A Hypera Pharma registrou lucro líquido de R$ 353 milhões no quarto trimestre do ano passado, o que representa alta de 12% em relação ao mesmo período de 2020. O lucro das operações continuadas cresceu 12,6% e somou R$ 366 milhões.

A receita líquida da companhia avançou 43,3% na base anual, saindo de R$ 1,1 bilhão para R$ 1,62 bilhão. A Hypera explica que o número foi impulsionado pela contribuição do portfólio de medicamentos adquirido da Takeda e da família Buscopan, bem como pelo crescimento de 16,3% do sell-out orgânico no período – 2,1 pontos percentuais superior ao crescimento do mercado.

“O crescimento do sell-out orgânico acima do mercado no ano e no trimestre é resultado das iniciativas da Companhia para impulsionar seu crescimento sustentável, com destaque para a aceleração do ritmo de lançamentos nos últimos anos, o aumento da capacidade de produção e os investimentos em suas marcas líderes”, comenta a Hypera.

A Hypera destaca ainda que o crescimento do sell-out junto com sinergias operacionais resultantes das aquisições permitiu que o Ebitda chegasse a R$ 2,05 bilhões, alta de 70,6% no ano, com a margem saindo de 29,4% para 34,6%.

“Esse crescimento também contribuiu para que a Companhia alcançasse um lucro líquido de R$ 1,6 bilhão no ano, em linha com o guidance estipulado para o período, e registrasse geração operacional de caixa recorde de R$ 1,3 milhão”, afirmou.

O Ebitda – juros, impostos, depreciação e amortização – foi de R$ 547,7 milhões entre outubro e dezembro, alta de 64,2% em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o Ebitda das operações continuadas cresceu 62,4% e somou R$ 566,9 milhões.

As despesas gerais e administrativas, do outro lado, aumentaram 1,4%, chegando a R$ 64,1 milhões, bem como as despesas com marketing, que subiram 13,9%, para R$ 244,7 milhões.

O Resultado Financeiro apresentou saldo negativo de R$ 134,6 milhões no trimestre, com o prejuízo saltando 98,6% e R$ 323,7 milhões no ano. A variação do Resultado Financeiro em ambos os períodos é resultado do aumento das despesas com juros pelo maior endividamento da Companhia, decorrente principalmente do pagamento pela aquisição do portfólio de medicamentos adquirido da Takeda, e do aumento da taxa Selic.

A companhia fechou dezembro com um endividamento líquido de R$ 5,1 bilhões, ante R$ 764,1 milhões no mesmo período de 2020.

Os resultados da Hypera (BOV:HYPE3) referentes suas operações do quarto trimestre de 2021 foram divulgados no dia 25/02/2022. Confira o Press Release completo!

Teleconferência

Em teleconferência nesta sexta após os resultados, a farmacêutica destacou que está registrando um crescimento de demanda por medicamentos que não precisam de receita desde o final do ano passado, tendência que vem se repetindo no início de 2022.

“A diferença grande no mercado é que as pessoas começaram a tratar cada vez mais o Covid-19 como uma gripe, bem diferente do que acontecia lá atrás”, em meio ao cenário de aumento da vacinação no país, disse o diretor de relações com investidores da Hypera, Adalmario Couto, em conferência com analistas.

“Além de demanda adicional por conta do aumento de casos de Covid e gripe, tem aceleração em várias categorias, como suplementação”, disse o executivo. Ele se referiu a produtos como vitamina D, vitamina C, em que a Hypera ingressou no ano passado.

Já o novo CFO da Hypera Pharma, Ramon Sanches Frutuoso, reconheceu que o desempenho da empresa em genéricos e similares, que é o mercado que mais cresce no Brasil, está um pouco abaixo da média do mercado. Mas disse que houve aceleração no quarto trimestre. Ele disse que, neste campo, o foco em 2021 foi aumentar a presença em novas classes terapêuticas e a cobertura.

