O Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) cresceu 0,60% em janeiro, perdendo força em relação aos 0,82% de alta observados em dezembro, informou nesta segunda-feira (18) o Banco Central do Brasil. Mas o dado veio acima do consenso de analistas, que previa uma alta de 0,26%.
Em relação a janeiro do ano retrasado, o indicador que é considerado uma prévia do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro mostrou alta de 3,45%. Em 12 meses, o indicador mostra alta de 2,47%.
No trimestre encerrado em janeiro, o índice de atividade teve alta de 0,90% em relação ao trimestre anterior. Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, houve crescimento de 2,37%.
Atividade ganha tração no início do ano e PIB do 1º tri pode crescer até 0,8%
O dado do IBC-Br de janeiro divulgado nesta segunda-feira (18), que mostrou uma alta de 0,60% ante dezembro, foi apenas mais uma constatação de que a atividade econômica ganhou tração neste início de ano, reforçando a expectativa de bom crescimento do PIB no 1º trimestre, dizem os economistas.
O indicador mais forte estava sendo esperado após as divulgações dos dados de serviços (+0,7%) e das vendas varejistas (+2,5%) pelo IBGE na semana passada.
Rodolfo Margato, economista da XP, destaca que essa foi a quinta alta mensal seguida do IBC-Br e calcula que o efeito de carrego estatístico para o 1º trimestre de 2024 melhorou de 0,6% para 1,2% ante o 4º trimestre de 2023. Ou seja, mesmo que as taxa de variação sejam nulas em fevereiro e março, o indicador cresceria 1,2%.
Mas, por ora, a XP estima altas de 0,5% em fevereiro e 0,4% em março para índice. “Estimamos que o IBC-Br crescerá 1,4% no 1º trimestre de 2024 ante o 4º trimestre de 2023. Enquanto isso, nosso XP Tracker do PIB indica expansão de 0,8% no 1º trimestre de 2024 versus o 4º trimestre de 2023, e aumento de 2,5% em relação ao 1º trimestre de 2023”, prevê.
As projeções, segundo Margato, levam em conta os dados do mercado de trabalho formal, do comércio varejista e do setor de serviços divulgados na semana passada e que vieram bem acima das projeções. “Destacamos o sólido desempenho do consumo das famílias, impulsionado pela expansão da renda disponível e pela melhoria gradual nas condições de crédito”, explica.
A XP mantém sua projeção que o PIB brasileiro crescerá subirá 2,0% em 2024.
Rafael Perez, economista da Suno Research, também cita o desempenho recente de outros indicadores para explicar o indicador do BC em janeiro. Este resultado no mês de janeiro, segundo ele, deveu-se ao desempenho dos setores de serviços e do varejo.
“Além disso, os dados de Caged divulgados na sexta-feira, com a criação de 180 mil vagas de emprego em janeiro, mostraram um mercado de trabalho que continua dando sinais bastante positivos e será um vetor importante de sustentação da atividade, principalmente de segmentos ligados ao consumo”, afirma
Para o primeiro trimestre, a Suno projeta um crescimento próximo de 0,7% para o PIB. “Em nossa visão, a atividade deve crescer de forma mais robusta, devido ao mercado de trabalho aquecido, o aumento da massa salarial, o impulso na demanda com o pagamento dos precatórios pelo governo e os efeitos do agronegócio”, lista.
Para Perez, mesmo diante da expectativa de uma safra menor do que 2023, o setor agrícola ainda terá uma contribuição importante neste começo de ano.
“Por fim, com a expectativa de queda da Selic, nossa perspectiva é de uma retomada gradual ao longo do ano, principalmente do mercado de crédito, o que deve proporcionar um crescimento mais equilibrado na ótica da oferta e da demanda.”
Na análise do Santander Brasil, o IBC-Br confirma a perspectiva de um primeiro trimestre forte, com o aumento da demanda causado pelo pagamento de precatórios, e um carregamento mais forte deixado pelo também expressivo resultado de dezembro.
“Nossa projeção de crescimento [do PIB] para o ano de 2024 é de +1,5%, pois esperamos uma desaceleração importante para o 2º trimestre”, escreveu Gabriel Couto em análise.
“Janeiro foi um mês de resultados majoritariamente positivos para a atividade econômica. Dados do setor terciário indicaram expansões tanto no volume de serviços quanto nas vendas do varejo ampliado. Não esperamos que esses desempenhos se repitam em fevereiro. A produção industrial apresentou desempenho negativo”, explica.