GPA e Assaí fecham acordo que prevê a conversão de 71 lojas Extra Hiper em cash & carry

O GPA e Assaí, fecharam um acordo que prevê a conversão de 71 lojas Extra Hiper operadas pelo GPA em todo o País em cash & carry, que passarão a ser operadas pelo Assaí.

O memorando de entendimentos vinculante (MoU) prevê a cessão, ao Assaí (BOV:ASAI3), tanto de lojas Extra Hiper em imóveis próprios como locados de terceiros, além dos respectivos contratos de locação, e pode envolver também a aquisição pelo Assaí de certos equipamentos existentes nas lojas.

O valor estimado a ser recebido pelo GPA (BOV:PCAR3) é de até R$ 5,2 bilhões, sendo que R$ 4 bilhões deverão ser pagos pelo Assaí ao GPA, de forma parcelada, entre dezembro de 2021 e janeiro de 2024.

A bandeira Extra Hiper será descontinuada e as lojas não envolvidas na transação serão convertidas em formatos com maior potencial de rentabilidade.

Adicionalmente, o GPA também fechou outro memorando com um fundo imobiliário, com a interveniência e garantia do Assaí, para a venda de 17 imóveis próprios do GPA por R$ 1,2 bilhão.

A garantia do Assaí consiste na obrigação de pagamento pelos imóveis caso o Fundo não cumpra o prazo acordado.

Simultaneamente, o Assaí também celebrou outro memorando de entendimentos com o Fundo para a locação por 20 anos, após a conclusão da transação, dos imóveis adquiridos.

O CEO do GPA, Jorge Faiçal, diz que a “transação representa uma oportunidade única de intensificar o foco e a aceleração da expansão dos negócios de maior rentabilidade da companhia por meio dos segmentos premium e de proximidade, com as bandeiras Pão de Açúcar, Minuto e Mercado Extra, além de reforçar a posição de liderança do GPA no varejo e e-commerce alimentar no País”.

Belmiro Gomes, CEO do Assaí, argumenta que a operação irá acelerar a expansão combinada ao fortalecimento dos resultados através da conversão de lojas em pontos comerciais excepcionais, localizados em regiões adensadas e com baixa sobreposição com a plataforma atual de lojas do Assaí.

→ GPA pretende divulgar os resultados do 3T21 no dia 03 de novembro e Assaí pretende divulgar no dia 28 de novembro.

VISÃO DO MERCADO

Citi 

O Citi afirmou, que o anúncio da venda de 71 lojas Extra Hiper para a bandeira Assaí e a consequente conversão das demais lojas para outros formatos são dois movimentos positivos e transformacionais para o Grupo Pão de Açúcar (GPA).

“Essa mudança põe fim a um formato que vinha apresentando baixo desempenho em termos de crescimento de vendas e margens, podendo gerar R$ 5,2 bilhões em receitas antes dos impostos (cerca de R$ 4 bilhões após os impostos) que ajudará a acelerar a desalavancagem e permitir investimentos em formatos de crescimento mais rápido, como lojas locais e o canal digital”, diz o banco.

O Assaí vai pagar R$ 4 bilhões por esses pontos comerciais. O GPA também assinou acordo com um fundo imobiliário de R$ 1,2 bilhão em troca de 17 imóveis. O Assaí atuará como avalista caso o fundo não cumpra o prazo acordado.

Após a transação, o GPA permanecerá com 32 lojas de hipermercados, das quais 4 deverão ser vendidas e 28 convertidas em Pão de Açúcar (14) e Mercado Extra (14), encerrando efetivamente a marca Extra Hiper até o final do ano 2021.

Para o Assaí, a mudança adiciona 71 lojas na base atual de 187 unidades que são maiores em tamanho, cerca de 7 a 8 mil metros quadrados, contra a média de 5.500 m² atualmente, aumentando a área de vendas da empresa em 64%.

“Pós-sinergias e conversão, estimamos que as 71 lojas irão gerar R$ 26 bilhões em vendas brutas (cerca de R$ 360 milhões por loja) com uma produtividade de R$ 45.000 por loja”, diz o relatório.

O Citi mantém recomendação de compra para Assaí e preço-alvo de R$ 22,00 e neutra para Pão de Açúcar, com potencial de revisão e preço-alvo de R$ 37.

XP Investimentos

A compra das lojas Extra Hiper pelo Assaí por R$ 5,2 bilhões parece cara à primeira vista, mas agrega valor mesmo sob premissas conservadoras e com possíveis riscos de governança, diz a XP.

Para o Grupo Pão de Açúcar (GPA) a venda representa um destravamento de valor e deve gerar reação positiva nos papéis nesta sexta-feira (15).

“A transação deve acelerar o plano de expansão do Assaí adicionando localizações estratégicas, espalhadas por várias capitais brasileiras e grandes cidades, com pouca ou nenhuma sobreposição de lojas com o parque atual do Assaí”, escrevem os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt.

A casa destaca que o Assaí pagou R$ 90 milhões a R$ 95 milhões por loja, já considerando o investimento necessário na conversão dos Extra Hiper, que se compara às expansões orgânicas recentes da empresa em grandes cidades (R$ 80 milhões a R$ 90 milhões).

Os analistas apontam que por ser uma transação entre partes relacionadas, não está sujeita à aprovação dos acionistas minoritários, o que pode levantar questões de governança por ser uma transação vultosa.

“No entanto, o Assaí tem um histórico de execução sólido, enquanto a transação faz sentido estrategicamente e, portanto, acreditamos que os investidores devem dar o benefício da dúvida para a companhia.”

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