Santander Brasil obteve lucro líquido gerencial de R$ 3,122 bilhões no terceiro trimestre de 2022, o que representa queda de 28,1% na comparação com o mesmo período de 2021 e baixa de 23,5% ante o trimestre imediatamente anterior.

O número ficou 17% do consenso Refinitiv, que previa lucro líquido reportado de R$ 3,76 bilhões. A queda foi de 28% na comparação com o 3T21, quando o lucro gerencial totalizou R$ 4,34 bilhões.

O lucro líquido foi de R$ 11,211 bilhões nos primeiros meses de 2022 (9M22) com queda de 10,1% se comparado com o mesmo período do ano anterior.

A margem financeira bruta alcançou R$ 12.598 milhões no terceiro trimestre de 2022, com queda de 1,4% em relação ao 2T22 refletindo principalmente o menor resultado em operações com clientes no período que apresentou queda de 1,0%, principalmente pela maior seletividade na concessão de crédito e foco nos produtos com maior nível de garantias e colaterais (efeito mix).

A margem de operações com o mercado totalizou (R$ 1.545) milhões no 3T22, praticamente estável no trimestre e com redução no ano, impactada pela sensibilidade da taxa de juros.

Já a margem com mercado, que contabiliza os resultados com tesouraria, foi negativa em R$ 1,545 bilhão. O resultado é fruto da sensibilidade negativa do banco, nesta frente, às taxas de juros. No segundo trimestre deste ano, a tesouraria do Santander já havia anotado perdas pelo mesmo fator.

“Iniciamos em 4T21 a implementação de uma estratégia de antecipação de ciclos de crédito. Com isso, o momento atual leva a menores receitas, dada a maior seletividade que aplicamos ao nosso portfólio, e também a sensibilidade negativa à curva de juros em margem com mercados – além da PDD em um momento ainda desafiador do ciclo, conforme previsto, com uma inadimplência com sinais de estabilidade. Seguimos tendo uma das mais potentes plataformas de pessoa física do Brasil, e voltaremos a acelerar seu crescimento no momento certo”, disse o CEO do Santander, Mario Leão, em nota.

A carteira de crédito atingiu R$484.252 milhões representando crescimento de 7,5% se comparado com o mesmo período do ano anterior.

Destaque para a carteira de pessoas físicas com crescimento de 11,0% nesse mesmo período, principalmente pelo Crédito Consignado e Imobiliário. No trimestre, a carteira cresceu 3,4% com destaque para operações com Grandes Empresas que apresentou crescimento de 5,8%, com destaque para Capital de Giro e Comércio Exterior.

A carteira de crédito ampliada, que inclui outras operações com risco de crédito e avais e fianças, atingiu R$ 565,910 bilhões, incremento de 7,5% em 12 meses (também 7,5% desconsiderando o efeito da variação cambial). Em relação a junho, avançou 4,2%.

A carteira de pessoas físicas, que é a mais relevante para o Santander, cresceu 2,4% no trimestre e 11% em 12 meses, para R$ 220,417 bilhões no fim de setembro. O segmento foi impulsionado pelas linhas de crédito pessoal/outros (alta anual de 18,8%, a R$ 48,945 bilhões), cartão de crédito (alta de 13,3%, a R$ 44,439 bilhões) e consignado (alta de 8,4%, a R$ 57,504 bilhões).O financiamento ao consumo cresceu em ritmo mais lento. Houve expansão de 1,5% em relação a junho e de 4,8% na comparação com setembro do ano passado, totalizando R$ 67,928 bilhões.

A carteira de grandes empresas era de R$ 131,399 bilhões no fim de setembro, apontando alta de 3,0% em relação a junho e 4,3% frente a setembro do ano passado.
Entre as pessoas jurídicas, a linha de crédito rural subiu 29,8% na comparação anual (R$ 5,798 bilhões); seguida de comércio exterior, com alta de 25,4% (R$ 38,677 bilhões); e leasing/veículos, com expansão de 5,3% (R$ 3,359 bilhões).

Segundo o Santander, o saldo do crédito prorrogado alcançou R$ 20,0 bilhões em setembro, decorrente da amortização de R$ 29,8 bilhões ocorrida desde o segundo trimestre de 2020, ou 59,9% de tudo que foi postergado na pandemia.

O retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE, na sigla em inglês) do Santander porém, recuou: ficou em 15,6%, uma retração de 6,8 pontos porcentuais ante o mesmo intervalo de 2021, e de 5,2 p.p. em três meses.

As despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 6,209 bilhões, com crescimento de 8,1% sobre o 2T22.

Nos primeiros nove meses do ano, resultado de créditos de liquidação duvidosa também foi negativo em R$ 16,566 bilhões um crescimento de 63,0% em relação ao ano anterior, justificado pelo crescimento da inadimplência principalmente nas operações de crédito a pessoas físicas.

