A Localiza registrou aumento de 59,1% no lucro líquido contábil no quarto trimestre de 2023 em relação a igual período de 2022, para R$ 705,6 milhões.

Excluindo-se os impactos não-caixa advindos da amortização da mais valia e baixa de prejuízo fiscal, o lucro líquido ajustado somou R$ 750,9 milhões no 4T23, crescimento de 17,8% quando comparado ao 4T22.

O lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 2,879 bilhões, alta anual de 33%. Isso levou a uma elevação da margem Ebitda ajustada de 1,5 p.p. (pontos percentuais), para 69,1%.

A receita líquida somou R$ 7,908 bilhões no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 34,4% na comparação com igual etapa de 2022.

Já a receita líquida de aluguéis apresentou crescimento de 30,1%, sendo 22,3% na divisão de Aluguel de Carros e 40,4% na divisão de Gestão de Frotas.

A receita de Seminovos, por sua vez, somou R$ 3,740 bilhões no trimestre, aumento de 39,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, resultado do aumento expressivo nas vendas de Seminovos na comparação anual.

O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 3,470 bilhões no quarto trimestre de 2023, um aumento de 25,1% na comparação com igual etapa de 2022.

As despesas operacionais somaram R$ 590,8 milhões no 4T23, um recuo de 17,7% em relação ao mesmo período de 2022.

O resultado financeiro líquido foi negativo em R$ 974,3 milhões no quarto trimestre de 2023, uma elevação de 30,3% sobre as perdas financeiras da mesma etapa de 2022.

Em 2023, as atividades de aluguel geraram R$ 6,983 bilhões de caixa. “A forte geração de caixa das atividades de aluguel foi consumida pelo maior capex [investimentos] de carros para renovação e crescimento da frota”, explica a Localiza.

Em 31 de dezembro de 2023, a dívida líquida da companhia era de R$ 29,264 bilhões.

Os resultados da Localiza (BOV:RENT3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2023 foram divulgados no dia 11/03/2024.

Teleconferência

A empresa de locação e gestão de frotas Localiza afirma que vai continuar reajustando os seus preços para conseguir melhorar os spreads entre retorno do capital investido (ROIC, na sigla em inglês) e custo da dívida. Rodrigo Tavares, diretor-financeiro da companhia, afirmou que o momento é de recomposição das tarifas.

“Os ajustes de tarifa seguem sendo feitos de forma gradativa para a recomposição do retorno medido pelo ROIC. Já fizemos isso ao longo de 2023 e esse movimento continua em 2024”, afirmou durante teleconferência dos resultados do quarto trimestre.

A companhia registrou um lucro líquido contábil de R$ 705,6 milhões no quarto trimestre, alta de 59,1% em relação a igual período de 2022. A diária média dos carros da Localiza ficou em R$ 120,54 em 2023, uma alta de 12,1%. Considerando apenas o quarto trimestre, a diária alcançou R$ 126,75, evolução de 9,6% na comparação com igual período de 2022. Já o ROIC passou de 15,8% em 2022 para 13,7%. No período, o custo da dívida quase não caiu e, com isso, a spread caiu de 6,7 pontos percentuais para 4,1 pontos percentuais.

A empresa perdeu rentabilidade após a fusão com a Unidas, em negócio formalizado em 2022. Em 2021, antes da operação, esse spread chegou a 13,3 pontos percentuais.

Em relação à novação da frota, a Localiza comprou 288.622 novos veículos ao longo de 2023 e vendeu 67.243. Com isso, a adição foi de 67.243. Esse movimento se acelerou no último trimestre do ano, quando foram adquiridos 107.532 carros zero e vendidos 56.514.

Isso contribuiu para que a idade média da frota caísse de 29 para 26 meses, mas ainda longe da média histórica, em torno de 16 meses.

“Ainda não chegamos na metade do processo de rejuvenescimento da nossa frota”, disse. Por volta das 15h, os papéis da Localiza subiam 2,07%, cotados a R$ 53,37.

Carros elétricos

O processo da eletrificação da frota de veículos no Brasil deve ocorrer de forma gradual, com a predominância dos modelos híbridos, segundo Bruno Lasansky, presidente da Localiza. Para o executivo, a infraestrutura de abastecimento e concorrência farão com que o crescimento da frota de carros 100% elétricos seja mais lenta que o planejado.

“Devemos ver prevalecer os carros híbridos. A eletrificação vai ser mais concentrada nos grandes centros, mas até para isso tem um aspecto de infraestrutura muito relevante, do carregamento do veículo”, disse durante teleconferência.

As novas regras fiscais para os veículos elétricos e híbridos – em que a alíquota chegará a 35% até 2026 – e os investimentos feitos por montadoras no Brasil são outros fatores que devem influenciar para, em um primeiro momento, a demanda ser maior por híbridos.

