de 6,25% nas tarifas do Rio de Janeiro (6,25%), aplicado a partir de 24 de novembro, mas retroativo a 1º de novembro por conta de uma decisão judicial.

O grupo de Transportes (1,43%) apresentou o segundo maior impacto (0,29 p.p.) no IPCA-15 de dezembro, acelerando em relação a novembro (1%). A maior contribuição (0,14 p.p.) veio das passagens aéreas, que subiram 28,31%. Além disso, os combustíveis (2,40%) registraram aumento frente a novembro, com destaque para a gasolina (2,19%) e o etanol (4,08%). Nas quedas, destaque para o recuo de 0,25% em ônibus urbano, graças à redução de 3,19% no preço da passagem em Porto Alegre (-3,19%), vigente desde 9 de novembro e não incorporada no IPCA-15 de novembro.

Em virtude da coleta extraordinária de preços realizada no período de referência do IPCA-15 de dezembro, em Educação (0,34%), o maior impacto (0,02p.p.) veio dos cursos regulares (0,44%). Os demais grupos pesquisados ficaram entre o 0,03% (Saúde e cuidados pessoais) e 1,35% (Artigos de residência).

Todas as regiões tiveram alta em dezembro

Quanto aos índices regionais, todas as regiões pesquisadas apresentaram alta, sendo o menor resultado registrado por Brasília (0,65%), principalmente em função da queda de 0,62% nos preços da gasolina, e o maior em Porto Alegre (1,53%), por conta das altas em energia elétrica (6,05%) e carnes (6,89%).

Para o cálculo do IPCA-15, os preços foram coletados entre 13 de novembro e 11 de dezembro de 2020 (referência) e comparados aos vigentes entre 14 de outubro e 12 de novembro de 2020 (base). O indicador refere-se às famílias com rendimento de 1 a 40 salários-mínimos e abrange as regiões metropolitanas do Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte, Recife, São Paulo, Belém, Fortaleza, Salvador e Curitiba, além de Brasília e do município de Goiânia. A metodologia utilizada é a mesma do IPCA, a diferença está no período de coleta dos preços e na abrangência geográfica.

(Com informações do IBGE)