A Via Varejo, dona das Casas Bahia e do Ponto Frio, reverteu o prejuízo de R$ 1,4 bilhão registrado em 2019 e reportou um lucro líquido de R$ 1,4 bilhão em 2020.

Os resultados da Via Varejo (BOV:VVAR3) referentes suas operações do quarto trimestre de 2020 foram divulgados no dia 02/03/2021. Confira o Press Release completo!

⇒ Confira a agenda completa da divulgação dos resultados do 4T20 e referente ao ano de 2020. Confira a cobertura completa de todos os balanços referente ao ano de 2020 das empresas negociadas na B3.

Entre janeiro de dezembro, a receita líquida atingiu R$ 28,9 bilhões, um acréscimo de 12,7% frente ao ano anterior.

4T20

No 4T20, a Via Varejo registrou lucro líquido de R$ 336 milhões no quatro trimestre de 2020, revertendo o prejuízo de R$ 875 milhões visto no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impulsionado por uma “transformação digital” acelerada pela pandemia de coronavírus, segundo a companhia.

O montante inclui efeitos não recorrentes, como créditos fiscais e previdenciários, que totalizaram R$ 127 milhões no período. Ao desconsiderar o montante, os ganhos seriam de R$ 209 milhões.

Pela tabelas de ajustes e conciliação do material publicado, a companhia considerou no quarto trimestre R$ 447 milhões em créditos tributários — um ano antes, os créditos foram de R$ 12 milhões.

Desses R$ 447 milhões, a maior parte (R$ 290 milhões) refere-se a “créditos de subvenção”, que são benefícios fiscais de redução do ICMS. Desses créditos de R$ 447 milhões, a Via Varejo descontou R$ 271 milhões de provisão de contingências e R$ 48 milhões como “outros”, reduzindo para R$ 127 milhões o valor não recorrente.

Esses R$ 127 milhões entram no resultado contábil, e portanto, no lucro líquido do quarto trimestre de R$ 336 milhões.

Ao se desconsiderar os R$ 127 milhões, o lucro operacional atinge R$ 209 milhões de outubro a dezembro, versus R$ 78 milhões um ano antes, alta de 168%.

Avanço no online

O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado passou de um resultado negativo de R$ 35 milhões de reais para um positivo de R$ 545 milhões, com a margem ajustada evoluindo de -0,5% para 5,8%.

A receita líquida foi de R$ 9,47 bilhões, um avanço de 24,4% ante o mesmo período de 2019.

A companhia registrou ainda margem bruta de 30,5%, aumento de 1,4 ponto percentual (p.p.) no comparativo anual.

As vendas brutas totais (GMV, na sigla em inglês), que leva em conta o comércio eletrônico e as lojas, alcançaram R$ 12,6 bilhões no último trimestre do ano, alta de 31,4% no comparativo anual.

A receita bruta consolidada da Via Varejo cresceu 27%, para R$ 11,3 bilhões, ante o quarto trimestre de 2019, impulsionada pelo forte desempenho do on-line, que alcançou receita de R$ 3,8 bilhões nos últimos três meses de 2020, um avanço de 112% quando comparado a igual de período de 2019.

O aumento é fruto das melhorias nos prazos de entrega, da maior assertividade comercial, e, principalmente, pela “robusta” base de clientes e ganhos de participação de mercado, segundo relatório da companhia.

Ao final de dezembro, mais de 70% dos clientes que realizaram compras on-line usaram os aplicativos para “mobile” oferecidos pela rede. O número de usuários ativos mensais (MAU) mais que dobrou em relação ao patamar registrado, em 2019, e alcançou quase 14 milhões ao final de dezembro.

Por outro lado, a receita das lojas físicas avançou em ritmo menor, 5,6% no período, para R$ 7,5 bilhões.

A receita bruta das vendas em mesmas lojas — abertas a mais de 12 meses — cresceu 6,1%, avanço de 8,3 p.p. em relação ao mesmo intervalo de 2019.

As restrições de horários e funcionamento em algumas regiões, por conta do cenário de pandemia, impactaram o desempenho das lojas físicas no trimestre.

“Mesmo assim, apresentamos um crescimento positivo nas vendas mesmas lojas de 6,1% no quarto trimestre e aumento total de vendas de 5,6%. Dando continuidade a estratégia de otimização do portfólio iniciada no terceiro trimestre, realizamos o fechamento de 32 lojas e abertura de 20 lojas no período”, complementou a empresa.

O grupo fechou 2020 com uma rede de 1.052 lojas, 19 a menos do que um ano antes.

Para este ano, o plano da Via Varejo, que vem fazendo a integração das estruturas física e virtual para permitir por exemplo que clientes retirem nas lojas produtos comprados pela internet, é abrir pelo menos 120 lojas físicas, com ênfase em cidades do Norte e Nordeste do país.

Aumento de capital social

O conselho de administração da Via Varejo aprovou hoje o aumento de capital social no valor de R$ 52.538,93. Desta forma, o capital social da companhia passará dos atuais R$ 5.133.325.810,19 para R$ 5.133.378.349,12. Ao todo, foram emitidas 12.507 ações ordinárias.

