A demanda global por ouro caiu no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período de 2020, acompanhando a redução nos investimentos no metal precioso, que caíram 60%, de acordo com um relatório do World Gold Council, segundo informações do Marketwatch.

Nos primeiros seis meses deste ano, a demanda mundial de ouro, excluindo os negócios de balcão, totalizou 1.833,1 toneladas métricas, queda de 10% em relação ao ano anterior.

O economista e analista Fernando Ulrich já havia explicado, como noticiou o Cointelegraph, a diferença de comportamento do Bitcoin, que registrou recorde de preço nos últimos dias, e do ouro diante das notícias do mercado.

Fernando Ulrich analisou a atual situação do ouro:

“Quando a gente olha a performance do ouro nos últimos meses, depois de bater a máxima de quase US$ 2.100,00, vem caindo e andando de lado…”

O motivo, segundo o economista, é bem claro:

“Com o ouro sendo um ativo que não rende nada, qual é o meu custo para carregá-lo [mantê-lo]?”…“Quando as taxas sobem, é neste momento que o ouro acaba performando muito mal. E o contrário também é verdade, quando as taxas reais caem, a cotação do ouro sobe.”

Ele explica que diante das incertezas do mercado, “muitos investidores que tradicionalmente enxergam o ouro como um ativo de proteção, começam a migrar, nem que seja marginalmente, para o Bitcoin.”

“O Bitcoin é o ouro digital, é o ativo final. Olhando as características do ouro, seus atributos que fazem com que o mundo valorize o ouro há milênios, o Bitcoin tem muitas dessas mesmas propriedades, sem incorporar muitas das fraquezas do ouro, muitas vulnerabilidades, que são a materialidade, custo de estocagem, custo de transporte, o risco de ter que usar uma contraparte para custodiar e armazenar o ouro, por ser um ativo físico.”

Ele reconhece a importância do ouro:

“Claro que o ouro tem a seu favor milênios de história e de confiança dos indivíduos, mas do ponto de vista tecnológico, o Bitcoin é superior e é por isso que pra mim, ele é o ouro digital e muitos investidores estão enxergando esse potencial.”

Para ele, o Bitcoin está chamando a atenção do mercado:

“O Bitcoin está tendo uma boa performance e isso acaba surpreendendo aqueles que são mais céticos e pessimistas com o BTC, por ainda não entenderam a tecnologia.”

E se o ouro é ativo de proteção para os investidores mais tradicionais, o Bitcoin já pode estar sendo encarado como ativo digital de proteção contra a inflação, como disseram analistas do banco norte-americano JPMorgan.

Na visão dos analistas, o recorde de preços atingido pelo Bitcoin recentemente teria sido causado pelo temor da inflação, não pela aprovação dos ETFs nos Estados Unidos.

Além disso, um analista da Bloomberg disse que Bitcoin e as demais criptomoedas vão engolir o ouro e outras classes de ativos.

A adoção crescente de criptoativos vai fazer com que ativos tradicionais como o outro continuem perdendo participação nos mercados financeiros globais, disse Mike McGlone.

Rafael Chinaglia