O Monitor do PIB-FGV aponta crescimento de 1,6% na atividade econômica no primeiro trimestre em comparação com o quarto trimestre de 2022, considerando-se dados com ajuste sazonal. Na comparação interanual o crescimento da economia no primeiro trimestre foi de 3,6%. Na análise mensal, a economia cresceu 1,8% em março, comparado a fevereiro e 4,5% com relação a março de 2022.

“O expressivo desempenho da agropecuária (10,9%) é o principal responsável pelo crescimento de 1,6% da economia no primeiro trimestre na comparação com o quarto trimestre de 2022. Além disso, destaca-se também o desempenho positivo dos serviços com crescimento em praticamente todas as suas atividades, o que sinaliza certa resiliência deste setor no início de 2023. No entanto, é importante destacar que o crescimento da agropecuária foi bastante concentrado e não deve se manter neste ritmo ao longo do ano. A forte contribuição da produção de soja e sua elevada participação no valor adicionado da agricultura foram cruciais para o crescimento do PIB no primeiro trimestre; porém deve-se considerar que a maior parte da colheita de soja é realizada no primeiro trimestre, o que pode indicar maiores desafios ao longo do ano para a manutenção desse forte crescimento da economia”, segundo Juliana Trece, coordenadora da pesquisa.

Consumo das famílias

O consumo das famílias cresceu 4,7% no primeiro trimestre. O único componente do consumo a retrair nesta comparação foi o de semiduráveis. Conforme observado no Gráfico 3, assim como ocorreu ao longo de 2022, as maiores contribuições positivas foram do consumo de serviços e de não duráveis. Este último impulsionado, principalmente, pelo segmento de combustíveis.

Formação bruta de capital fixo (FBCF)

A FBCF cresceu 0,2% no primeiro trimestre. Embora o segmento de construção tenha crescido 2,4% e o de outros da FBCF 4,1%, este fraco crescimento do componente total deve-se a retração de 3,4% de máquinas e equipamentos. O forte recuo registrado na FBCF de caminhões e ônibus é a principal razão para a retração do segmento.

Exportação

A exportação de bens e serviços cresceu 5,7% no primeiro trimestre. O desempenho da exportação de produtos da extrativa mineral e de serviços são os principais responsáveis pelo forte desempenho do componente. Como contribuição negativa destaca-se a retração da exportação de bens intermediários.

Importação

O total das importações retraiu 2,1% após oito meses consecutivos de crescimento nos trimestres móveis. Isto deveu-se a quedas na importação de produtos agropecuários, da extrativa, e bens intermediários. Embora a importação de serviços tenha crescido no primeiro trimestre, nota-se no Gráfico 6 a diminuição de sua contribuição que havia sido significativa em 2022.

Em termos monetários, estima-se que o acumulado do PIB, no primeiro trimestre de 2023 em valores correntes, tenha sido de 2 trilhões 830 bilhões e 489 milhões de Reais.
Projeção do FGV IBRE para o PIB de 2023 sobe, para alta de 0,8%

A projeção do FGV IBRE para o PIB brasileiro em 2023 foi revisada, para crescimento de 0,8%. O Boletim Macro de maio indica que o aumento de 0,5 ponto percentual na atividade para este ano em relação à projeção divulgada nos meses anteriores se dá diante de surpresas positivas quanto aos números do primeiro trimestre – para o qual o IBRE prevê uma expansão de 1,2%.

Essa revisão, entretanto, se mantém apoiada no desempenho da atividade agropecuária, tal como os pesquisadores vêm reiterando nos boletins. Especialmente no primeiro trimestre do ano, quando o agro deverá registrar expansão de 12,9% em relação ao mesmo período do ano passado, e de 8% no ano cheio. Sem o impulso do agro, a estimativa do IBRE é que o crescimento do PIB brasileiro tanto no primeiro trimestre quanto no ano completo seria de 0,3%.