Admita, você leu o título desta matéria e já pensou naquele BBB badalado, que todo mundo adora. Olha, não é mera coincidência, afinal o BBB de que vamos tratar agora também é agitado e dá o que falar. Quer ver as semelhanças?

Aquele programa noturno que você não perde um dia sequer reúne em um único lugar perfis bem diferenciados que passam por grandes provações. Claro que, durante todas as fases e provas, o público fica vibrando, torcendo a favor ou contra e até mesmo dando sua contribuição para o programa acontecer. Mas o legal mesmo é espionar essas pessoas, ver sua intimidade, o que elas fazem, como pensam, divertir-se com as brigas entre elas, os romances, as peripécias, as festas…

Falando assim, dá para perceber que tem mesmo tudo a ver com o nosso BBB que vamos tratar aqui: nossa B3, cujos “Bs” significam Brasil, Bolsa, Balcão (BOV:B3SA3). Nela, acontece tudo isso que falamos anteriormente e muito mais.

Afinal, você também faz questão de acompanhar ela todos os dias e bem de perto, não é mesmo? Assim como naquele BBB, na B3 você se cadastra uma única vez e pode votar – ou melhor, investir – sempre. Ela reúne empresas dos mais diferentes perfis (setores e segmentos de atuação), que encaram provas diárias de força e resistência em um mercado cheio de reviravoltas, mas também de oportunidades.

Nela tem muito torcedor, que fica vibrando pela alta e pela baixa, porém tem ainda aqueles que dão sua contribuição investindo com bom senso e estratégia. No fim do programa, ou da sessão, sempre tem aqueles que batem palmas para quem mais ganhou e que choram junto com quem saiu da casa perdendo. Também tem até troca de olhares e fusões estratégicas entre as empresas.

Mas não é só de companhias que é composta a nossa B3, apesar de ser a primeira coisa que vem à mente quando falamos seu nome. Ela própria é uma empresa e tem ações negociadas sob o ticker B3SA3. Portanto, vamos dar uma espiada melhor e conhecer a intimidade por dentro desse BBB.

Primeiro, conhecendo os participantes

Embora atualmente a gente saiba que no Brasil só existe uma única Bolsa de Valores, a B3, vale dizer que a casa era muito mais movimentada antigamente, e esse antigamente é bem antigamente mesmo, desde o Período Colonial. Isso porque cada Estado brasileiro tinha sua Bolsa própria, criada ainda em meados de 1800. Até o começo de 1960, as 27 Bolsas brasileiras eram controladas pelas suas respectivas Secretarias de Finanças Estaduais. A partir de 1965 elas se tornaram autônomas, ou seja, desvincularam-se do governo.

Porém, duas dessas Bolsas se destacavam: a do Rio de Janeiro (BVRJ – sendo a mais antiga, criada em 1820) e a de São Paulo (um protótipo do que chamamos hoje a Bovespa, sendo criada em 1890). No ano 2000, praticamente o mercado de ações inteiro era comandado pelas duas e aconteceu igual naquele outro BBB: diversos participantes resolveram se unir a esses líderes.

No mesmo período, a Bovespa acabou se tornando a principal e incorporando o mercado inteiro de ações brasileiro, além das negociações com títulos privados e títulos da dívida pública. A Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F), que entra agora na casa, também se integrou à Bovespa, possibilitando negociar contratos de mercadorias (commodities), derivativos à vista para pagamento futuro. A Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos (Cetip) foi outra que se juntou à líder.

No fim, aquela que aos poucos trouxe para perto aliados e concorrentes acabou sendo a vencedora: a B3 como a conhecemos hoje.

Prova do líder

Por ser a única Bolsa do Brasil, a concorrência direta da B3 é zero, o que torna B3SA3 um grande atrativo. E justamente por integrar em si todas as companhias de capital aberto, a B3 precisa dar o exemplo como a líder, portanto ela se inclui dentro do maior nível de governança, o Novo Mercado, e aparece também no seu principal índice: o Ibovespa, composto das companhias mais negociadas e com maior valor de mercado. Até fevereiro de 2021, B3SA3 correspondia a 5,5% da carteira total do Ibovespa, e a empresa registrava um valor de mercado de R$ 130 bilhões.

Mas afinal, como é que a B3 ganha dinheiro, além das taxas cobradas nas negociações feitas dentro da Bolsa? Como empresa, a B3 oferece uma gama imensa de produtos e serviços. Segundo a página institucional dela, o portfólio está assim distribuído:

  • Soluções de sistemas e serviços para os mercados de ações, derivativos de ações, financeiros e de mercadorias, títulos de renda fixa, cotas de fundos, títulos públicos federais e moedas à vista;
  • Dentro de produtos listados, é oferecido serviço de listagem e de Depositária Central para os ativos negociados, bem como distribuição de dados relacionados a esses mercados;
  • No mercado de balcão, é oferecida a infraestrutura para registro de instrumentos financeiros por bancos e derivativos customizados, assim como para o registro e depósito de títulos de dívida corporativa;
  • Para a cadeia de financiamento de veículos e imóveis, são oferecidos produtos e serviços que aceleram o processo de análise e aprovação de crédito em território nacional;
  • Ela ainda oferece, segundo dados de sua Apresentação Institucional, plataformas, conexões, acesso e serviços de tecnologia, dados e relatórios analíticos de todos os segmentos.

