A CCR realizou seu Investor Day com investidores e acionistas para anunciar seus novos planos estratégicos. Entre as novidades, o anúncio que era aguardado com expectativa: a companhia informou que não participará do leilão de rodovias do Paraná, que teve início 25 de setembro e terá decisão anunciada hoje (29) às 14h.

“Estamos focados em rigor de gestão de capital… Já temos R$ 33 bilhões em capex contratado, que são nossas obrigações de investimento”, afirmou o CEO da companhia, Miguel Setas, em reunião com investidores. O novo foco da companhia, de acordo com o executivo, é executar o investimento de forma rigorosa para promoção de crescimento.

“A Administração restabeleceu o foco da CCR nos seus três modais. Rodovias, mobilidade urbana e aeroportos continuam sendo os segmentos fundamentais de foco da CCR”, comenta a XP.

Nova estratégia da CCR

Em relatório realizado pelo Bradesco BBI sobre o encontro, os analistas do banco apontaram que a mensagem clara passada foi que o “novo lema é focar em lucratividade e eficiência”. A iniciativa poderá reduzir custos operacionais em dinheiro para 38% das receitas líquidas em 5 anos, em comparação com os 41% anteriores.

Para o JP Morgan, a principal mensagem foram os 6 pilares que sustentarão a estratégia da CCR (BOV:CCRO3), de acordo com o CEO. Entre eles, estão o foco no crescimento sustentável e seletivo, com alocação estratégica de capital em regiões metropolitanas no Brasil, e a busca por portfólio otimizado, com reciclagem de capital e desalavancagem de ativos.

No relatório do Citi, há menção a esforços da companhia para consolidar aeroportos na América Latina, não somente no Brasil.

Além disso, de acordo com a análise, a gestão busca ampliar a eficiência, otimizar a estrutura de capital e buscar um retorno atrativo. A busca por liderança em ESG será feita através da neutralidade de carbono e na inclusão social, segundo a companhia.

“Os investimentos relacionados à energia estão sendo considerados, mas sempre como uma atividade adjacente, com os objetivos de: otimizar custos (a CCR é um dos 40 maiores consumidores de energia no Brasil) e melhorar a pegada de carbono”, destaca a XP.

Como sexto pilar, estará a busca por competências em uma equipe comprometida e diversificada.

“A CCR também observou que existem ativos maduros não âncora em seu portfólio atual, que poderiam potencialmente ser reciclados para abrir espaço para outras oportunidades de crescimento”, destacou o Goldman Sachs.

A avaliação do JP Morgan é que empresa deixou clara a busca pelo equilíbrio entre eventuais oportunidades de crescimento, alavancagem e retornos, durante o processo de decisão de participar de novos projetos.

“A empresa reforçou que deve equilibrar oportunidades de crescimento, alavancagem e retornos durante o processo de decisão de participar de novos projetos. A CCR poderia vender ativos não essenciais, usar sua geração de fluxo de caixa livre ou até mesmo buscar parceiros estratégicos para participar dos próximos leilões, se necessário” sugere JP Morgan.

Redução de dívida líquida

O objetivo, para obtenção do crescimento buscado, é manter a alavancagem em até 3,5 vezes da dívida liquida sobre lucro antes de juros, depreciação e amortização (ou Ebitda, na sigla em inglês). Ainda assim, alguns projetos oferecem retornos atrativos, é possível que o valor ultrapasse 4 vezes. Na visão do JPMorgan, se isso acontecer, é importante que seja elaborado um plano para retorno aos 3,5 vezes nos próximos 24 meses.

“Além disso, a CCR destacou que planeja reduzir a dívida líquida no nível da holding em cerca de 50% em 2023 (o que, em nossa opinião, poderia potencialmente melhorar a eficiência tributária)”, destaca o Goldman Sachs.

Entre os riscos para o nome destacados pelo Citi, está a contração econômica, eventuais greves e organização de trabalhadores, fatores exógenos que possam afetar o trânsito aéreo, como aumento de preços de combustíveis, e juros elevados. Para a divisão de rodovias da companhia, o aumento de custos de materiais poderia impactar.

O BBI mantém classificação Outperform (desempenho acima da média, similar à compra), com preço-alvo de R$ 18 para 2024, de R$ 17 em 2023. A visão do Goldman Sachs é equivalente, classificação o papel como compra. A motivação do banco é a oferta atrativa da taxa de retorno (TIR) de capital próprio do nome, em torno de 11%, ante 6% de títulos indexados a inflação.

O Citi considera o nome como Compra, com preço-alvo de R$ 15,50, mesma meta de preço do JP Morgan, que classifica o papel como Neutro. A XP tem visão neutra para o nome, com R$ 15,00 como preço-alvo.

A companhia abriu a sessão desta sexta(29) com ações em alta de 0,62%, cotadas a R$ 12,89. No acumulado deste ano, as ações subiram mais de 19%.

Informações infomoney