A escalada das tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China atingiu em cheio o setor de semicondutores. Nvidia (NASDAQ:NVDA) e AMD (NASDAQ:AMD), duas das maiores fabricantes de chips do mundo, enfrentam novas restrições de exportação impostas pelo governo americano, afetando diretamente suas vendas ao mercado chinês.

As ações da Nvidia e AMD recuavam mais de 6% durante as negociações de quarta-feira, 16 de abril de 2025. O impacto se espalhou pelo setor, puxando para baixo índices como o Nasdaq Composite e ETFs de semicondutores.

A Nvidia e a AMD também são negociadas na B3 através das BDRs (BOV:NVDC34) e (BOV:A1MD34), respectivamente. A NVDC34 caía 7,0%, enquanto a A1MD34 recuava 5,7%, na última verificação.

A Nvidia revelou que será obrigada a obter licença para vender seus chips H20 à China, permissão que dificilmente será concedida. Também anunciou que a medida representará em uma baixa contábil de US$ 5,5 bilhões neste trimestre, afetando estoques e vendas já contratadas.

O chip H20 foi desenvolvido especialmente para o mercado chinês, em conformidade com restrições anteriores dos EUA. Mesmo com potência reduzida, ele ainda representa um risco, já que pode ser utilizado na construção de supercomputadores capazes de simular guerras e testes nucleares, sendo este o motivo central das sanções americanas.

A AMD, por sua vez, anunciou possíveis perdas de até US$ 800 milhões, relacionadas às novas exigências para a venda dos chips MI308 à China. Assim como a Nvidia, a empresa tentará obter licenças, mas reconhece que não há garantia de aprovação.

Desde 2022, os EUA vêm ampliando os controles sobre exportações de tecnologias sensíveis à China, na tentativa de conter o avanço chinês em áreas como inteligência artificial e defesa. Inicialmente focadas em chips de alta performance, as medidas agora envolvem até versões adaptadas, como o H20.


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Analistas alertam que as restrições devem se intensificar, tornando-se políticas permanentes. O cenário pressiona empresas americanas a redirecionar produção e investimentos para fora da China. Ao mesmo tempo, acende um alerta global sobre os riscos da dependência tecnológica em meio à crescente rivalidade entre as duas maiores potências do mundo.

As ações da Nvidia negociadas em Nova York acumulam perda de quase 30% desde o pico em janeiro. A AMD seguiu o mesmo caminho, com queda similar.