Ou seja, até quem não investe diretamente na B3 já teve algum contato um dia, como quando foi financiar um veículo, já que companhia opera o Sistema Nacional de Gravames (SNG). É por essas e outras que a B3 é considerada uma empresa de serviços financeiros diversos, mas também de tecnologia.

Paredão

Essa é a parte favorita de quem assiste àquele BBB, e é também a de quem deseja saber por que investir em B3SA3. No nosso paredão aqui, vamos analisar os prós e os contras desse papel para você decidir se entra, mantém ou manda embora da sua carteira.

Alguns pontos positivos já começaram a ser ditos anteriormente: a companhia não possui concorrentes diretos, oferece diversos produtos e soluções não apenas no mercado de ações, mas no financeiro em geral e faz parte do nível mais rígido de governança. É por isso também que o Conselho de Administração da B3 é composto de executivos independentes, que não estão ligados a esses maiores acionistas da empresa, portanto, são imparciais.

Vale dizer que o capital social da B3 é pulverizado, isto é, a companhia não possui um acionista controlador. O Capital Research Global Investors, uma empresa norte-americana de serviços financeiros, detém 8,8% de participação na B3. O segundo maior acionista são fundos administrados pela gestora Blackrock, com 4,4% de participação. O restante do capital social segue todo fragmentado pelo mercado. Dessa forma, tem ação para todo mundo.

Por falar em ação, quem gosta de lucrar com a valorização do papel encontra em B3SA3 um bom atrativo para tirá-lo de vez desse paredão. Veja o gráfico a seguir:

Fonte: Análise da empresa. 

Pegando como exemplo um tempo recente, em março de 2018, se você tivesse investido R$ 10 mil em B3SA3, um ano depois teria pouco mais de R$ 12 mil. No mesmo mês de 2020, já no começo da pandemia assolando o mercado inteiro, você teria acumulado R$ 13,4 mil. Porém, apenas um trimestre depois o valor já estaria em R$ 23,7 mil. Para ficar ainda mais fácil de perceber esse crescimento, vamos comparar B3SA3 com o desempenho do Ibovespa no mesmo período:

Obs.: a última cotação data de 5 de fevereiro de 2021.

=> Veja a cotação de B3SA3 neste momento.

Perceba o salto recente que o papel teve durante apenas esses poucos anos de comparativo. Já para quem gosta de ver o papel retornar ainda mais com o pagamento de proventos, vale dizer que B3SA3 está entre as ações que mais pagam dividendos no mercado brasileiro. Para 2021, B3SA3 está com um dividend yield projetado de 3,11%, segundo a Economatica.

=> Dividendos 2021: confira as 24 empresas com o maior potencial de retorno no ano. 

Outros números da empresa também animam. O patrimônio líquido – que corresponde à riqueza da organização, ou seja, o que realmente pertence aos acionistas – vem crescendo consistentemente nos últimos anos, e em fevereiro de 2021 estava positivo em R$ 25 bilhões. Já a margem líquida batia 41%, acima da média ideal, que é de 21%.

=> Veja uma análise completa dos principais indicadores fundamentalistas de B3SA3.

Na Prova do Anjo, ganha uma “meia imunidade” a entrada consistente de novos investidores na B3. Como um dos faturamentos da empresa também é proveniente das negociações realizadas, mais gente significa mais dinheiro, certo?

No primeiro semestre do ano passado já havia uma alta de 68% de novos investidores no comparativo com o mesmo semestre de 2019, movimento explicado pela queda da Selic, a taxa básica de juros, que ocorre desde 2016 e torna a renda variável mais atrativa. Atualmente, ela está em 2%, o menor nível histórico já registrado.

Porém – e agora vem o porquê da “meia imunidade” –, com mais brasileiros na Bolsa, a movimentação gera consequentemente uma alta das ações, o que faz com que o investidor estrangeiro comece a comparar os valores dos ativos daqui com outros do mercado, muitas vezes optando por depositar capital lá fora.

Em momentos de crise, como a da pandemia, as Bolsas recebem grande impacto das flutuações do mercado, mas nem por isso elas param de faturar. Entretanto, se o cenário é conturbado, envolvendo muitas questões fiscais, econômicas e políticas, países emergentes mais bem estruturados acabam levando a melhor e recebendo mais capital estrangeiro. Menos negociação significa menor receita.

Outro fator que impacta muito a B3 é a forte ligação da empresa com a situação econômica doméstica. Só para você entender, um dos braços de operações, a parte de financiamento de veículos, teve expressiva queda durante a pandemia. Afinal, pouca gente estava com recurso sobrando para investir em carro nem via isso como uma prioridade, porque o isolamento em virtude da pandemia fez com que as pessoas não precisassem se preocupar com transporte.

Portanto, a análise é profunda, mas é sempre você de casa quem decide esse jogo de compra ou não compra, mantém ou descarta.

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E então, gostou de conhecer esse nosso BBB do mercado financeiro? Você vota a favor ou contra B3SA3? Conta para a gente aqui nos comentários e não se esquece de compartilhar o conteúdo com seus amigos. Afinal, sempre é bom ficar “de olho no BBB” e em todas as empresas do mercado. Para isso, continue sempre com a ADVFN!