O Banco Central (BC) elevou marginalmente a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023 para 1,2% no Relatório Trimestral de Inflação (RTI) referente ao primeiro trimestre do ano, ante estimativa de 1% no documento anterior, divulgado em dezembro.
“A revisão moderada reflete, especialmente, surpresas positivas em alguns componentes do setor de serviços no quarto trimestre de 2022 − deixando carregamento estatístico do setor para 2023 ligeiramente maior do que o anteriormente esperado”, diz o documento.
Mesmo com a revisão em alta, a projeção continua refletindo um cenário prospectivo de desaceleração da atividade econômica em 2023, em comparação ao observado nos dois anos anteriores.
O documento cita que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá perseverar até que se consolide a desinflação e a ancoragem das expectativas.
Inflação
O Banco Central (BC) elevou as projeções para a inflação deste ano e dos dois próximos em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI) referente ao primeiro trimestre do ano.
No cenário em que usou a Selic prevista na pesquisa Focus e o câmbio calculado pela paridade do poder de compra, a projeção para 2023 foi elevada de 5,0%, no relatório anterior, para 5,8%.O patamar se situa acima do limite superior do intervalo de tolerância (4,75%) da meta para a inflação (3,25%).
A probabilidade de a inflação superar os limites do intervalo de tolerância, no cenário de referência, em 2023 passou de cerca de 57% no RTI anterior para 83% neste relatório.
Para 2024, a projeção passou de 3% para 3,6%, enquanto a projeção para 2025 subiu de 2,8% para 3,2%, ambos acima do centro da meta para os respectivos anos, que é de 3%, conforme fixado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Em relação aos trimestres ao longo deste ano de 2023, o BC revisou em baixa a estimativa de inflação acumulada, de 5% para 4,8% no primeiro trimestre e de 3,9% para 3,8% no segundo trimestre. Já as projeções para os dois últimos trimestres foram revisadas em alta. A do terceiro trimestre passou de 5,9% para 6% e a do quarto, de 5,0% para 5,8%.
Crédito
O BC prevê um crescimento do crédito no país de 7,6% este ano, ante estimativa de 8,3% feita em dezembro, em meio ao aperto monetário promovido para combater a inflação, conforme dados do seu Relatório Trimestral de Inflação.
Arcabouço fiscal
O BC cita também que o novo arcabouço fiscal deve impactar as expectativas de inflação e o prêmio de risco em seu Relatório Trimestral de Inflação (RTI) referente ao primeiro trimestre do ano, divulgado hoje.
O documento diz que as expectativas de retomada de déficits primários em 2023 e de trajetória crescente do endividamento público para os próximos anos indicam que o quadro fiscal ainda requer atenção.
Para 2023, o Banco Central cita que as medidas anunciadas pelo Ministério da Fazenda podem reduzir o déficit em R$242 bilhões.
No curto prazo, o BC cita que a aprovação da Emenda Constitucional 126 trouxe gastos maiores que o esperado. A emenda foi aprovada no fim de 2022. O documento do BC lembra que a referida emenda estabeleceu o prazo de 31 de agosto deste ano para o Executivo encaminhar projeto de lei complementar instituindo um novo regime fiscal.
“Todavia, permanece incerteza relevante em relação à trajetória da política fiscal nos próximos anos”, diz o documento do BC.