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Manifesto contra o Blitzscaling

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“O lucro é apenas um detalhe.”

– Carlos Alberto Parreira

À medida que eu envelheço, as palavras da moda me parecem mais e mais incompreensíveis.

Eis um dos benefícios da velhice: não tentar compreender um mundo incompreensível.

Para meu cérebro gasto, é difícil capturar o sentido de termos modernos como “taper tantrum”, “reflation trade” e — sobretudo — “blitzscaling”.

Aqui quero ser justo.

A definição original de blitzscaling, tal como concebida por Reid Hoffman, previa foco total nos problemas que uma empresa precisava resolver para conseguir crescer.

É uma ótima receita a seguir para evitar distrações.

Mas coitado do Reid, desvirtuaram completamente seu conceito seminal.

De repente, o blitzscaling passou a ser focado em soluções, não em problemas. Assim, usa-se a expressão como licença para crescer a qualquer custo.

Ou, ainda pior, vira um cheque em branco de dinheiro dos outros, para que meia dúzia de fundadores e C-levels não se deem ao trabalho de negar os prazeres da vida.

Eu sei que hoje é motivo de vergonha, mas decidi revelar mesmo assim: a Empiricus sempre fez questão de gerar caixa e lucrar. Sem ajustes de growth, sem relatórios comestíveis para o cachorro investidor.

Nunca foi uma escolha fácil.

São 12 anos de bastante transpiração, algumas decisões abençoadas pela sorte, e muito mais erros do que eu gostaria.

Somos marcados por imperfeições e, por isso, somos uma empresa de verdade.

O que significa ser uma empresa de verdade?

Significa três coisas.

1) É o seu dinheiro que está na reta. A rigor, para muitos daqui que envelhecem como eu, é toda a sua vida profissional que está na reta. Mesmo que você arrume outro emprego, nunca será a mesma coisa.

2) Quando algo dá errado — sim, isso acontece às vezes —, você é obrigado a tomar decisões inteligentes em nome da sobrevivência. Você para de dormir e pensa nisso 24 horas por dia. Não tem follow-on para passar a mão na sua cabeça.

3) Se alguma coisa dá certo — surpreendentemente certo —, você se belisca. Será o caso? Puta que pariu, será que eu mereço isso? É um efeito nascido de uma causa digna ou apenas fooled by randomness?

Os blitzscalers diriam que se trata de uma postura penitente, que somos escravos da cultura do sacrifício, e já esgotamos nosso arsenal de sonhos grandes.

Eu tenho só um sonho na vida, e ele não é grande.

Quero sentar à mesa de jantar, comer uma boa refeição na companhia dos meus pares, e pagar minha própria conta.

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