Questionado sobre eventuais operações de fusão e aquisição, diante da robustez do resultado e das projeções para este ano, o presidente da Hypera, Breno de Oliveira, afirmou que “com certeza” a companhia não vai fazer movimentos relevantes este ano.

“No curto prazo, o foco é investimento orgânico e desalavancagem e remuneração aos acionistas”, disse o executivo.

VISÃO DO MERCADO

Bank of America

A empresa reportou números robustos no período, de acordo com o BofA. As projeções para o período entre 2022 e 2024 também ficaram “bem acima das expectativas de consenso”, segundo os analistas Robert Aguilar, Melissa Byun e Guilherme Vilela.

Eles destacam que os medicamentos Buscopan e o portfólio adquirido da Takeda compensaram custos de envio mais altos e depreciação cambial.

De acordo com o BofA, a companhia está com um portfólio de novos produtos, ampliando a participação de mercado em vitaminas e suplementos. O BofA afirma que as ações da companhia estão sendo negociadas em um patamar mais alto do que a média dos últimos dez anos, embora os analistas apontem para

Bank of America tem recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 51,00…

Citi

Os resultados foram fortes no quarto trimestre de 2021, mas em linha com as estimativas,diz o Citi. A divulgação das projeções para 2022 com receitas também veio dentro do esperado, cita o relatório.

Os analistas Leandro Bastos e Renan Prata comentam que, com a nova orientação, agora veem as ações da companhia sendo negociadas perto de 11 vezes o preço/lucro estimado para este ano, ajustando o valor de mercado pelo valor presente líquido de ágio e prejuízos fiscais a compensar.

“O que consideramos muito atraente por seus fundamentos em evolução e impulso de curto prazo”, comentam, acrescentando que espera-se um crescimento orgânico de 30% nas vendas ao consumidor final durante os primeiros dois meses deste ano.

Para a equipe do Citi, os fundamentos continuam a evoluir com vendas orgânicas superando o crescimento do mercado pelo quinto trimestre consecutivo, enquanto a recuperação contínua nas sinergias operacionais com aquisições recentes continua a contribuir para as margens e para acelerar o crescimento dos lucros.

“Entendemos que as preocupações com a governança corporativa continuam pesando, mas acreditamos que a consistência na execução deve permitir que a ação, pelo menos parcialmente, seja avaliada como muito atraente”, observam Bastos e Prata.

Citi tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 35,00…

Itaú BBA

Segundo o Itaú BBA, a companhia teve resultados positivos, como o esperado, e início de ano promissor. “A empresa não só foi capaz de cumprir sua projeção (guidance) para 2021, mas também aponta para um 2022 muito bom – com crescimento melhor no faturamento e níveis de rentabilidade mais altos do que as nossas estimativas”, apontam os analistas.

“Além da boa performance no ano passado, destacamos um otimismo com os números da companhia no início deste ano, com as vendas de janeiro e fevereiro em alta de cerca de 30% na comparação anual. Esta aceleração provavelmente é explicada pelo aumento da demanda por produtos relacionados à gripe e apontam para a divulgação de um primeiro trimestre positivo”, reforçam.

O lucro líquido ajustado ficou 6,6% abaixo da estimativa dos analistas da XP, mas eles destacam que a empresa continuou a apresentar crescimento de dois dígitos, com receitas em alta de 15,2% na base anual organicamente (alta de 43,3% considerando aquisições).

A margem Ebitda (Ebitda sobre receita líquida) cresceu 4,1 pontos percentuais no ano impulsionada principalmente por sinergias de aquisições recentes, mostrando o potencial dos portfólios das marcas adquiridas, avaliam os analistas.

Já as despesas financeiras líquidas foram um grande detrator para o lucro, já que a empresa possui uma dívida líquida de 6,7 vezes o valor de um ano antes.

Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 39,00…

XP Investimentos

A XP destacou que, apesar de abaixo da expectativa da casa, os resultados foram positivos, e a expectativa é de que o desempenho seja ainda melhor no primeiro trimestre. A casa segue com recomendação de compra para o ativo, com preço-alvo de R$ 48, ou potencial de alta de 47%.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters