A construção de uma nova fábrica da montadora chinesa BYD, em Camaçari, na Bahia, foi interrompida após autoridades brasileiras resgatarem 163 trabalhadores em condições análogas à escravidão.

Conforme os detalhes a seguir, os operários, contratados por uma empreiteira terceirizada, enfrentavam jornadas exaustivas, retenção de passaportes e salários, além de viverem em alojamentos insalubres.

 

  • Alojamentos insalubres: camas sem colchões, apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores.
  • Higiene precária: alimentos armazenados próximos a banheiros sujos e materiais de construção.
  • Banheiros insuficientes: Nos canteiros de obras, 600 operários dividindo oito banheiros químicos sem papel higiênico ou manutenção.
  • Exposição ao sol: trabalhadores submetidos a intensa radiação solar, resultando em danos à pele.
  • Acidentes de trabalho: condições de trabalho inadequadas, incluindo privação de sono, resultaram em incidentes graves.
  • Jornadas exaustivas: até 10 horas diárias, sem folgas regulares.
  • Retenção salarial: 60% dos salários dos trabalhadores eram retidos, com pagamento parcial em moeda chinesa.
  • Passaportes confiscados: impossibilitando o retorno ao país de origem sem custos adicionais.
  • Dívidas contratuais: rescisão exigia pagamento de passagens aéreas, caução e outros custos, levando a perdas financeiras totais.

 

As condições chamaram atenção de órgãos como o Ministério Público do Trabalho e a Polícia Federal.

A montadora afirmou que solicitou melhorias nas condições de trabalho antes do escândalo vir à tona.

Prometendo garantir os direitos desses trabalhadores, desligou-se da Jinjiang Construction Brazil Ltd., empreiteira responsável, e os trabalhadores resgatados foram transferidos para hotéis.

O embargo será mantido até que as irregularidades sejam corrigidas, conforme determinação das autoridades. Uma audiência está agendada para o dia 26 de dezembro, quando a BYD e a Jinjiang Construction deverão apresentar propostas para regularizar a situação.

No Brasil, a BYD já comercializou mais de 66 mil unidades em 2024. A montadora planeja inaugurar a fábrica no final de 2025, visando produzir veículos elétricos e híbridos.