O lucro líquido ajustado da RD Saúde somou R$ 381,4 milhões no quarto trimestre de 2024, crescimento de 34,6% frente ao resultado do mesmo trimestre em 2023. No acumulado do ano, o indicador também avançou 16,6% ante o ano anterior, totalizando R$ 1,288 bilhão.
O Ebitda ajustado foi de R$ 677,5 milhões, crescimento anual de 10,3%. Enquanto na comparação ano contra ano, houve uma alta de 14,9%, para R$ 2,9 bilhões.
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A margem Ebitda, por sua vez, foi de 6,2% no último trimestre de 2024, uma contração de 0,2 ponto porcentual (p.p.). No ano, o indicador foi de 7,2%, estável frente 2023.
Entre fatores que afetaram o resultado de 2024, a RD destaca as pressões na margem bruta de 0,1 p.p. pelo início da cobrança de PIS/COFINS sobre subvenções governamentais, que a companhia informa seguir contestando judicialmente.
O lucro bruto totalizou R$ 11,5 bilhões em 2024, equivalente a uma margem bruta de 27,7%, uma retração de 0,3 p.p. ante 2023. “Estas pressões foram compensadas pela alavancagem operacional gerada pelas diluições das despesas com vendas e da eficiência nas despesas gerais e administrativas (G&A).”
A receita líquida de vendas e serviços somou R$ 10 bilhões, expansão de 13,3% em relação ao quarto trimestre de 2023. Na comparação ano contra ano, o indicador somou R$ 38 bilhões, avanço de 14,5%.
Em relação a dívida líquida ajustada, a RD Saúde informa que encerrou o trimestre com R$ 3,418 bilhões, correspondente a um índice de alavancagem de 1,1 vez o Ebitda ajustado dos últimos 12 meses.
Segundo a empresa, esse resultado leva em consideração R$ 728,7 milhões em recebíveis descontados, R$ 89,9 milhões em antecipações a fornecedores e R$ 13,6 milhões em obrigações relacionadas a opções de compra/venda de fatias remanescentes em empresas investidas.
Com isso, a companhia encerrou o trimestre com uma posição de caixa total (caixa e aplicações financeiras) de R$ 528 milhões.
Os resultados da RD Saúde (BOV:RADL3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2024 foram divulgados no dia 26/02/2025.
VISÃO DO MERCADO
A RD Saúde reportou resultados no quarto trimestre 4T24, abaixo das expectativas do Goldman Sachs, impactados por vendas e margens mais fracas.
O banco americano acredita que os investidores podem se decepcionar com o crescimento relativamente fraco de vendas em mesmas lojas (SSS), já que lojas maduras cresceram +5,6% na base anual, desacelerando 100 pontos-base em relação ao 3T24, apesar de uma base de comparação menos exigente. Às 13h (horário de Brasília), a ação da companhia recuava 3,10%, cotada a R$ 17,84.
Segundo o Goldman, a lucratividade foi negativamente impactada por uma margem bruta menor, o que também pode gerar preocupações entre os investidores para 2025.
Embora reconheça que algumas pressões podem diminuir este ano (crescimento elevado da 4Bio, maior carga tributária sobre vendas), o Goldman destaca que o reajuste mais fraco da CMED pode ter um impacto negativo, especialmente no 2T25. No geral, o lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado ficou 8% abaixo da estimativa do banco.
O Goldman Sachs manteve recomendação de compra e preço-alvo de R$ 29.
Os números da RD no 4T24 foram fracos em geral, na avaliação do Bradesco BBI (o Ebitda ajustado ficou 7% abaixo do esperado). As vendas ficaram 1% abaixo das estimativas, com o crescimento desacelerando 1,3 pp no varejo para 13,2%, em base anual.
Do lado positivo, a RD espera que a margem consolidada fique estável ou melhore em 2025, apesar do ajuste de preços pela CMED abaixo da inflação, devido a (i) descontos mais baixos, (ii) revisão das despesas gerais e administrativas, (iii) crescimento das vendas em lojas maduras acima da inflação e (iv) foco na margem e menor crescimento na 4Bio.Telefônica Brasil (VIVT3):Análise de Resultado (4T24).
O JPMorgan também classificou os resultados da companhia como fracos. No lado operacional, o Ebitda ajustado cresceu 10% na base anual, chegando a R$ 678 milhões, mas ficou 7% abaixo das estimativas do JPMorgan e do consenso, devido a uma margem bruta menor do que o esperado e maiores despesas gerais e administrativas (G&A).
Ainda assim, o lucro por ação (EPS) ajustado de R$ 0,17 ficou estável em relação ao ano anterior e em linha com as estimativas do JPMorgan e as do mercado, refletindo os incentivos fiscais da Lei do Bem.
Além disso, a RD afirmou que, por meio de iniciativas de eficiência e possivelmente menores descontos, espera manter ou expandir suas margens em 2025, apesar do ambiente desafiador — com reajustes anuais de preços de medicamentos abaixo da inflação e taxas de juros/custos mais altos.
Porém, apesar da boa reputação da gestão no mercado, o JPMorgan avalia que, em um ambiente volátil e de curto prazo, o foco dos investidores deve ser a decepção com o Ebitda, especialmente porque a confirmação (ou não) de ganhos de margem Ebitda só deve ocorrer nos resultados do 3T25.
Nesse contexto, com a empresa negociando a 24 vezes e 18 vezes Preço/Lucro para 2025 e 2026, o banco acredita que as ações devem continuar sob pressão. Apesar da volatilidade de curto prazo esperada, o banco manteve recomendação overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra) e preço-alvo de R$ 26 para RD Saúde.
Em linha com os outros bancos, a XP Investimentos avalia que a RD divulgou resultados fracos no quarto trimestre, uma vez que a pressão na margem bruta levou a uma diferença de 6% no Ebitda.
A XP destaca que o lucro líquido ajustado foi de R$ 381 milhões, 43% acima do esperado, devido a menores despesas financeiras e efeito positivo de crédito fiscal (R$ 77,5 milhões), enquanto queima de caixa foi de R$204 milhões, devido a resultados operacionais pressionados e ao pagamento da participação remanescente da 4Bio (R$118 milhões).
Os números gerais ficaram praticamente em linha com as projeções do Itaú BBA, mas com uma composição ligeiramente pior. O SSS de 7,9% ficou 0,8 pp abaixo da estimativa do banco, enquanto o SSS de lojas maduras, em 5,6%, indicou uma desaceleração do crescimento real em relação à inflação do setor, para 1,1 pp.
Em termos de rentabilidade, a margem bruta encolheu 40 bps na base anual, ficando 30 bps abaixo da projeção do banco, principalmente devido a um mix diferente — com o segmento de medicamentos Rx (de menor margem) ganhando força, enquanto HPC (crescendo apenas 5,6% a/a) e OTC perderam participação.
Já o lucro líquido ajustado de R$ 303 milhões superou as projeções em 11%, impulsionado inteiramente por maiores incentivos fiscais no trimestre, especialmente o benefício da Lei do Bem para inovação. “Essa surpresa positiva tende a ser recorrente e deve representar cerca de 5% do lucro líquido projetado para 2025”, destaca BBA.