Nos últimos pregões, as ações das empresas do setor sucroalcooleiro na B3 têm experimentado ganhos, impulsionados pelas notícias de que a Índia planeja implementar uma proibição de exportação de açúcar. Isso ocorre em meio à redução da produção devido ao fenômeno El Niño.
Nesse contexto, que poderia favorecer os preços da commodity e as ações de concorrentes de outros países, o Bradesco BBI revisou suas projeções para os ativos desse setor na B3.
Os analistas Leandro Fontanesi e Pedro Fontana elevaram a recomendação para as ações da São Martinho (BOV:SMTO3) e da Jalles Machado (BOV:JALL3) de “neutra” para “outperform” (desempenho acima da média do mercado, equivalente a compra), conforme destacado no relatório intitulado “Super El Niño = Super retornos”.
“Elevamos nossas perspectivas para São Martinho e Jalles Machado, refletindo nossa visão otimista em relação aos preços do açúcar, impulsionados pela alta probabilidade de um forte evento ‘El Niño’ ocorrer durante o 4T23-1T24, historicamente resultando em redução da produção global de açúcar”, afirmam os analistas.
Além disso, as preocupações quanto aos estoques elevados de etanol parecem estar já precificadas após a recente queda nos preços das ações do setor. As novas projeções do banco incorporam um aumento médio de 59% no preço do açúcar para 2023/2024, o que se encontra 46% acima das curvas futuras. A estimativa é que os preços comecem a se recuperar a partir de setembro de 2023, como observado em anos anteriores de ocorrência do El Niño.
Os analistas do BBI veem a SMTO3 sendo negociada a um múltiplo de 4 vezes o EV/Ebitda para 2023 e 2024, representando um desconto de 15% em relação à média histórica. JALL3 também é avaliada com múltiplos de 4 vezes o EV/Ebitda, em comparação com a média da América Latina de 4,7 vezes.
O novo preço-alvo estabelecido pelo banco para a São Martinho é de R$ 44 até 2024, o que indica um potencial de valorização de 25% em relação ao fechamento de quinta-feira. Quanto à Jalles Machado, o preço-alvo é de R$ 12, refletindo um aumento de 54%. Ao longo da semana até quinta-feira, JALL3 já apresentou um aumento de 11,27%, enquanto SMTO3 subiu 9,31%.
Em um relatório anterior, a Levante Corp também expressou uma visão positiva, destacando que no cenário nacional, há uma safra robusta prevista para o período 2023/2024 para a cultura da cana de açúcar. Eles consideram que, como o Brasil é o segundo maior produtor mundial dessa commodity, a perspectiva de produção interessante e a queda na produção indiana tornam os preços atrativos para o açúcar.
A casa de análise ressalta que, embora veja um grande potencial na São Martinho, também reconhece a forte perspectiva da Raízen (BOV:RAIZ4). A Raízen possui um total de 35 usinas e capacidade para processar 105 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por ano. Sendo liderada pela Cosan (BOV:CSAN3) e Shell, a empresa é uma das principais produtoras mundiais de açúcar e etanol.
Além disso, a Raízen está focada em um projeto de expansão significativo, o chamado E2G (Etanol de segunda geração), um combustível derivado do bagaço da cana que não requer aumento da área cultivada. A empresa é pioneira nessa tecnologia, já possui uma planta operacional desse segmento e está construindo outras cinco, com planos para expandir para vinte até 2031.
A Levante acredita que, após um primeiro semestre desafiador, o segundo semestre deve ser mais promissor para o setor. “De maneira geral, continuamos otimistas em relação aos investimentos em empresas ligadas ao açúcar e etanol”, afirmam os analistas.