Mesmo com ganhos recentes, os mercados caminham para o fechamento de um dos piores meses do ano, considerando a desaceleração dos Estados Unidos apontada em dados recentes e a expectativa crescente pelo fim do aperto monetário. O foco hoje está no indicador de julho de consumo pessoal (PCE), antes do relatório de emprego (payroll) de amanhã. No Brasil, destaque para a divulgação da Pnad contínua.
Os futuros de índices dos EUA operavam com sinais mistos e as bolsas europeias também, com tendência a volatilidade. Na Ásia, a maioria dos índices fechou em queda, embora o japonês Nikkei tenha registrado ganhos.
A atividade manufatureira da China medida pelo Departamento Nacional de Estatísticas caiu pelo quinto mês consecutivo em agosto, situando-se em 49,7, mas ficou acima do esperado. A recuperação de novos pedidos e da produção trouxe esperanças de uma recuperação. Enquanto isso, o Japão viu sua produção industrial cair -2% em julho, além do previsto (-1,4%), devido à fraqueza na China e ao aperto monetário nos EUA e Europa.
O Banco Popular da China se reuniu com credores e empresas privadas para discutir a melhora de acesso a financiamentos. Duas das maiores cidades da China reduziram os requisitos hipotecários para alguns compradores de casas seguindo as orientações do governo central.
A inflação na Zona do Euro subiu +5,3% em agosto e se desviou da trajetória de abrandamento que vinha sendo observada nos últimos meses. Os economistas previam uma nova desaceleração, mas os custos de energia pesaram no resultado. O dado coloca o Banco Central Europeu (BCE) num dilema sobre o momento de pausar o ciclo de alta de juro.
Na França, o IPC acelerou para +5,7%, indo além da mediana de expectativas de +5,4%. O número reforça preocupações já levantadas pelo aumento da inflação na Alemanha e na Espanha, reportados na véspera. Vale dizer que o indicador subjacente na Eurozona, que exclui itens voláteis, desacelerou conforme o esperado, atingindo exatamente o mesmo nível do indicador principal.
O rendimento do título norte-americano para 10 anos recuava para 4,106% às 06:54 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se depreciavam em relação ao dólar.
Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI subiam e o ouro recuava, assim como o bitcoin.
Os futuros do minério de ferro subiram nesta quinta-feira para o maior nível em cinco semanas, sustentados por dados econômicos melhores do que o esperado e pelo último lote de medidas de estímulo na China, o maior consumidor mundial do ingrediente siderúrgico.
No Brasil, a agenda econômica é um pouco menos carregada, com a divulgação das estatísticas fiscais, que contempla o resultado primário do setor público de julho, às 8h30, que tem consenso de déficit de R$73,5 bilhões. Às 9h, o IBGE divulga a taxa de desemprego, que tem previsão de 7,9% em julho. Em junho, a taxa estava em 8%.
Além disso, a expectativa é que o governo encaminhe hoje para o Congresso a meta fiscal de 2024, que prevê déficit zero. Segundo a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, os dados mostram receita suficiente para zerar o déficit no próximo ano, embora “o futuro a Deus pertence”.
Ontem, por 34 votos a favor e 27 contra, o Senado aprovou o projeto de lei do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que tem como diretriz retomar o chamado voto de qualidade. O governo espera que isso beneficie o Tesouro em caso de empate no órgão, o que tende a aumentar a arrecadação.
Já a Câmara dos Deputados aprovou na noite de ontem, por 430 votos a favor e 17 contra, o Projeto de Lei (PL) 1.016 de 2023, que prorroga a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores da economia por quatro anos. Os deputados ainda precisam analisar emendas e destaques.
O mercado também continua com os olhos voltados para o Congresso, com a expectativa de aprovação das propostas que alteram a tributação dos investimentos da parcela mais rica da população, por meio de fundos exclusivos, com ativos no Brasil, além de fundos offshore, com bens e aplicações no exterior.
DESTAQUES CORPORATIVOS INTERNACIONAIS
O UBS Group AG (UBS) registrou entre abril e junho o maior lucro trimestral de todos os tempos para um banco, resultado da compra do Credit Suisse, e confirmou que integrará totalmente os negócios locais de seu antigo rival até o próximo ano. O ganho contábil foi de de nada menos que US$ 29 bilhões. E o lucro combinado subjacente atingiu US$ 1,1 bilhão no trimestre. O banco planeja demitir 3.000 pessoas na Suíça. É a primeira vez que o CEO Sergio Ermotti apresenta um número concreto de quantos empregos a fusão gigante custará. Saiba mais…
A gigante da tecnologia Apple (AAPL) estaria testando o uso de impressoras 3D para produzir os chassis de aço de vários de seus próximos Apple Watches, segundo fontes da Bloomberg, o que representaria uma grande mudança na forma como a empresa fabrica seus itens. A mudança no processo de manufatura, que poderia se expandir a outros produtos da big tech, traria uma simplificação da cadeia, economia de tempo e materiais. Saiba mais…
A Amazon (AMZN) e a Shopify (SHOP) fecharam acordo para permitir que comerciantes que pagam pelas ferramentas de comércio eletrônico do Shopify possam usar a rede logística da Amazon. Até setembro, o “Buy with Prime” da Amazon estará disponível para todos os comerciantes do Shopify nos EUA.
Cohere, startup de inteligência artificial que rivaliza com a OpenAI, está trabalhando com JPMorgan (JPM) e Goldman Sachs (GS) para uma nova rodada de financiamento, segundo a Bloomberg. A empresa canadense, apoiada por investidores como Nvidia (NVDA) e Oracle (ORCL), levantou US$270 milhões em junho, com uma avaliação de até US$2,2 bilhões, e espera conseguir um valuation mais alto agora.
O X, rede social antes conhecida como Twitter, planeja coletar informações biométricas de seus usuários, conforme mostra a atualização de sua política de privacidade, visando “segurança, proteção e identificação”. A empresa não detalhou o tipo de biometria a ser coletada, que pode envolver dados do rosto, olhos e digitais de uma pessoa. Não está claro tampouco como essas informações poderão ser obtidas e usadas.
A Microsoft (MSFT) separará seu aplicativo de bate-papo e vídeo Teams do produto Office e facilitará o funcionamento de produtos rivais com seu software, disse a empresa norte-americana nesta quinta-feira, em uma medida que visa evitar uma possível multa antitruste da UE. Saiba mais…
As ações do grupo Adani voltaram a cair após virem à tona documentos obtidos pela equipe do projeto internacional de Denúncia de Crime Organizado e Corrupção (OCCRP, na sigla em inglês) mostrando que diretores do conglomerado, com fortes laços com a família Adani, teriam passado anos negociando de forma obscura centenas de milhões de dólares em ações do grupo indiano. O conglomerado afirmou que são “alegações recicladas” e sem “relevância”. Saiba mais…