“Quando a alíquota (dos importados) chegar a 35%, vai ter uma concorrência predominantemente local, aí teremos um cenário de competitividade mais equalizado”, disse. Os emplacamentos de carros elétricos no ano passado somaram 93.927, alta de 91%, segundo dados da ABVE (Associação Brasileira de Veículos Elétricos).

VISÃO DO MERCADO

Bank of America

Já os analistas do Bank of America lembram que, por conta dessa alteração, a margem Ebitda (Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações/receita líquida) em aluguel de carros e frota sofreu um impacto negativo de, respectivamente, 6,8 pontos percentuais e 2 pontos percentuais. Já a de seminovos subiu 5,2 pontos percentuais.

Os analistas afirmam ainda que o Ebitda em seminovos ficou abaixo do esperado.

Entre os fatores para um desempenho aquém do segmento é o crédito ainda restrito e juros elevados, o que compromete a tomada de decisão por parte do consumidor.

“Como a principal preocupação atual do mercado está ligada a uma queda adicional esperada nos preços dos automóveis no Brasil, acreditamos que os resultados do 4T23 acrescentam incerteza ao caso de investimento na empresa”, disseram.

Essa preocupação é agravada pelo volume de carros comprados no quarto trimestre (108 mil), em um momento em que os preços de carros devem cair ainda mais. “O que acreditamos ser um cenário provável no curto prazo.”

Embora o Bank of America veja como desafiador o segmento para seminovos, a recomendação é de compra para os papéis da Localiza, com preço-alvo de R$ 76, um potencial de ganho de 45,3%.

Durante a teleconferência dos resultados do quarto trimestre, a Localiza afirmou que o foco é a recuperação dos spreads entre o custo de capital e o ROIC (retorno do capital investido, na sigla em inglês). O ROIC passou de 15,8% em 2022 para 13,7% no ano passado. No período, o custo da dívida quase não caiu e, com isso, a spread caiu de 6,7 pontos percentuais para 4,1 pontos percentuais.

A empresa perdeu rentabilidade após a fusão com a Unidas, em negócio formalizado em 2022. Em 2021, antes da operação, esse spread chegou a 13,3 pontos percentuais.

Bradesco BBI

O Bradesco BBI destacou a renovação da frota e a mudança contábil que fez a companhia incluir os custos da preparação de veículos para a venda no segmento de aluguel e gestão de frotas e não mais da área de seminovos.

Goldman Sachs

“Os principais fatores de risco, em nossa opinião, incluem um cenário macroeconômico diferente do esperado, concorrência mais fraca ou acirrada, desempenho do mercado de usados no Brasil e os riscos de execução (da estratégia da companhia”, avaliaram os analistas do Goldman Sachs.

A casa tem recomendação neutra para os papéis da Localiza, com preço-alvo de R$ 67,10 em 12 meses, o que representa um potencial de valorização de 25,2% em relação ao fechamento da terça-feira.

Os papéis da companhia acumulam, no ano, queda de cerca de 12%. Para o Goldman, apesar do valuation de RENT3 estar pouco esticado, num contexto de baixa visibilidade sobre quando será o momento de maior depreciação no mercado de carros usados, as ações poderão seguir negociadas abaixo dos múltiplos históricos.

No quarto trimestre, as receitas do segmento de vendas de seminovos responderam por 47,3% da receita líquida da Localiza. O preço de veículos usados no Brasil registrou queda em 2023 e a tendência é de novas desvalorizações ao decorrer de 2024.

A companhia promoveu alterações contábeis em relação aos custos da preparação dos veículos que sairão do segmento de aluguel (RAC) e gestão de frota (GTF) e serão vendidos pela área de seminovos. Essas despesas agora ficam contabilizadas em RAC e GTF.

Itaú BBA

A recomendação para o papel é outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 84 até o final do ano, o que representa um potencial de valorização de R$ 84. O Itaú BBA também tem a mesma recomendação para o papel, mas com preço-alvo de R$ 80.

Os analistas destacaram os esforços da empresa frente a um cenário de veículos seminovos desafiador e a busca pela recuperação do ROIC. “A principal variável que determina o quanto a empresa irá acelerar é o spread em relação ao ROIC. Se a empresa conseguir atingir os níveis desejados, investirá e crescerá”, destacaram.

JPMorgan

Já os analistas de JP Morgan lembram que a mudança contábil em relação aos custos de preparação dos veículos fez a margem do segmento de aluguel e gestão de frotas cair e a margem Ebitda de seminovos, subir. “Mas a frota anteriormente refletia um valor contábil inferior e relativamente menor taxas de depreciação, pois era usado um ajuste para converter o valor contábil dos veículos ao seu valor de mercado excluindo os custos e despesas de venda”, explicaram. O banco tem recomendação overweight para a Localiza, com preço-alvo de R$ 81 ao final do ano.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão