A queda, segundo especialista do Valor Investimentos, Felipe Leão, é uma reação à redução de preço-alvo e da recomendação para os papéis pelo Bank of America (BofA). As ações do Pão de Açúcar recuam 6,78%, a R$ 14,86, e lideram as baixas Ibovespa (IBOV) às 12h do pregão desta quarta-feira (26).
O banco rebaixou a recomendação de compra para underperform — ou seja, é esperado que as ações tenham um desempenho inferior a seus pares. O Bank of America também reduziu a estimativa para PCAR3 de R$ 27,00 para R$ 14,00.
A companhia luta para compensar a perda de escala, enfrenta crescentes ameaças competitivas e aumento de risco de contingência, segundo os analistas. Eles ainda afirmam que a estrutura de capital e a reforma tributária colocam em ameaça o valor de longo prazo de Pão de Açúcar.
Para os analistas, a fraqueza macroeconômica, o desgaste no sentimento do mercado, a lentidão no consumo, as taxas de juros mais altas e mudanças fiscais ou corporativas também são riscos negativos para a varejista.
O Bank of America também reduziu o lucro por ação (LPA) esperado para os próximos próximos três anos. As projeções de 2023, 2024 e 2025 foram de R$ 2,19/ R$ 2,74/ R$ 3,56 para R$ 2,54/ R$ 0,78/ R$ 0,32, respectivamente.
De acordo com os analistas do Bank of America o risco de contingência “provável e possível” preocupa. As contingências do Pão de Açúcar totalizam cerca de R$ 17 bilhões — quatro vezes maior que seu valor de mercado de R$ 4,4 bilhões.
“À medida que a nova administração do Brasil se esforça para financiar as prioridades orçamentárias, o grupo parece prestes a retirar os incentivos fiscais substanciais de Pão de Açúcar e prevemos mais riscos à medida que as autoridades [políticas] priorizam estratégias para acelerar e resolver litígios fiscais pendentes”, explicam.
Os analistas atentam que, em relação à base de receita e capitalização de mercado, as contingências da companhia superam quase todos os pares de varejo e consumo – o que aumenta o “desconforto” com as ações, segundo eles.
O Pão de Açúcar (BOV:PCAR3) ainda sofre com a concorrência em um momento em que o serviço da dívida e os custos de ocupação limitam a capacidade de investir em propostas de valor, para o banco.
Os analistas destacam que a perda de escala após a cisão do Assaí também parece agravar seus problemas na criação de propostas de valor competitivas.