O Ibovespa teve nesta quinta-feira a maior queda diária desde janeiro de 2023, com tom duro da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de ontem mostrando-se insuficiente para conter a abertura dos vértices ao longo da curva de juros e ancorar expectativas, e com o ministro da secretaria de Comunicação Social, Paulo Pimenta (PT), garantindo que Lula será candidato à reeleição em 2026.

Os juros futuros chegaram a subir até 70 pontos-base na sessão regular, suscitando contínuos temores de aproximação com um cenário de dominância fiscal. O dólar abriu em queda, mas depois virou e passou a subir firmemente, tendo alta de 0,71% ao fim do pregão, cotado a R$ 6,008. Na mínima intradiária, mais cedo, o dólar futuro chegou a tocar patamar de R$ 5,877.

O Ibovespa encerrou com forte queda de 2,74%, aos 126.042 pontos, na maior perda diária desde 2 de janeiro de 2023. O volume diário foi de R$ 26,8 bilhões, em pregão em que operadores seguiram monitorando, continuamente, o estado de saúde de Lula após cirurgia nesta semana e novo procedimento médico hoje.

Os vértices da curva de juros encerraram em alta de até 41,0 pontos-base no trecho intermediário, após dispararem mais de 70 pbs, em nova sessão de estresse, com narrativa contínua, entre operadores, de riscos de dominância fiscal.

Mais cedo, em entrevista à CNN Brasil, o ministro da Secom, Paulo Pimenta, afirmou que o presidente Lula “com certeza” será candidato à reeleição em 2026. Operadores precificaram, ao longo desta semana, cenário em que o petista não disputaria a reeleição em 2026, dado estado de saúde e idade avançada, além dos procedimentos cirúrgicos aos quais foi submetido desde terça-feira.

Pela manhã, o médico do petista, Roberto Kalil, disse que a evolução do presidente “é muito boa”, e que ele deve receber alta do hospital no início da semana que vem. De acordo com Kalil, o procedimento desta manhã foi bem-sucedido, e Lula encontra-se “neurologicamente bem”. Ele deve deixar a UTI na sexta-feira, e pode retornar à Brasília no início da próxima semana. Lula passará por uma terceira intervenção às 19h desta quinta-feira, para retirada de dreno na cabeça, em procedimento que já estava previsto no cronograma médico.

No front monetário, a alta de 100 pontos-base aplicada pelo Copom, na véspera, acompanhada de um guidance de aperto de mesma magnitude pelas próximas duas reuniões, em se confirmando o cenário esperado, não foi suficiente para conter a significativa abertura dos vértices da curva de juros ao longo de toda a sua extensão, ecoando temores, entre gestores, acerca de uma maior proximidade de um cenário de dominância fiscal.

“Se fôssemos buscar alguma informação do mercado ao pós-Copom é justamente essa: a tese da dominância fiscal dá uma encorpada boa com a foto desse mercado hoje. Não foi uma medida do Banco Central pequena (de alta de juros). O fato de ter um choque de juros e a curva, praticamente, ignorar esse choque, é sinal de que ainda há resquício de preocupação com a inflação e de que mesmo com a Selic subindo, não vai ser suficiente para parar o impulso fiscal”, afirmou o contribuidor do TC, Alex Martins.

“Olhando os mercados, especialmente a curva pré-longa e o real, diria que a dominância fiscal bate à nossa porta. Corram para as montanhas”, escreveu o sócio-fundador da Armor Capital, Alfredo Menezes, em publicação no “X”. Também de acordo com ele, os juros reais caminham ao patamar de 9%, implicando em um custo de crédito em torno de 11% acrescido de IPCA para uma companhia que pague 2% de spread. “Estamos entrando em uma região bem perigosa. São poucos os setores que conseguem sobreviver a essa taxa.”

Operadores também acompanham tramitação do pacote de contenção de gastos. De acordo com o deputador relator do texto, Isnaldo Bulhões, salário-mínimo, Benefício de Prestação Continuada e Fundo Constitucional do Distrito Federal são pontos sensíveis que bancadas querem alterar no texto do pacote de gastos.

Nos mercados acionários, os principais detratores do Ibovespa foram as ON de Vale, PN de Itaú e Petrobras, que recuaram 2,89%, 2,49% e 1,79%, respectivamente.

Em Wall Street, os principais índices acionários encerraram em queda, em correção às máximas recordes observadas anteriormente.

Os pedidos semanais de seguro-desemprego para a semana encerrada em 7 de dezembro viram acima do consenso, ao passo que a inflação de preços ao produtor, embora também acima do consenso, pouco tenha alterado precificação para corte de juros na próxima semana pelo Federal Reserve.