As despesas gerais atingiram R$ 5.691 milhões no 3T22, alta de 4,8% no trimestre. Esta variação é justificada por maiores gastos com pessoal, que cresceu 6,3% no trimestre impactadas pelo acordo coletivo aplicado sobre a base salarial da companhia a partir de setembro de 2022, maiores gastos administrativos com variação de +3,3%, principalmente pelo crescimento dos negócios, com maiores custos com processamento de dados e serviços técnicos especializados e de terceiros e maior gasto de amortização e depreciação que atingiu 4,6% neste trimestre refletindo principalmente os maiores investimentos realizados em software e hardware.

O índice de eficiência foi de 37,4% no 3T22 com aumento de 3,5 p.p. no trimestre e 1,2 p.p. no ano. Seguimos comprometidos na busca constante por eficiência, com uma abordagem omni-channel, por meio da integração da nossa plataforma e industrialização dos nossos processos.

Os ativos totais somaram R$ 1,006,711 tilhões em setembro de 2022, aumento de 2,0% no trimestre e 3,8% na comparação anual.

O índice de inadimplência superior a 90 dias atingiu 3,0% no trimestre, com crescimento de 0,11 p.p. no trimestre e aumento de 0,58 p.p. em doze meses.

A inadimplência de curto prazo (15 a 90 dias) ficou em 4,3% em setembro, de 4,2% em junho e 3,4% em setembro de 2021. Em pessoa física, a inadimplência ficou em 6,1%, de 5,9% e 5%, na mesma base de comparação. E em pessoa jurídica, a inadimplência foi de 1,9%, de 1,9% e 1,2%, respectivamente.

Os resultados do Santander (BOV:SANB3) (BOV:SANB4) (BOV:SANB11) referente a suas operações do terceiro trimestre de 2022, foram divulgados no dia 26/10/2022. Confira a apresentação oficial dos resultados!

Teleconferência

Segundo o presidente do banco, os resultados em pessoa física estão sob pressão. Mas isso, segundo o presidente, “é parte natural de ciclo de crescimento”. Ele disse que houve uma redução no apetite de risco no fim de 2021, mas que o banco está pronto para acelerar “quando nos sentirmos confortáveis”.

“Estamos na fase mais desafiadora do ciclo de crédito”, afirmou o presidente do Santander na teleconferência. Nos resultados divulgados hoje, as despesas líquidas com provisões para devedores duvidosos (PDD) ficaram em R$ 6,209 bilhões, com alta de 8,1% ante o trimestre anterior e 68,9% em relação ao terceiro trimestre de 2021.

Segundo o presidente, a qualidade do balanço do banco está melhorando, com diversificação e maior engajamento dos clientes. As novas safras de crédito, segundo o presidente, são mais saudáveis do que as antigas.

“Nossa capacidade de antecipar tendência resulta em safras de crédito melhores. Estaremos mais bem preparados para retomar a expansão do cdo crédito”, afirmou na teleconferência, ao analisar “boas perspectivas de crescimento à frente”.

“Vamos começar 2023 com qualidade dos ativos sob controle e melhor preparados para retomar crescimento do crédito”, afirmou o presidente do Santander.

“Estamos voltando a crescer no crédito, porque vemos que novas safras estão na direção correta”, disse Santodomingo. Questionado pelos analistas, ele afirmou que é difícil dizer qual será o pico do custo de risco no próximo ano. Ele apontou, no entanto, que deve haver alguma melhora em 2023.

O custo de crédito, segundo o vice-presidente, está indo na direção correta. “Isso é consistente com o que venho afirmando desde o terceiro trimestre de 2021”, afirmou.

“Melhora que temos visto em qualidade dos ativos [em novas safras] é enorme”, afirmou Santodomingo.

Aos analistas, ele respondeu que o impacto da alta de juros sobre margem com mercado deve continuar em 2023. “Nossa sensibilidade aos aumentos da taxa de juros significa que temos o lado do passivo, que se recupera rapidamente, enquanto o ativo leva , de um ano, um ano e meio”, destacou.

“Fazemos isso todos os anos e otimizamos a quantia para esse tipo de dividendo”, explicou o vice-presidente.

Em relação a renegociações, ele disse que houve um aumento significativo. “Temos de usar proativamente renegociações para ajudar clientes e, em segundo lugar, evitar problemas financeiros no futuro”, disse.

“Estamos tranquilos com essa estratégia”, falou. Além disso, ele afirmou que o banco está originando para clientes com melhor rating. “O que significa spread menor, mas também risco de crédito menor no futuro”, destacou.

“A margem com clientes vai crescer em função da expansão de originação que vimos mais para o fim deste trimestres”, afirmou o VP.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters