O Carrefour, que provavelmente terá de se desfazer de uma parte das lojas que adquiriu do Grupo Big, já conta com alguns investidores interessados em comprá-las. É o que mostra uma reportagem publicada nesta terça-feira (25) pelo jornal Valor Econômico, que conversou com alguns dos candidatos, em especial fundos imobiliários.

O interesse ocorre após o Carrefour informar, na manhã desta terça, que a Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) emitiu um parecer sobre a compra do Grupo Big no qual aponta que o grupo francês precisaria vender uma parte das lojas, como uma forma de evitar uma alta concentração de mercado em algumas regiões do Brasil, para poder seguir com a transação.

De acordo com comunicado do Carrefour (BOV:CRFB3), a rede teria de vender uma quantidade inferior a 10% das unidades de varejo e autosserviço do Grupo Big. Em março do ano passado, quando anunciou que estava comprando o Grupo Big, em uma operação de R$ 7,5 bilhões, o Carrefour informou que estava levando 386 unidades de varejo e autosserviço, 15 postos de combustíveis e 11 centros de distribuição.

O Carrefour não informa a quantidade exata de lojas que teria de vender para respeitar a recomendação do Cade, mas o Valor apurou que fundos imobiliários já vêm trabalhando para analisar o perfil de pontos que podem ser oferecidos. Contudo, a possibilidade da criação de regras, como a necessidade de as lojas continuarem atuando no mesmo segmento, pode limitar o interesse.

Além disso, os gestores de fundos imobiliários ouvidos pelo jornal apontam que as unidades do Nordeste podem ser as mais concorridas, considerando a dificuldade em achar bons locais na região, enquanto os imóveis do Sul podem não encontrar tanta demanda.

A apuração do Valor afirma que onze unidades já foram listadas pelo Cade como alvo de desinvestimento, localizadas nos estados de Rio Grande do Sul, Ceará e Pernambuco.

Entre os fundos imobiliários que vêm se movimentando no setor, por meio da compra de imóveis e subsequente locação a operadores interessados, o jornal lista o FII SuccesPar Varejo e dois fundos da TRX Gestora de Recursos.

Sobre a transação

Quando anunciou a compra do Grupo Big, o Carrefour explicou que seu objetivo era que todas as unidades adquiridas fossem transformadas em lojas do Atacadão, a bandeira de atacarejo do Carrefour no mercado brasileiro.

O acordo, porém, ainda precisa ser aprovado em definitivo pelo Cade. O que ocorreu agora foi apenas uma recomendação de aprovação, com condições, feita pela Superintendência-Geral do conselho.

Em novembro, o Cade havia dito esta seria uma transação “complexa” de avaliar, uma vez que o Atacadão poderia apresentar uma concentração elevada de mercado em algumas regiões do Brasil.

À época, o Carrefour disse que já esperava esse tipo de comunicado, em razão das características da operação. A boa notícia agora é que a “pena” recomendada foi mais leve do que havia sido indicado em novembro, pois o “desinvestimento” do Carrefour teria de ser “inferior” a cerca de 10% das lojas de varejo e autosserviço.

O próximo passo é a avaliação que será feita pelo tribunal do Cade, o último passo antes de uma aprovação definitiva. É esperado que o resultado saia até junho deste ano. Só depois disso, a companhia pretende iniciar os trabalhos para a conversão de todas as lojas adquiridas em unidades do Atacadão.

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