Teleconferência

O presidente da Via Varejo, Roberto Fulcherberguer, disse a analistas que a empresa tem ganhado mercado sem comprometer rentabilidade.

O executivo mencionou que a empresa vem “tirando share de todo mundo e voltou a ‘varejar’ em todas as plataformas”. De outubro a dezembro, a alta de 112% no comércio eletrônico foi o dobro do aumento de 54% do setor, segundo a empresa Compre&Confie, disse o executivo. “Não sei quem está perdendo ‘share’, vamos ver com as publicações [ de resultados]”.

O Mercado Livre divulgou nessa semana expansão no GMV de 84% no quarto trimestre – na Via foi de 31,4%. Magazine Luiza e B2W ainda não publicaram seus números.

O comando ainda disse que está tomando medidas para ampliar a força de seu “marketplace” (shopping virtual) neste ano, com foco em aumento de frequência de clientes na plataformas e do gasto por compra.

Mas descartou entrar com ações como frete grátis, assim como vender produtos perecíveis on-line. O Mercado Livre reduziu o valor da compra com frete zero de R$ 99 para R$ 79 dias atrás. A B2W passou a disponibilizar, há poucas semanas, a entrega gratuita para certos itens em gastos acima de R$ 100.

“Nós entendemos que dá para ganhar esse jogo com as ações que temos programadas”, afirmou Fulcherberguer a analistas. A Via Varejo não cobrará taxa de comissão de lojistas no marketplace por três meses.

A companhia ainda informou que os meses de janeiro e fevereiro mantiveram mesmo ritmo de 2020, sem detalhar esses números.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

O Bradesco BBI classificou os resultados da Via Varejo para o quarto trimestre como fortes. O faturamento com vendas cresceu 30%, 3% acima da expectativa do banco, com alta de 6% nas vendas em lojas, e de 106% no e-commerce, que crescera 218% no trimestre imediatamente anterior.

A alta no quarto trimestre fica acima daquela da B2W e do Mercado Livre. Mas o banco ressalta que a questão a ser observada é o quanto esse ritmo se desacelerará a partir de abril.

O Ebitda ajustado de R$ 709 milhões ficou 4% acima de sua estimativa, como resultado de menor pressão sobre a margem bruta do que esperava, de 1,1%, frente a sua estimativa de 2,3%. Isso foi parcialmente compensado pelo aumento dos gastos administrativos e despesas gerais como parcela de suas vendas, de 23,9%, frente a estimativa do Bradesco de 22,9%.

A receita líquida ajustada de R$ 209 milhões ficou acima de sua estimativa de R$ 143 milhões. Mas o banco ressalta que as provisões de R$ 271 milhões, que o banco supõe estarem ligadas a processos judiciais, e quase R$ 250 milhões ligados principalmente a reestruturação, foram excluídos desses dados ajustados.

O banco diz que os resultados não alteram sua visão sobre a perspectiva para o e-commerce da Via Varejo em 2021, destacando que a empresa elevou em 3 pontos percentuais sua fatia de mercado. O banco se diz preocupado com o mercado neste ano, que espera que seja mais difícil. Isso pode ter um impacto sobre lucratividade e fluxo de caixa.

Bradesco BBI mantém avaliação neutra e preço-alvo de R$ 17,00.

BTG Pactual

O BTG Pactual afirmou que a Via Varejo apresentou resultados fortes no quarto trimestre de 2020, com destaque para o comércio eletrônico, onde as vendas brutas totais (GMV) somaram R$ 4,7 bilhões, o que representou uma alta de 106% na comparação anual.

Ainda no comércio eletrônico, as vendas diretas tiveram um crescimento de 112% no ano, enquanto no marketplace a alta anual foi de 84%, com a empresa alcançando 10 mil vendedores no trimestre e 15 mil atualmente (contra 8 mil no terceiro trimestre), oferecendo 7 milhões de itens de estoque, contra 5 milhões no terceiro trimestre.

Em relação ao varejo físico, o indicador de vendas mesmas lojas cresceu 6,1% no trimestre, contra projeção de 3%, com as vendas aumentando 6% ano a ano. Como parte da estratégia de otimização de portfólio, a Via Varejo fechou 32 lojas e abriu 20 locais durante o quarto trimestre, com o objetivo de abrir 120 lojas em 2021. Como resultado, a receita líquida atingiu R$ 9,5 bilhões, um aumento de 25% ano a ano.

“O resultado trimestral corrobora o bom momento da empresa no final de 2020, sustentando assim nossa recomendação de compra. No entanto, há uma potencial reavaliação da Via Varejo que dependerá de uma recuperação na movimentação das suas lojas, bem como de um maior progresso em novas categorias em sua divisão de marketplace ao longo do ano, o que poderia mitigar o risco de desaceleração das vendas em segmentos essenciais como eletroeletrônicos e eletrodomésticos”, diz o relatório.

