A Suzano, maior produtora de celulose de eucalipto do mundo, registrou prejuízo líquido de R$ 2,76 bilhões no primeiro trimestre, queda de 79,5% ante a perda de R$ 13,42 bilhões informada no mesmo período do ano passado.
A última linha do balanço é explicada pelo resultado financeiro líquido negativo em R$ 8,67 bilhões, afetado pelo impacto negativo da variação cambial e de operações com derivativos. O indicador, entretanto, registrou recuo de 61,4% ante o resultado financeiro negativo de R$ 22,44 bilhões registrado no primeiro trimestre de 2020.
A receita líquida avançou 27,3% de janeiro a março, para R$ 8,89 bilhões.
Segundo a companhia, 85% da receita líquida do trimestre foi gerada no mercado externo (ante 81% no 4T20 e 83% no 1T20) e a elevação de 11%, em base trimestral ocorreu em função do maior preço médio líquido da celulose em dólar e valorização de 1% do dólar médio vs. real, parcialmente compensados pela queda de 2% no volume vendido de celulose e papel.
Já a elevação de 27% da receita líquida em relação ao 1T20 é explicada pela valorização de 23% do dólar médio vs. o real e aumento de 13% no preço médio líquido da celulose em dólar, parcialmente compensados pela redução de 6% no volume vendido de celulose e papel.
O ebitda – lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização – ajustado aumentou 60,7%, para R$ 4,864 bilhões.
As vendas de papel e celulose da Suzano encolheram 5,8%, para 2,9 milhões de toneladas. A venda de celulose teve queda de 7% ante 1T20, para 2,65 milhões de toneladas, enquanto papel subiu 9% na mesma base, para 291 mil toneladas.
A dívida líquida da companhia aumentou 0,4%, para R$ 66,315 bilhões, o que coloca a taxa de alavancagem – proporção da dívida bruta em relação ao ebitda ajustado – em 3,9 vezes, ante 6,0 vezes no mesmo período do ano passado.
Os resultados da Suzano (BOV:SUZB3) referentes suas operações do primeiro trimestre de 2021 foram divulgados no dia 12/05/2021. Confira o Press Release completo!
VISÃO DO MERCADO
Bradesco BBI
Sobre o novo projeto, os analistas do Bradesco BBI estimam que poderia adicionar cerca de R$ 13 bilhões em valor presente líquido (VPL) à Suzano, o equivalente a cerca de R$ 10 por ação.
O BBI destaca que a companhia já comprou 100 mil hectares de terreno para o projeto e divulgou custos de produção extremamente competitivos. A estimativa inicial do banco sobre o acréscimo potencial de Ebitda do projeto, considerando a celulose a US$ 540 por tonelada, é de R$ 4,7 bilhões por ano, o que corresponde a 30% do Ebitda da Suzano em 2020.
O BBI afirma que o investimento está estimado em R$ 14,7 bilhões e, assim, o pico de alavancagem da fabricante de celulose deve chegar a 2,3 vezes a dívida líquida sobre o Ebitda (ND/EBITDA, na sigla em inglês) no quarto trimestre de 2023, um nível bastante confortável na visão dos analistas.
“O anúncio consolida ainda mais a posição da Suzano como líder absoluta no mercado de celulose de fibra curta, que deve ganhar com as tendências estruturais da demanda, enquanto a ‘janela’ de fornecimento para 2024 ainda estava aberta. Não acreditamos que o projeto represente um risco significativo para a dinâmica de oferta/demanda, visto que vemos um crescimento saudável da demanda no período de 2021-2025, praticamente igualando as adições de capacidade no mercado”, dizem os analistas do BBI.
Eles ponderam, no entanto, que alguns detalhes do projeto permanecem obscuros, especialmente em relação ao potencial investimento florestal e de terras.
Bradesco BBI mantém recomendação de compra para a Suzano com preço-alvo de R$ 100,00…
Credit Suisse
O Credit Suisse destaca em relatório que o balanço do primeiro trimestre da Suzano não foi inspirador, mas o tão esperado projeto de Ribas do Rio Pardo foi aprovado. Sobre o resultado, o banco disse que o Ebitda ajustado, de R$ 4,86 bilhões ficou levemente abaixo (-1,6%) das suas estimativas.
A principal razão para o Ebitda abaixo do esperado, segundo o Credit, foram os embarques de celulose, que ficaram 2% abaixo da estimativa do banco. Já os preços ficaram dentro do esperado. Em relação ao projeto do Cerrado, o banco suíço também estima que deve adicionar um valor presente líquido de R$ 10 por ação e os analistas veem o investimento como estratégico de uma perspectiva de financiamento, ressaltando que a Suzano deve ser capaz de usar somente a geração de caixa para pagar o investimento.
“No geral, embora os resultados tenham apresentado uma leve falha, esperamos uma reação neutra no pregão, uma vez que o recente aumento nos preços da celulose deve gerar resultados mais fortes no segundo trimestre de 2021. Além disso, o projeto Ribas do Rio Pardo já havia sido amplamente divulgado pela empresa e sua aprovação já era esperada para algum momento deste ano”, dizem os analistas.
O banco suíço reforça que a Suzano permanece sendo a ação preferida no setor de celulose (top pick), já que é a empresa com mais bem posicionada para capturar a recuperação nos preços da celulose. E afirma que a Suzano está negociando a um múltiplo projetado para 2021 de 5,7 vezes o valor de mercado mais a dívida líquida sobre o EBITDA (EV/Ebitda), pode entregar uma sólida geração de caixa líquido por ação (FCF yield) de 13% neste ano, além de reduzir a alavancagem de 3,9 vezes para 2,2 vezes a dívida líquida sobre Ebitda neste ano.
Credit Suisse mantém recomendação de compra com preço-alvo a R$ 86,50…
Itaú BBA
O Itaú BBA comentou a aprovação dos projetos da Suzano: o modelo atualizado indica que o projeto adicionar R$ 10 para cada papel SUZB3, ou R$ 13 bilhões em VPL (valor presente líquido) para a Suzano, quando o projeto já tiver sido implementado. O banco não espera que o projeto de investimento de R$ 14,7 bilhões afete o comprometimento da Suzano com sua política de gestão de dívida.
Itaú BBA mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 101,00…