A Aeris encerrou o quarto trimestre de 2024 com um prejuízo líquido de R$ 833,1 milhões, um aumento expressivo em relação ao prejuízo de R$ 63,9 milhões registrado no mesmo período do ano anterior. No acumulado de 2024, a companhia teve um prejuízo de R$ 934,1 milhões, ante R$ 106,6 milhões negativos em 2023.
O resultado trimestral foi impactado em R$ 751 milhões pela redução no valor recuperável de ativos (impairment, no jargão do mercado), que resulta da descontinuidade de três contratos com as empresas Siemens Gamesa, Nordex e WEG. Deste total, R$ 505,4 milhões referem-se a estoques, R$ 213,2 milhões a provisões para perdas, e outros R$ 32,3 milhões foram considerados intangíveis.
Esta última cifra decorre do phase out de um projeto encerrado, que inicialmente previa a entrega de 1.168 pás. Foram entregues, porém, apenas 440. De acordo com o diretor Administrativo Financeiro e de Relações com Investidores da Aeris, José Azevedo, no entanto, esta frente segue em discussão. A descrição como impairment foi feita para “dar a devida transparência para o mercado”, disse ao Broadcast Energia.
A receita operacional líquida no último trimestre do ano passado foi de R$ 211,4 milhões, queda de 69,9% ante igual período de 2023, quando a linha foi de R$ 702,7 milhões. Em todo 2024, a receita líquida somou R$ 1,52 bilhão, redução de 46,5% em comparação aos R$ 2,83 bilhões registrados no ano retrasado. No entanto, as exportações, que não haviam sido registradas no mesmo trimestre de 2023, atingiram R$ 67,2 milhões, impulsionando a diversificação da receita.
O segmento de comercialização de energia, que não fazia parte do balanço no ano anterior, registrou R$ 23,7 milhões no trimestre, enquanto a área de serviços apresentou crescimento de 37,7%, alcançando R$ 54,9 milhões.
Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, da sigla em inglês) de outubro a dezembro foi negativo em R$ 1,6 milhão, ante resultado positivo de R$ 34 milhões um ano antes. No ano de 2024, o indicador apresentou queda de 58% quando comparado a 2023, caindo de R$ 330,3 milhões para R$ 138,8 milhões.
No 4T24, a margem bruta foi de -3,6%, uma redução de 12,8 pontos percentuais vs 3T24. Em 2024, a margem bruta registrou uma redução de 4,2 pontos percentuais em comparação com 2023, atingindo 9,6% de margem bruta. Essa queda se deve a redução da demanda e ao ramp-up de duas novas linhas de produção. Durante essa fase inicial (“ramp-up”), ocorreu uma deterioração na margem, devida a impossibilidade de diluir todos os custos fixos de produção (característica dessa etapa do processo).
No 4T24, as despesas financeiras líquidas foram de R$ 58,7 milhões, redução de 6,2% vs 3T24. Em 2024, as despesas financeiras líquidas totalizaram R$ 217,5 milhões, representando uma redução de 33,1% em comparação a 2023. Esse resultado reflete o esforço contínuo da Companhia para otimizar sua estrutura de capital.
Em 2024, a Companhia investiu R$ 93,9 milhões, valor em linha com o orçamento da Companhia.
A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, fechou o último trimestre de 2024 em 8,6 vezes. Em igual período de 2023, era de 1,9 vez. Ainda segundo Azevedo, “esse aumento é reflexo da diminuição de caixa e um pouco da diminuição do Ebitda também”.
Impactado pela descontinuação de parte dos contratos, o mercado doméstico respondeu por 31,3% da receita no último trimestre de 2024. De julho a setembro, o porcentual era de 81,2%. Já as pás para exportação aumentaram sua participação para 31,8%, frente a 1,4% no trimestre imediatamente anterior. Os serviços também aumentaram a participação: de 15,7% no terceiro trimestre para 26% no quarto trimestre.
Em relação às linhas de produção, o ano foi finalizado com um portfólio de sete linhas das quais cinco são maduras e duas não-maduras.
Os resultados da Aeris (BOV:AERI3) referentes às suas operações do quarto trimestre de 2024 foram divulgados no dia 26/03/2025.