As tentativas de aquisição do controle da Braskem (BOV:BRKM5) podem levar a companhia a mudanças significativas na sua administração, nas suas estratégias ou nas atuais práticas de governança corporativa. O alerta foi feito pela própria petroquímica em seu relatório de referência 2021 enviado, ontem, à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A petroquímica foi dada no passado como garantia a empréstimos tomados por seu controlador, o grupo Odebrecht, que agora se chama Novonor, junto aos maiores bancos brasileiros. A venda da Braskem é, sem dúvida, a maior expectativa do mercado após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre. O negócio já é dado como certo pelo mercado, mas a forma como será feito é a discussão.
No documento enviado à CVM, a empresa lembra que passou dois anos atrás por um processo de venda conduzido pela Novonor para a holandesa LyondellBasell, que acabou não se consolidando, mas que não é possível garantir que as negociações não sejam retomadas ou que a Novonor não inicie discussões com outras companhias em relação à transferência do controle no futuro.
“Em 7 de agosto de 2020, a Braskem recebeu uma correspondência de seu acionista controlador, Novonor, antiga Odebrecht, informando que, para cumprir determinados compromissos assumidos com credores falimentares e não falimentares, foram tomadas medidas preliminares para estruturar um processo para a alienação privada de até a totalidade de sua participação societária na companhia, que, se implementada, resultará na mudança do controle societário da Companhia, adotando as medidas necessárias para organizar esse processo”, diz a empresa.
Segundo fontes do mercado, a Novonor já está conversando com o fundo soberano dos Emirados Árabes Unidos, Mubadala, para se desfazer de sua fatia de 50,1% na Braskem. Entre os potenciais interessados estariam também o Blackstone, o Advent e o Apollo, três fundos de private equity, que investem diretamente na compra de blocos do capital de empresas. A Petrobras, dona do restante das ações, também estaria sondando, por meio de um banco, o impacto de uma venda em bloco das ações preferenciais via Bolsa, o chamado block trade.
Entre os riscos apontados pela Braskem em seu formulário de referência estão ainda as condições econômicas, políticas e empresariais do País. Segundo a empresa, as políticas
econômicas e outras políticas do governo brasileiro podem afetar negativamente a
demanda pelos produtos da companhia, além da receita líquida e o desempenho financeiro em geral.
Alagoas
Sobre a extração de sal-gema em Maceió (AL), a companhia informa que a operação encontra-se permanentemente interrompida, mas está sujeita a riscos, diante, por exemplo, das alegações de que têm sido observadas movimentações na superfície do solo de algumas áreas próximas às cavidades de sal, afetando propriedades públicas e privadas.
“Ações judiciais coletivas e individuais foram e ainda podem ser ajuizadas em face da Companhia relacionadas ao referido evento geológico. As operações minerárias de extração de sal-gema em Maceió/AL foram suspensas em maio de 2019”, diz a companhia no formulário.
Segundo a empresa, “uma área de resguardo abarcando 15 das 35 cavidades foi definida e toda a área da mina tem sido objeto de constante monitoramento”. A Braskem informa que em outubro de 2019, um projeto conceitual foi lançado para iniciar o preenchimento de quatro cavidades que se encontravam fora da camada de sal, condição para a formação de sinkhole. Em novembro de 2020, a primeira cavidade começou a ser preenchida com areia, contudo, essas ações são parte de uma operação muito maior, que pode levar alguns anos para ser concluída.
“As cavidades estão sendo monitoradas e, a partir dos resultados das rotinas de monitoramento e estudos adicionais relacionados a simulações numéricas, podem ser necessárias medidas adicionais para estabilização e preenchimento”.
Lucro de R$ 2,49 bilhões no 1T21, revertendo prejuízo
A Braskem, maior produtora de resinas das Américas, teve lucro líquido de R$ 2,49 bilhões no primeiro trimestre, revertendo o prejuízo de R$ 3,65 bilhões um ano antes, na esteira da melhora dos spreads petroquímicos no Brasil, Estados Unidos, Europa e México, da melhora do resultado financeiro e da monetização de R$ 761 milhões em créditos de PIS e Cofins.
“A esses impactos positivos, se contrapõem, principalmente a variação negativa do capital de giro, principalmente em função do impacto do aumento do preço de resinas e principais químicos no mercado internacional em contas a receber e do impacto do aumento do preço da nafta no custo do produto acabado em estoques”, diz a Braskem que cita ainda o maior pagamento de juros no trimestre, que foi superior ao último trimestre de 2020 por conta do pagamento de juros de bonds emitidos pela companhia em 2020.
A receita líquida avançou 80%, a R$ 22,7 bilhões nos três primeiros meses do ano, na comparação anual, enquanto o resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) recorrente saltou de R$ 1,28 bilhão para R$ 6,94 bilhões.
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