A Pague Menos informou suas projeções de aberturas de lojas referentes aos exercícios sociais 2023 e 2024.

O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:PGMN3) nesta quinta-feira (20).

São projetadas 60 novas lojas e 120 novas lojas, respectivamente, para os exercícios sociais de 2023 e 2024. As projeções consideram apenas as aberturas brutas, isto é, não levam em conta eventuais fechamentos de lojas.

As projeções foram elaboradas à luz de nossa experiência passada e consideram a nossa expectativa acerca das nossas operações, especialmente a nossa estratégia de expansão; a nossa capacidade financeira para suportar investimentos; a nossa capacidade de obter pontos comerciais atraentes com expectativas de retorno adequadas; a nossa capacidade de implantar novas lojas, incluindo a estrutura de engenharia e a disponibilidade de funcionários qualificados dentro do plano de carreira para operarem tais lojas; a necessidade de alocação de capital relacionado à aquisição da Imifarma Produtos Farmacêuticos e Cosméticos (Extrafarma) e a integração operacional de seus ativos; e outras circunstâncias inerentes às atividades de expansão, sujeitas a riscos e incertezas.

Vale ressaltar que as projeções são estimativas, e que não constituem promessa de desempenho, de modo que poderão ser revistas (positiva ou negativamente), especialmente no caso de alteração relevante nestes fatores.

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A Pague Menos tem se dedicado a digerir a compra da Extrafarma de forma acelerada. “Estamos em velocidade mais rápida com sinalização de captura de sinergia mais veloz”, diz o diretor financeiro da companhia, Luiz Novais. A companhia havia comunicado ao mercado que a aquisição traria sinergias de R$ 180 milhões a R$ 275 milhões. A empresa já vê sinais de que esses recursos passam a aparecer de forma mais acelerada do que o esperado. De agosto até o inicio de 2023, era indicada a captura de R$ 20 milhões em sinergias. Agora, a projeção já é de R$ 38 milhões. “Por que estamos levando isso tão a sério? Temos a pretensão de outros movimentos do tipo. Não no curto prazo, talvez em 2024”, adianta Novais

Para isso, a gestão da Pague Menos se debruçou em sanear as contas da adquirida. No alto escalão, o quadro da Extrafarma foi reduzido de 7 diretores para apenas uma posição. Além disso, houve redução de cerca de 30% na folha de pagamento da área administrativa. Foram fechadas ainda 10 lojas com operações deficitárias. A operação de atacado, por sua vez, foi descontinuada.

Mesmo com tamanha reestruturação, Novais diz que a força de vendas da Extrafarma está mais motivada agora do que antes. Ele explica que as dispensas de funcionários aconteceram principalmente no alto escalão e na parte de administração do negócio. “As mudanças que precisamos fazer foram no backoffice e não na força de vendas que precisa estar motivada. Fazemos pesquisas de cultura e clima constantemente e verificamos que os times de lojas estavam felizes em passar a fazer parte de uma empresa com foco no negócio como somos: uma empresa focada em varejo”, afirma Novais.

Nas lojas, as principais mudanças são relacionadas a abastecimento e sortimento de produtos. Ao serem abastecidas pelo Centro de Distribuição da Pague Menos, as lojas passam a ter mais produtos disponíveis, com menores índices de falta de determinados itens nas prateleiras por falhas de planejamento. A primeira leva de migração para o Centro de Distribuição da Pague Manos envolve os estados do Tocantins, Ceará e Pernambuco. Na segunda, que deve acontecer até o primeiro trimestre de 2023, serão Pará, Maranhão e São Paulo. Com esse sortimento melhor, lojas que antes vendiam R$ 420 mil por mês, passaram a vender R$ 470 milhões.

Apetite

Novais deixa claro que o empenho de integrar a operação da Extrafarma de maneira acelerada é motivado pelo desejo de fazer novas compras, provavelmente em 2024. Hoje, a rede líder no nível nacional do segmento de farmácias é a Raia Drogasil e a Pague Menos é a terceira colocada no critério de faturamento, atrás da Drogaria São Paulo (DPSP).