Os índices S&P500, Dow Jones e Nasdaq 100 encerraram em quedas de 0,54%, 0,53% e 0,68%, respectivamente. As Treasuries yields de dois e dez anos operavam, ao fim do dia, em altas de 3,1 pbs e 5,5 pbs, a 4,186% e 4,328%, respectivamente.

Mais cedo, os pedidos semanais de seguro-desemprego avançaram a 242 mil, ante 220 mil estimados, de acordo com dados do Departamento do Trabalho. Já o índice de preços ao produtor avançou 0,4% em novembro, na base mensal, e acima do consenso, de alta de 0,2%. A leitura do PPI, embora acima do consenso, mostrou queda em componentes-chave de preços de serviços, amenizando temores de fortalecimento das mais recentes leituras de inflação na atividade econômica.

No mercado de commodities, os futuros do petróleo Brent para fevereiro de 2025 reverteram trajetória de queda, e subiam 0,14%, a US$73,62, na sequência de novas sinalizações de estímulo econômico oriundas da China.

Autoridades de alto escalão, lideradas pelo presidente Xi Jinping, prometeram cortar os juros, reduzir requerimento de reservas para bancos e elevar a proporção do déficit orçamentário para 2025, durante os dois dias de Conferência Central de Trabalho Econômico. As informações são da mídia estatal chinesa.

Já os futuros para janeiro de minério de ferro negociados em Dalian encerraram a madrugada em alta de 0,86%, a US$112,68 toneladas, com operadores aguardando, até então, pistas sobre afrouxamento monetário e novas sinalizações de estímulo fiscal por parte da China – maior importador da commodity.

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Data Variação Pontuação Volume Financeiro
02/12/2024 -0,34% 125.235,54 R$ 24,4 bilhões
 03/12/2024  0,72% 126.139,20 R$ 21,7 bilhões
04/12/2024 -0,04% 126.087,02 R$ 22,0 bilhões
05/12/2024 1,40% 127.857,58 R$ 22,9 bilhões
06/12/2024 -1,50%  125.945,67 R$ 23,3 bilhões
09/12/2024 1,00% 127.210,19 R$ 21,3 bilhões
10/12/2024 0,80% 128.228,49 R$ 19 bilhões
11/12/2024 1,06%  129.593,31  R$ 28,9 bilhões
12/12/2024 -2,74 126.042,21 R$ 26,8 bilhões

Confira o ranking completo de todos os papéis negociados na B3.

  1. 💥 Confira os destaques corporativos de hoje 💥

    Alupar (ALUP11)

    O conselho de administração da Alupar aprovou um programa de recompra de certificados de depósitos de ações, representativos cada um de 1 ação ordinária e 2 ações preferenciais de emissão da companhia (units). Saiba mais…

    Brisanet (BRIT3)

    A Brisanet informou sobre a aprovação de uma linha de crédito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Saiba mais…

    CCR (CCRO3)

    A CCR venceu nesta quinta-feira (12) leilão da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para concessão do lote 3 do Sistema Integrado de Rodovias do Paraná, com desconto de 26,6% sobre a tarifa básica de pedágio, conforme informações da B3. Saiba mais…

    Eneva (ENEV3)

    A Eneva finalizou a aquisição completa da Gera Maranhão – Geradora de Energia do Maranhão S.A.

    Lojas Renner (LREN3)

    A Lojas Renner informou que acionistas aprovaram um aumento de capital de R$ 518,6 milhões, com bonificação na proporção de uma nova ação para cada 10 papéis detidos pelos investidores. Saiba mais…

    Oi (OIBR3/OIBR4)

    Oi, em recuperação judicial, informou que foram eleitos que Francisco Roman Lamas Mendez-Villamil, Marcelo José Milliet, Paul Aronzon, Paul Murray Keglevic, Raphael Manhães Martins, Renato Carvalho Franco e Scott David Vogel, como membros do conselho de administração da companhia.

    Petrobras (PETR3/PETR4)

    A Petrobras confirmou a assinatura de contratos para a construção e afretamento de 12 embarcações de apoio no valor de R$ 16,5 bilhões. Saiba mais…

    Suzano (SUZB3)

    A Suzano estima um custo caixa de produção de celulose de R$ 746,00 por tonelada em 2027, uma queda de 13,6% ante o desempenho apurado pela companhia no terceiro trimestre deste ano. Saiba mais…

    Vale (VALE3)

    A Vale concluiu negociações com o Departamento de Energia dos Estados Unidos (DOE) e iniciará a fase 1 do projeto de desenvolvimento de uma planta de briquetes no Estado norte-americano da Louisiana, informou a mineradora. Saiba mais…

    Vitru (VTRU3)

    O Conselho de Administração da Vitru aprovou a 5ª emissão de debêntures simples, não conversíveis em ações, com garantia adicional fidejussória, em série única, no montante de R$ 1 bilhão. Saiba mais…

    (Com informações da TCMover e Momento B3)