O lucro líquido da incorporadora paulistana Eztec caiu 59,6% na comparação entre o primeiro trimestre de 2023 com o mesmo período de 2022, para R$ 42,2 milhões.

A piora no lucro da Eztec se deve, principalmente, ao aumento dos custos de construção nos projetos lançados nos últimos anos e que não foram acompanhados por reajuste nos preços de vendas, nas mesmas proporções, o que afetou as margens dos negócios.

O Ebitda (lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização) diminuiu 62%, para R$ 29,190 milhões. A receita líquida recuou 12,7%, para R$ 250,8 milhões.

A margem bruta foi a 28,4%, baixa de 10,9 pontos porcentuais na comparação anual, mas melhora de 3,7 pontos porcentuais na comparação com o trimestre anterior.

A margem bruta da Eztec também foi impactada pelos estouros de custos do empreendimento Parque da Cidade, cujas obras estão atrasadas. Os clientes passaram a adiantar o valor das parcelas a fim de engordar a multa, que recai sobre o valor já pago. Segundo a companhia, isso atrapalhou o ritmo esperado de recuperação da margem.

As despesas comerciais cresceram 15,1%, chegando a R$ 24,9 milhões, resultado de aumento de gastos com publicidade, estandes, vendas de estoques e comissões. Já as despesas gerais e administrativas tiveram uma alta mais branda, de 6,0%, para R$ 31,2 milhões.

O resultado financeiro (saldo entre receitas e despesas financeiras) ficou positivo em R$ 24,3 milhões, montante 41% menor. Essa baixa na receita financeira se deve à menor variação do IGP, índice usado nos contratos de financiamentos diretos da incorporadora aos clientes.

A Eztec reportou queima de caixa de R$ 60,7 milhões no trimestre. A companhia, que tradicionalmente conta com mais recursos em caixa do que dívidas, encerrou o primeiro trimestre com caixa líquido de R$ 180,4 milhões. Esse montante, entretanto, foi 77,2% menor na comparação anual.

Os resultados da Eztec (BOV:EZTC3) referente suas operações do primeiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 11/05/2023.

VISÃO DO MERCADO

Bradesco BBI

O Bradesco BBI avalia que apesar dos sólidos números operacionais, a Eztec ainda luta com o projeto EZ Parque da Cidade, que está impactando negativamente a margem bruta da empresa.

Além disso, o BBI ainda espera uma abordagem conservadora para os lançamentos em 2023, o que deve continuar levando a um ROE abaixo dos pares, que está longe de seus padrões históricos. Dessa forma, mantém recomendação neutra para Eztec.

Itaú BBA

Segundo o BBA, ainda que a companhia tenha reportado números operacionais sólidos no trimestre, nota que a margem bruta (rentabilidade) da EzTec continua pressionada pelo Parque da Cidade, resultando em um lucro líquido final de R$ 42 milhões (50% abaixo da sua estimativa). Vale dizer também que a margem de resultados a apropriar ficou praticamente estável, em 36,2% (contra 35,9% no último trimestre). A EzTec também reportou um consumo de caixa de R$ 52 milhões, mas que não afeta sua posição confortável de caixa líquido (quando o valor em caixa supera o valor em dívidas).

Itaú BBA mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 18,00…

XP Investimentos

Para XP Investimentos, a Eztec registrou resultados em sua maioria negativos no 1T23. Analistas destacam que a receita líquida diminuiu para R$ 251 milhões, “negativamente afetada por (i) menores vendas de estoques prontos; (ii) menor POC devido à maior contribuição de lançamentos, impactando o reconhecimento de receita; e (iii) comparação mais difícil vs. 4T22”.

Segundo a XP, a margem bruta diminuiu para 28,4%, afetada por mix de projetos com menor margem bruta, efeitos não recorrentes de -540 pontos-base (bps) do projeto Parque da Cidade e custos sob pressão.

A XP mantém recomendação de compra, com base em um valuation atrativo, negociando a 0,6 vez Preço/Valor Patrimonial para 2023. “No entanto, continuamos a ver um cenário desafiador para o segmento de média renda, devido à taxas de juros mais altas, piora na capacidade de compra e menor nível de confiança”, comentam analistas.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão, Reuters