O diretor financeiro reconhece a competência da concorrência, mas acredita que, no público de faixa de renda mais baixa, a Pague Menos é quem mais tem condições de crescer. Hoje, redes regionais e associações representam boa parte das drogarias que atendem às camadas mais pobres da população. São justamente essas redes que a Pague Menos mira em suas próximas compras.

Futuro

A Pague Menos realiza hoje seu Dia do Investidor, no qual comunica ao mercado seus planos para os próximos meses. Para 2023, companhia prevê 60 novas lojas em seu parque, somadas a investimentos e reformas nas lojas compradas da Extrafarma. Em 2024, o plano é mais agressivo, com a expectativa de 120 novas lojas. Além disso, a companhia anuncia um novo serviço em sua rede.

A empresa vai passar a escalar o “Sempre Bem Saúde”, programa de assinaturas que rodava até então em testes. Com o valor promocional de R$ 9,90, os clientes têm atendimento de telemedicina ilimitados, que podem acontecer nas lojas da Pague Menos, ou de forma digital. O programa tem parceria com a empresa de telemedicina Conecta e, em três meses, já soma 30 mil vidas cadastradas.

A receita das assinaturas vai para o parceiro de telemedicina, no entanto, a Pague Menos ganha em outra ponta. Ao fazer as consultas nas lojas, ou via uma plataforma digital, o cliente termina o atendimento em uma loja física ou virtual da rede. Como, em geral, o médico prescreve medicamentos, o cliente acaba fazendo a compra ali. O tíquete médio de pessoas que utilizam o programa é de R$ 105, e das que vão à farmácia sem passar pela consulta de telemedicina é de R$ 66.

Para Novais, essa é uma oportunidade de oferecer um acesso mais rápido ao atendimento médico, por um custo baixo. Grande parte do público da rede depende do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, encontra demora na assistência de saúde. Ao melhorar esse tempo por um preço que sua clientela pode pagar, a companhia aumenta, como consequência, também o quanto esse cliente gasta em suas lojas. “Queremos ser o ‘Posto Ipiranga’ da saúde para a classe que não tem acesso a convênio médico”, diz.

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VISÃO DO MERCADO

Itaú BBA 

O guidance, por sua vez, surpreendeu as expectativas do Itaú BBA para cima, uma vez que ficou além de suas projeções de 50 novas lojas para 2023 e 2024 (ou 30 aberturas líquidas – incluindo 20 fechamentos da Extrafarma – por ano), o que pode se traduzir em crescimento mais acelerado nos próximos anos, com os analistas esperando por mais detalhes no Investor Day desta sexta-feira (21).

“Em suma, acreditamos que os investidores continuarão focando nas novidades relacionadas à integração da Extrafarma, que vemos como o principal gatilho para a movimentação das ações”, avaliam.

Itaú BBA tem recomendação de compra com preço-alvo de R$ 10,00.

JP Morgan 

O JPMorgan apontou que o anúncio fica aquém das suas expectativas de um ritmo bruto de abertura de lojas de 140 locais por ano para 2023 e 2024.

Ainda assim, não é uma surpresa, com os analistas destacando o foco da gestão no crescimento sustentável e na qualidade da expansão em vez de velocidade como visto em administrações anteriores.

“Além disso, acreditamos que o contexto mais amplo de 1) taxas mais altas e 2) maior alavancagem após a aquisição da Extrafarma em meio a 3) seu plano de recuperação mais desafios de integração leva a uma abordagem de implantação de capital mais cautelosa”, apontam os analistas.

Eles apontam ainda que ao analisar o esperado para 2022, já está abaixo da previsão de abertura bruta de novos locais de comercialização. “Acreditamos que o guidance abaixo das expectativas provavelmente não será um catalisador de ações, pois o foco deve estar em discussões sobre as sinergias e os atuais desenvolvimentos sobre o turnaround na Extrafarma”, aponta.

Os analistas do banco seguem com recomendação overweight (exposição acima da média do mercado).

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