O Méliuz anunciou a aprovação de uma nova estratégia de tesouraria, que inclui investimentos em Bitcoin (BTC). A empresa adquiriu 45,72 Bitcoins por aproximadamente US$ 4,1 milhões, a um preço médio de US$ 90.296,11 por unidade.

O fato relevante foi feito pela companhia (BOV:CASH3) nesta quinta-feira (06).

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A empresa diz que considera que o Bitcoin é um ativo estratégico de longo prazo e uma reserva de valor superior ao dinheiro fiduciário. A companhia apontou que o Real perdeu 87% de seu poder de compra desde sua criação em 1994, enquanto o Bitcoin teve uma valorização média anual de 77% em dólares nos últimos dez anos.

Outro fator destacado é a volatilidade dos mercados de capitais e o impacto das altas taxas de juros no Brasil, que reduziram a atratividade dos investimentos tradicionais. A empresa afirma que busca maximizar o valor para os acionistas por meio da nova estratégia.

A iniciativa do Méliuz segue um movimento observado em outras companhias globais, como a MicroStrategy nos EUA e a Metaplanet no Japão, que também adotaram o Bitcoin como pilar estratégico de suas tesourarias.

Porém, a empresa reconhece que o investimento também apresenta riscos, como a volatilidade do preço do Bitcoin e eventuais desafios regulatórios. Para mitigar essas questões, o Comitê Estratégico de Bitcoin será responsável por monitorar riscos e garantir a segurança das transações.

Viabilização

A decisão foi tomada pelo Conselho de Administração, que também aprovou a alteração da “Política de Gestão de Liquidez” para “Política de Aplicações Financeiras”, permitindo a alocação de até 10% do caixa total da companhia na criptomoeda. Além disso, a empresa criou o Comitê Estratégico de Bitcoin para avaliar a viabilidade da expansão da estratégia e apoiar sua implementação.

O Conselho de Administração do Méliuz solicitou um estudo detalhado sobre a possibilidade de ampliar ainda mais a adoção do Bitcoin como principal ativo estratégico da tesouraria.

Entre as questões em análise estão o impacto da adoção do Bitcoin como principal reserva de valor da empresa; possíveis formas de geração incremental de Bitcoin para os acionistas, via fluxo de caixa operacional ou outras iniciativas; ajustes necessários nos documentos societários, políticas de gestão de riscos e governança corporativa.

A empresa prevê ampliar sua exposição ao Bitcoin caso o estudo de viabilidade indique que a estratégia pode trazer mais benefícios aos acionistas. O Conselho de Administração deve divulgar os resultados da análise em cerca de dois meses.

VISÃO DO MERCADO

Analistas ainda veem com cautela a alocação de 10% do caixa da Méliuz em Bitcoin anunciada nesta quinta-feira (6). Relatórios publicados após o anúncio levantam receio sobre a coerência estratégica da companhia e a volatilidade que pode ser causada pela exposição ao criptoativo, em movimento inédito no mercado brasileiro.

Uma análise publicada pela XP alerta para uma desconexão da política de caixa com os objetivos operacionais da companhia, “criando incertezas sobre sua eficácia e levantando questões sobre a capacidade da empresa de reinvestir sua geração de caixa em suas atividades principais”.

Para o UBS, a estratégia, se bem-sucedida, pode diferenciar a Méliuz ao atrair investidores interessados em criptomoedas. “Por outro lado, poderia criar mais volatilidade nos resultados”, diz uma publicação do banco de investimentos.

A empresa aprovou em assembleia uma alteração em sua política de gestão de liquidez, que passa a se chamar política de aplicações financeiras, o que permitiu a aplicação de até 10% do caixa total em Bitcoin. Foram adquiridos US$ 4,1 milhões em bitcoins a um preço médio de US$ 90.296,11, o equivalente a 45,72 unidades do ativo.

Em fato relevante, afirmou que o bitcoin é seu principal ativo estratégico de tesouraria, embora avalie o movimento como complementar à operação, “que seguirá focada em crescer, gerar caixa e valor para nossos mais de 35 milhões de usuários”.

A MicroStrategy (MSTR) é o exemplo internacional mais emblemático de uma empresa que adotou o bitcoin como estratégia de investimento. A empresa agora possui 471,107 bitcoins, cerca de US$ 41,65 bilhões.

No Brasil, a Méliuz é a primeira companhia listada na B3 a tomar o caminho dos criptoativos. Até mesmo a exposição da tesouraria a ativos menos arriscados, como ações, é rara no Brasil, e empresas preferem por investir em ativos atrelados ao Certificado de Depósito Interbancário (CDI), como o CDB. Em casos mais arriscados, CDBs de bancos de segunda linha.

“Reconhecemos que o Bitcoin pode evoluir como uma reserva de valor no futuro, o que pode justificar essa alocação se a estratégia estiver mais bem alinhada com as operações da empresa”, ponderou a XP em sua análise.

Até às 16h desta terça-feira, as ações da empresa valorizavam perto de 20%, após um pico de quase 27% no início da tarde.

Informações Infomoney