O Ibovespa (BOV:IBOV) encerrou em firme queda a sessão desta quinta-feira, em um dia de aversão ao risco em que poucos papéis fecharam no positivo, em meio à escalada do conflito no Oriente Médio, com os índices acionários de Wall Street operando no campo negativo e o dólar avançando firmemente ante divisas à nível global, às vésperas da divulgação do Payroll de setembro.

O índice Bovespa fechou com queda de 1,38%, aos 131.671 pontos. O volume ficou em R$17,3 bilhões, considerado mediano. Apenas 9 dos 86 ativos que compõe o Ibovespa registraram ganhos, com a força nas ações da Petrobras e junior oils como Prio e Brava não sendo suficiente para sustentar o índice.

Os juros futuros encerraram em alta de até 7,5 pontos-base. O dólar à vista fechou em alta de 0,52% a R$5,4738 e o índice Dólar DXY, que mede o desempenho do dólar ante outras moedas, operava ao fim da tarde em alta de 0,35%, aos 101,96 pontos – na esteira da sessão de aversão ao risco observada na véspera. Em uma cesta de 23 divisas observada pela Mover, o real tinha o 18º pior desempenho ante o dólar no dia.

No cenário local, no campo dos indicadores econômicos, o PMI de Serviços e o Composto do Brasil, referente ao mês de setembro, avançaram a 55,8 e 55,2, respectivamente, denotando expansão da atividade econômica.

Já em relação às contas públicas, o Tesouro Nacional informou que o governo central registrou déficit primário de R$22,4 bilhões em agosto, em linha com as expectativas do mercado.

Já nos últimos doze meses, as contas do governo acumulam déficit de R$227,5 bilhões, equivalente a 1,98% do PIB. Os dados acumulados seguem distantes da meta de déficit primário zero fixada para 2024, que conta com uma banda de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB, equivalente a cerca de R$29 bilhões.

O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, afirmou que para o Brasil alcançar o grau de investimento é preciso medidas pontuais, estruturais e redução de ruídos, sendo importante uma trajetória mais benigna do que a observada atualmente na dívida pública.

“É importante que a gente adote medidas para ter essa consolidação fiscal, essa estabilização da trajetória da dívida idealmente em patamar ligeiramente inferior a 80%”, afirmou Ceron, depois de apontar que o atual cenário do Tesouro prevê estabilização da dívida bruta do governo em 2028 em patamar entre 81% e 82% do PIB.

Em linha com as discussões recentes do mercado em torno da elevação de rating do Brasil pela Moody’s, hoje o diretor e analista líder para Brasil da S&P, Manuel Orozco, disse que a despeito das surpresas recentes com o crescimento, não há perspectivas, neste momento, de uma sinalização de melhora na nota de crédito do Brasil, na avaliação da agência de classificação de risco S&P Global Ratings.

Segundo Orozco, a atividade mais aquecida deveria sinalizar uma maior capacidade do país de estabilizar a dívida pública, o que não acontece no momento.

Agora o mercado aguarda, às 18h00, fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, em evento da BlackRock e do Mercado Bitcoin. Na véspera, Campos repetiu que o governo precisa fazer movimento de choque fiscal, em fala que pressionou DIs.

Entre as ações que compõem o Ibovespa, as maiores detratoras do índice foram as ON da Vale, as PN do Itaú e da Itaúsa, que cederam 1,92%, 2,46% e 3,02%, na sequência.

Entre as maiores quedas percentuais do Ibovespa, destaque para as ON do Assaí, as PN da Azul e as ON do Carrefour, que recuaram 5,73%, 4,81% e 4,74%, na sequência.

Na ponta positiva, destaque para as ON da Natura, da PetroReconcavo e da Yduqs, que avançaram 2,59%, 1,83% e 1,63%, nesta ordem.