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Worldcoin é distribuída de graça em troca de escaneamento ocular, mas comunidade cripto desconfia

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Você estaria diposto a trocar uma “fotografia” da sua íris em troca de algumas unidades de uma criptomoeda que ainda nem foi lançada? Ainda em fase experimental, mais de 130 mil pessoas ao redor do mundo já aceitaram ceder informações biométricas do seu globo ocular para futuramente receberem a Worldcoin.

A Worldcoin é uma iniciativa de Alex Blania, Sam Altman e Max Novendstern, apoiada pela Andreessen Horowitz, Coinbase Ventures, 1confirmation, Blockchange and Day One Ventures que pretende atingir mais de um bilhão de pessoas em dois anos. Hoje, há pouco mais de 300 milhões de usuários de ativos de criptomoedas em todo o mundo.

O projeto financiado por fundos de capital de risco e players do mercado de criptomoedas levantou US$ 25 milhões com o objetivo de popularizar as criptomoedas, oferecendo “gratuitamente” a Worldcoin para o maior número possível de pessoas.

No site de apresentação do projeto, os desenvolvedores informam que permitirão “que todos reivindiquem uma parcela gratuita da nova criptomoeda”. Pode se tratar apenas de uma questão de ponto de vista, mas o modelo de negócios pouco difere daquele praticado pelos gigantes da tecnologia como Google e Facebook: o usuário oferece suas informações pessoais em troca de serviços supostamente gratuitos. No caso da Worldcoin, criptomoedas.

Na primeira fase do projeto, a Worldcoin distribuiu 30 equipamentos portáteis para scaneamento da íris a empreendedores de quatro continentes (África, América do Sul, Ásia e Europa). Cabe a eles convencer as pessoas a deixarem seus olhos serem escaneados pelos “Orbs”, nome que o aparelho criado especialmente para o projeto recebeu dos desenvolvedores. Basicamente os olhos dos voluntários são fotografados instaneamente, criando uma identidade digital baseada em um código único.

Orb em ação no Chile. Fonte: https://worldcoin.org/

Em troca, futuramente, todos receberão uma quantidade ainda não definida do suprimento total de 10 bilhões de Worldcoins que será posto em circulação. Enquanto os voluntários receberão uma quantia fixa da moeda, quanto mais pessoas os operadores de Orbs conseguirem recrutar para o projeto, maiores recompensas eles receberão, também na forma de Worldcoins.

A iniciativa sofreu questionamentos por questões relacionadas à privacidade dos voluntários. A empresa garante que as imagens das íris das pessoas serão convertidas em um código numérico e depois descartadas. O código atuaria como uma espécie de “prova de individualidade e humanidade” usado apenas para verificar se o voluntário já reivindicou os tokens que lhe são devidos.

De acordo com os desenvolvedores da Worldcoin, a rede não vincula este código numérico às carteiras ou às transações dos usuários para preservar a privacidade. Usuários também poderão participar da rede da Worldcoin sem se submeterem ao escaneamento ocular, mas não terão direito a receber criptomoedas gratuitamente.

A Worldcoin vai ser um token baseado na blockchain do Ethereum, onde qualquer um pode criar contas, enviar transações e participar do processo de validação. Seu lançamento está previsto para o começo do ano que vem.

Críticas da comunidade cripto

No Twitter a discussão adquiriu um tom de confronto entre a comunidade cripto e os capitalistas de risco do Vale do Silício, colocando em perspectiva duas visões sobre as reais intenções do projeto.

Além das questões relativas à privacidade dos voluntários, outra crítica levantada diantes da apresentação do projeto diz respeito à decisão de destinar 20% do suprimento total da Worldcoin à equipe do projeto. No caso do sucesso da Worldcoin, os maiores benefícios econômicos da nova criptomoeda caberá aos seus criadores, pois quanto maior for a adoção da Worldcoin, maior o lucro potencial da Tools for Humanity, empresa criada para o desenvolvimento do projeto, e que está avaliada em US$ 1 bilhão, hoje.

O ex-agente da Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos Edward Snowden foi uma das vozes contrárias à proposta da Worldcoin no Twitter.

Parece que isso produz um banco de dados global (hash) das varreduras da íris das pessoas (pelo “bem”) e rejeita as implicações disso dizendo: “excluímos as imagens!” Sim, mas você salva os *hashes* produzidos pelas varreduras. Hashes que correspondem às varreduras *futuras*. Não cataloguem globos oculares. Snowden continua dizendo que a biometria não deve ser usada para criação de sistemas anti-fraude ou mesmo para qualquer outro fim. Ele ainda criticou a iniciativa de capitalistas de risco que seguem tentando levar adiante projetos para desenvolver uma criptomoeda melhor do que o Bitcoin (BTC) em vez de investirem em aplicativos de pagamento que permitam pagamentos com ativos digitais. A postagem foi retweetada pelo CEO do Twitter e maximalista do Bitcoin Jack Dorsey.

Meltem Demirors, estrategista chefe da empresa de pesquisa e análise de investimentos Coinshares, deu o tom do sentimento predominante entre a comunidade cripto sobre a Worldcoin.

O desenvolvedor argentino Santiago Siri, responsável pelo projeto “Proof of Humanity”, que propõem uma forma de identificadação digital descentralizada, falou sobre os perigos da manipulação de dados biométricos sob controle de uma empresa. De acordo com ele, pode haver interesses subjetivos por trás de um empreendimento desta natureza que coloca em risco alguns pilares da sociedade democrática, como manipulação de resultados eleitorais ou mesmo desvio de recursos.

Sucesso no Chile

Ironicamente, é justamente na América do Sul que a fase experimental do projeto tem feito maior sucesso até agora. Em pouco mais de seis meses de atividade, o operador de Orb chileno, cujo nome não foi revelado, criou uma empresa em torno do negócio e já escaneou a íris de mais de 18.000 cidadãos chilenos.

De acordo com o site do projeto, ele emprega vinte pessoas que trabalham em turnos, mantendo seu ORB ativo oito horas por dia, todos os dias. Em um depoimento, ele disse acreditar que está promovendo uma revolução financeira e educacional:

Eu acordo todo dia consciente de que estamos educando centenas de pessoas sobre o futuro da tecnologia. É uma honra oferecer a todos acesso a um novo sistema financeiro coordenado pelas próprias pessoas, não centralizado na mão de bancos ou governos. Estamos construindo Singapura no Chile, oferecendo oportunidades para todo mundo.”

Conforme noticiou o Cointelegraph Brasil recentemente, Vitalik Buterin é um apoiador do projeto “Proof of Humanity”, de Santiago Siri e destinou parte do lucro obtido com a venda de dog tokens ao projeto.

Por Caio Prati Jobim

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