BTG Pactual diz que preço-alvo segue em R$ 21,00.

Credit Suisse

O Credit Suisse apontou que os números ficaram em linha com suas estimativas.  Mas, apesar do resultado não surpreender, afirma que a combinação entre execução e o nível atual de preço da empresa faz com que tenha uma visão positiva sobre o investimento na Via Varejo.

“Vale ressaltar, a nosso ver, que a empresa apresentou o quinto trimestre consecutivo de resultados sólidos, coroando a “nova” execução da gestão até o momento, o que é naturalmente uma boa indicação sobre as novas iniciativas a serem entregues”, diz o Credit Suisse.

Credit Suisse mantém recomendação de compra, e preço-alvo de R$ 24,00.

Morgan Stanley

O Morgan Stanley comentou os resultados da Via Varejo, destacando o aumento de 30% no faturamento das vendas em mesmas lojas e online, abaixo do patamar de 43% do trimestre anterior, mas acima do nível de 1% do primeiro semestre. O faturamento está em linha com a expectativa do Morgan Stanley.

As margens Ebitda ficaram em 7,5%, pouco abaixo da estimativa de 7,7% do Morgan Stanley, mas acima do consenso, de 7,1%. A receita líquida cresceu 24% na comparação anual, 2% abaixo da estimativa do Morgan Stanley . O Ebitda ajustado ficou 5% abaixo de sua estimativa, mas 2% acima do consenso.

Morgan Stanley mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 16,00.

XP Investimentos

Os analistas da XP Investimentos avaliaram os resultados da Via Varejo, referentes ao quarto trimestre, como “sólidos”. O lucro líquido ficou acima do esperado, beneficiado por questões não recorrentes.

Além do bom desempenho, a empresa também mostrou as iniciativas que serão entregues em 2021 na frente operacional, logística e financeira “que devem gerar valor ao longo do tempo”. Tais pontos, além do próprio desempenho da varejista, devem gerar uma reação positiva dos investidores, afirmam.

“Esperamos uma reação positiva do mercado uma vez que a companhia entregou resultados acima do consenso e destacou diversas iniciativas a serem entregues em 2021 na frente operacional, logística e financeira que, ao nosso ver, devem gerar valor ao longo do tempo. Além disso, acreditamos que a forte adição de sellers nos dois primeiros meses do ano deve ser bem recebida pelo mercado. No entanto, é importante chamar atenção que devemos esperar pelos resultados das demais companhias do setor – B2W e Lojas Americanas em 4 de março e Magalu dia 8 – para termos um melhor entendimento sobre a performance relativa da companhia”, apontam os analistas da XP Investimentos.

Os analistas afirmaram que, apesar da companhia estar “na direção correta”, o cenário para as empresas do setor será desafiador neste ano.

XP Investimentos mantém recomendação neutra, com preço-alvo de R$ 20,00.

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Governança Corporativa

As ações da Via Varejo são negociadas no Novo Mercado da B3. A empresa realizou o IPO no dia 10/02/1999. O capital social da Via Varejo é representado por 1.597.341.594 ações ordinárias. Em 26 de novembro de 2018, a Companhia concluiu a migração ao segmento especial de listagem Novo Mercado da B3 S.A. – Brasil, Bolsa, Balcão, procedendo com a conversão de suas ações preferenciais (VVAR4) em ações ordinárias (VVAR3) na proporção 1:1, bem como encerrando o programa de Units.

Composição Acionária

Acionista Ações Ordinárias %
Goldentree Fundo de Investimento em Ações 125.937.842 7,88%
TWINSF* 120.100.449 7,52%
EK-VV Limited 81.964.708 5,13%
BlackRock 79.920.601 5,00%
Michael Klein 36.076.592 2,26%
Outros  1.153.041.402 72,19%
Ações em Tesouraria 300.000 0,02%
Total 1.597.341.594 100,00%
  • TWINSF é o Fundo vinculado ao Michael Klein.

Desempenho da empresa na B3

No último ano, as ações da Via Varejo oscilaram entre a mínima de R$ 3,96  e a máxima de R$ 22,36. No último pregão antes da divulgação do resultado do 4T20, a empresa fechou em queda de 0,74%, negociada a R$ 12,02.

Confira o histórico da Via Varejo (VVAR3)

Período Abertura Máxima Mínima Preço Médio Vol Médio Variação Variação %
1 Semana 13,30 13,63 11,19 12,21 61.366.200 -1,38 -10,38%
1 Mês 15,40 15,48 11,19 13,49 44.689.683 -3,48 -22,6%
3 Meses 17,75 17,85 11,19 14,83 45.065.340 -5,83 -32,85%
6 Meses 20,62 20,70 11,19 16,96 51.700.934 -8,70 -42,19%
1 Ano 14,45 22,36 3,96 13,95 79.450.119 -2,53 -17,51%
3 Anos 7,82 22,36 3,80 12,13 39.518.562 4,10 52,43%
5 Anos 2,21 22,36 1,98 12,12 24.264.517 9,71 439,37%
* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters