O Itaú Unibanco reportou lucro recorrente gerencial de R$ 9,04 bilhões referente ao terceiro trimestre de 2023. A cifra é 11,9% maior que a registrada um ano antes. Na comparação com o segundo trimestre, o crescimento foi de 3,4%.

O resultado ficou um pouco acima do esperado. O consenso LSEG previa lucro líquido de R$ 8,95 bilhões no período.

O lucro líquido consolidado da instituição financeira foi de R$ 7,539 bilhões.

O retorno sobre patrimônio (ROE) do banco ficou em 21,1%, praticamente estável em relação ao segundo trimestre (20,9%) e o registrado um ano antes (21%).

A margem financeira gerencial do banco ficou em R$ 26,275 bilhões, alta anual de 9,9%. Em comparação ao segundo trimestre, houve um avanço de 1,06%.

No terceiro trimestre de 2023, o Itaú provisionou R$ 9,263 bilhões, uma redução de 4,1% em relação ao segundo trimestre, mas alta de 11,3% em relação a um ano atrás.

O índice de empréstimos com mais 90 dias de atraso foi de 3%, ante 2,8% no terceiro trimestre de 2023.

O índice de cobertura total ficou caiu de 215 no 3T22 para 209% no 3T23.

Os ativos totais atingiram a cifra de R$ 2,678 trilhões no terceiro trimestre de 2023, contra R$ 2,422 de um ano antes.

Já o patrimônio líquido passou de R$ 157,175 bilhões no 3T22 para R$ 174,042 bilhões no 3T23.

A carteira de crédito do Itaú no período cresceu para R$ 1,163 trilhão, cifra 5,7% maior que a registrada um ano antes e 1,3% superior à do segundo trimestre.

As despesas administrativas do Itaú cresceram 7,3% no terceiro trimestre, para R$ 4,837 bilhões.

Projeções

O Itaú Unibanco atualizou suas projeções para o ano de 2023, devido a venda das operações do Banco Itaú Argentina S.A.

Segundo estimativa, a carteira de crédito do banco deve crescer entre 5,7% e 8,7%. Já para margem financeira com clientes, o banco projeta um crescimento de 12,5% e 15,5%.

A margem financeira com mercado deve ficar entre R$ 1,6 bilhão e R$ 3,6 bilhões. O custo de crédito está estimado entre R$ 36,5 bilhões e R$ 40,5 bilhões. A receita de prestação de serviços e resultado de seguros deve crescer entre 4,7% e 6,7%.

Os resultados da Itaú Unibanco (BOV:ITUB3) (BOV:ITUB4) referentes às suas operações do terceiro trimestre de 2023 foram divulgados no dia 06/11/2023.

Teleconferência

Já faz alguns trimestres consecutivos que o Itaú vem apresentando retorno sobre patrimônio (ROE, na sigla em inglês) acima de 20%. É uma das maiores rentabilidades entre as grandes instituições financeiras, junto com a do Banco do Brasil. E, na visão do CEO Milton Maluhy Filho, o banco tem condições de manter o indicador neste patamar pelo próximo ano.

“Olhar para uma rentabilidade próxima de 20% parece razoável imaginar”, diz Milton Maluhy Filho. “Vai depender muito do exercício orçamentário que estamos fazendo e condições de mercado”, complementa.

“Como a gente reafirmou o guidance [para 2023] e nele está implícito um resultado, um ROE acima de 20%, obviamente estamos revendo os números para o ano que vem. Tem elementos conhecidos, que usamos para fazer orçamento olhando para frente e os desconhecidos, pois sempre pode ter um vento contra, uma mudança regulatória, que não estamos colocando na conta”, explica o CEO.

Maluhy, contudo, observa que em um ciclo de redução de juros, o ROE não pode ser olhado separadamente do custo de capital. “Se os juros de fato continuarem caindo como a gente imagina, o custo de capital cai também e o nível de rentabilidade tende a acompanhar. Tem alguma correlação, mas não é tão grande”.

No terceiro trimestre de 2023, o ROE do Itaú ficou em 21,1%, praticamente estável em relação ao segundo trimestre (20,9%) e o registrado um ano antes (21%)

  • Retomada com juros mais baixos

Maluhy afirma ver uma “boa retomada do mercado de capitais”, principalmente em renda fixa, e em crescimento de receitas do banco com operações de fusões e aquisições (M&A). Já a parte de ações, ainda prejudicada por uma conjuntura desfavorável, depende de um ciclo de normalização de juros no Brasil no exterior para a abertura de uma nova janela.

“A gente continua otimista, talvez para o ano que vem a gente deva ver uma abertura do mercado de equities e o banco, historicamente, tem se posicionado muito bem. A gente espera continuar bem posicionado para capturar as oportunidades e um bom share nessas operações”.

Segundo o executivo, a retomada também é importante para que o banco tenha mais espaço para financiar empresas que não conseguem acessar o mercado de capitais com facilidade.

“Um ciclo de redução de juros naturalmente aumenta o apetite para o investimento e o nível de retorno que as companhias conseguem. A gente vê um pipeline importante se acumulando com boas perspectivas pela frente”, diz Maluhy.

Excesso de capital

O CEO do Itaú explica que o banco fez um trabalho de recuperação de capital desde o primeiro trimestre de 2020.

“Já fizemos essa recomposição e a gente vem organicamente crescendo a nossa capacidade de geração de capital”, afirma. Por esse motivo, o banco opera com um Índice de Capital Principal que ficou em 13,1% no terceiro trimestre de 2023, 1,6 ponto percentual acima do desejado pelo Itaú.

“Então existe, sim, expectativa de aumento de dividendos ou alternativas para conduzir esse excesso de capital”, afirma o executivo.

A expectativa é que ainda este mês o Banco Central detalhe a regulação de risco operacional Basileia 3, o que, segundo Maluhy, é uma informação crucial para o planejamento do banco.

“Para tomarmos uma decisão bem calibrada, gostaríamos de ter essa informação. O banco é muito disciplinado e planeja com muito cuidado os usos de fonte de capital em um horizonte de longo prazo”.

Caso a regulação saia dentro do previsto, o assunto poderá ser discutido no âmbito do conselho de administração do banco ainda em dezembro. Algumas alternativas para o uso do capital em excesso já estão sendo estudadas, segundo Maluhy.

“E a gente sempre pode fazer uma combinação delas, desde aumento de dividendos ou eventual recompra de ações. Sempre tem caminhos possíveis para você distribuir ou que o investidor perceba uma otimização do capital. Não queremos reter capital excedente”, diz o CEO sobre as alternativas para elevar o retorno aos acionistas.

VISÃO DO MERCADO

O resultado incluiu um mês de operações argentinas vendidas em agosto, com impacto negativo de R$ 1,2 bilhão e tratado como item extraordinário no resultado do 3T23. Assim, o lucro líquido contábil foi menor, totalizando R$ 7,5 bilhões (queda de 11,1% na base trimestral e de 4,3% ano a ano).

Bradesco BBI

O Bradesco BBI também tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado) para os ativos ITUB4, com preço-alvo de R$ 36.

“Em nossa opinião, o Itaú reportou mais um trimestre muito sólido no 3T23, e amplamente em linha com nossas expectativas, com os principais pontos positivos refletindo a qualidade controlada dos ativos, enquanto a inadimplência antecipada já aponta para potencial melhoria nos próximos trimestres. Reconhecemos também as despesas operacionais controladas, apesar do impacto do acordo coletivo de trabalho. Porém, chamamos a atenção para o modesto crescimento do crédito, no qual observamos contração no crédito consignado”, avalia.

Genial Investimentos

A Genial Investimentos ressalta que a rentabilidade (ROE, ou retorno sobre o patrimônio líquido) permaneceu consistente em níveis elevados, atingindo 21,1%, um aumento de 0,1 ponto percentual tanto em relação ao trimestre anterior quanto ao ano anterior, superando consideravelmente o desempenho de seus pares no setor privados como o Bradesco e Santander.

Para a Genial, o Itaú apresentou mais um resultado sólido no 3T23, mantendo uma rentabilidade consistentemente elevada, em sua avaliação.

“O destaque positivo, em nossa visão, fica com a estabilidade do índice de inadimplência acima de 90 dias e a melhora na inadimplência de curto prazo (entre 15 a 90 dias), podendo sinalizar um ponto de inflexão para os próximos trimestres”, avalia a casa.

O custo de crédito apresentou a primeira melhora desde a escalada de piora em meados de 2021 – foi a primeira contração na base dessa série de aumentos, com exceção do 4T22 quando o banco provisionou R$ 1,3 bilhão para o caso Americanas.

A formação de PDD (NPL Creation) de varejo retraiu nominalmente frente o 2T23, reforçando a sinalização do processo de melhora na qualidade dos ativos. As receitas com tarifas melhoraram sequencialmente e o resultado de seguros continuou sendo o destaque em termos de crescimento. Além disso, a rentabilidade dos negócios de varejo melhorou substancialmente, aumentando 1,2 ponto percentual (p.p.) ante o 2T23 e 2,4 pontos percentuais anualmente, atingindo 18,8%.

Por outro lado, o crescimento de crédito continuou tímido, com expansão de apenas 0,4% no trimestre e 2,4% ano a ano.

“Excluindo Argentina com uma carteira R$ 4 bilhões, o crescimento continuaria fraco em 0,9% frente o 2T23 e 2,8% ante o 3T22. Outro destaque negativo na carteira de crédito foi a contração de cartão de crédito e consignado frente ao trimestre passado. Apesar do crescimento bem acima do da carteira de crédito, a margem com clientes desacelerou, crescendo 2,5% na base trimestral e 9,3% na compara~~ao anual. Já a margem com o mercado foi mais fraca esse trimestre, caindo para R$ 715 milhões frente a R$ 1,07 bilhão no trimestre passado”, avalia a Genial.

Já para 2024, os analistas da casa antecipam uma aceleração no crescimento da carteira de crédito do banco (+9,9% ano a ano), à medida que o apetite ao risco se fortalece em algumas linhas de negócio.

“Além disso, prevemos um alívio nas tarifas, especialmente com a atividade mais vigorosa no mercado de capitais. Em relação aos custos, destacamos a tendência positiva no custo de crédito, com provisões (PDD) mais controladas. Com base nisso, projetamos um lucro de R$ 39 bilhões para 2024, representando um aumento de 9,8% na base anual, com um ROE de 20,6%”, apontam.

A Genial aponta que, com mais um trimestre consistente, segue com a recomendação de compra para a ação, com preço-alvo de R$ 36,60 para o final de 2024. “Na nossa avaliação, as ações do Itaú negociam com valuation atrativo, com um P/L [preço sobre lucro] esperado para 2024 de 7 vezes”, avalia.

JPMorgan

Também na visão do JPMorgan, o Itaú tem sido consistente em entregar “sem surpresas”, sendo uma das razões pelas quais o banco americano e muitos investidores têm visão positiva para o papel, conforme os analistas da casa destacaram em relatório chamado “saindo da Argentina e se preparando para crescimento”. O JPMorgan tem recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) para o papel, com preço-alvo de R$ 33.

XP Investimentos

Já os números globais, destaca a XP, seguiram uma tendência positiva e o guidance para o ano inteiro foi praticamente reiterado (ainda que tenha sofrido pela venda do ativo no país vizinho).

“A qualidade dos ativos permaneceu forte, com NPL [índices de inadimplência] acima de 90 dias estável em 3,5%, abaixo do mercado geral (SFN)”, avaliam os analistas da casa. Este desempenho permitiu ao banco reduzir marginalmente as provisões para R$ 9,3 bilhões (-1,9% frente o 2T23), ainda em linha com a criação de NPL (NPL creation).

A carteira de crédito registrou um aumento modesto de 1% em termos trimestrais, desacelerando o seu crescimento anual para 4,7%, de 6,2% no último trimestre, no total, e 6,0% no Brasil. “Esta descida pode ser vista como um sinal de alerta, uma vez que o ritmo atual está ligeiramente abaixo do limite inferior da orientação do banco”, avalia a XP.

A Margem Financeira (NII) desacelerou em relação ao trimestre anterior, atingindo R$ 26,3 bilhões no 3T23 (aumento de 9,9% ano a ano, mas 3% abaixo do esperado pelos analistas da XP).

A margem financeira com clientes continuou em destaque (avanço de 9,3% no ano e 2,5% frente o 2T23).

A XP ressalta que o ROE de 21,1% é o maior nível desde o 4T19.

Além dos resultados trimestrais, o Itaú revisou para baixo o seu guidance para 2023. “Isso poderia ter sido negativo, porém esta revisão foi necessária estritamente para refletir a descontinuação da operação na Argentina (vendida em agosto)”, avalia a XP, sendo realizados os ajustes necessários para excluir a unidade.

As principais métricas são as seguintes:

  • Crescimento total da carteira de crédito entre 5,7%-8,7% (6,0%-9,0% anteriormente);
  • NII com crescimento de clientes entre 12,5%-15,5% (13,5%-16,5% anteriormente);NII com mercado entre R$ 1,6-3,6 bilhões (R$ 2,0-4,0 bilhões anteriormente);
  • Custo do crédito entre R$ 36,5-40,5 bilhões (mantido);
  • Receitas de comissões e honorários e resultados de seguros com crescimento entre 4,7%-6,7% (5,0%-7,0% anteriormente);
  • Crescimento das despesas não decorrentes de juros entre 4,0%-8,0% (5,0%-9,0% anteriormente);
  • Alíquota efetiva de imposto entre 26,7%-28,7% (27,0%-29,0% anteriormente).

Na visão da XP, apesar dos efeitos adversos trazidos pela venda da operação argentina neste trimestre, o banco ainda conseguiu melhorar os seus índices de capital. “Portanto, vemos o nível atual como adequado para permitir que a alta administração do Itaú declare um aumento no pagamento dividendos de 2023 sem comprometer a solidez do banco e as perspectivas de crescimento futuro”, avalia.

A XP reitera o ITUB4 como top pick do setor, com recomendação de compra e preço-alvo de R$ 35 por ação.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão