A Azul protocolou um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos, por meio do chamado Chapter 11. A medida ocorre após a dívida da companhia alcançar R$ 31,35 bilhões no primeiro trimestre de 2025, alta de 50,3% em relação ao mesmo período de 2024.

A Azul (BOV:AZUL4) vinha enfrentando dificuldades para levantar recursos no mercado sem a proteção da Corte americana, tendo conseguido captar cerca de US$ 1,6 bilhão em negociações com credores e investidores.

“Tomamos a decisão estratégica de iniciar uma reestruturação financeira voluntária com um movimento proativo para otimizar a nossa estrutura de capital – que foi sobrecarregada pela pandemia da Covid-19, turbulências macroeconômicas e por problemas na cadeia de suprimentos da Aviação”, afirmou John Rodgerson, CEO da Azul.

“Nossa estratégia não se resume apenas à reorganização financeira. Ao utilizar esse processo, nós acreditamos que criaremos uma companhia aérea robusta, resiliente e líder – uma com a qual os Clientes continuarão adorando voar, na qual os Tripulantes continuarão amando trabalhar e que gerará valor para seus parceiros”, acrescentou.

A decisão de buscar proteção judicial marca uma mudança na estratégia da empresa, que até recentemente negava qualquer intenção de acionar o Chapter 11.

Logo após a decisão, as ADRs da companhia desabavam até 40% nas negociações de pré-mercado em Nova York.

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Acordo com United e American

A Azul vinha enfrentando dificuldades para levantar recursos no mercado sem a proteção da Corte americana, tendo conseguido captar cerca de US$ 1,6 bilhão em negociações com credores e investidores, que pagará parte da dívida existente e fornecerá à companhia aproximadamente US$ 670 milhões de capital novo para reforçar a liquidez.

Segundo a companhia, o pedido serve como uma formalização de acordos já selados, o principal deles com United Airlines e American Airlines, que irão investir, juntas, até US$ 300 milhões na Azul, e sairão do processo como sócias da empresa.

“Esse abrangente pacote de financiamento significa que o caminho para a conclusão da reestruturação já está delineado, o que simplifica o processo e acelera o cronograma”, diz a empresa em comunicado. A empresa espera finalizar o processo até o final de 2025, ou início de 2026.

“A United tem orgulho de ter iniciado uma parceria com a Azul em 2014 e ter investido na Azul em 2015. É por isso que apoiamos o processo de reestruturação da Azul e firmamos Acordos para construir um relacionamento ainda mais forte no futuro”, disse Andrew Nocella, vice-presidente executivo e diretor comercial da United Airlines.

“Estamos confiantes de que o plano da Azul para fortalecer seu futuro será extremamente positivo para o mercado de Aviação brasileiro e para os viajantes de/para e dentro do Brasil”, afirmou Stephen Johnson, Vice-Presidente e Diretor de Estratégia da American Airlines.

Segundo a Azul, as operações continuam normalmente, o que inclui “passagens para viagens futuras e benefícios do programa Azul Fidelidade”, assim como obrigações com funcionários e “fornecedores críticos”.

Entenda a crise na Azul

A Azul vinha tentando reorganizar seu balanço desde 2024, mas o cenário econômico instável, o câmbio volátil e a alta de tarifas nos Estados Unidos dificultaram as tratativas. A companhia encerrou o primeiro trimestre com R$ 655 milhões em caixa e equivalentes, redução de 51% frente ao mesmo período do ano anterior. Em paralelo, teve seu rating rebaixado pelas agências S&P e Fitch.

O Bradesco BBI rebaixou a recomendação das ações da Azul de “outperform” para “marketperform”, citando o risco crescente de uma nova reestruturação financeira. O banco alertou para a fraca adesão à recente oferta de conversão de dívida e destacou a queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações do primeiro trimestre, além da dependência de até R$ 2 bilhões em garantias governamentais ainda não liberadas.

Além das finanças, a empresa enfrenta desafios operacionais, como escassez de aviões e motores. Para mitigar os efeitos, a companhia iniciou parcerias no modelo ACMI, que permite alugar aeronaves com tripulação estrangeira, com empresas como a portuguesa EuroAtlantic, operação que gerou contestação judicial do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA). Agora, segundo o Valor, a Azul também negocia uma nova parceria com a Hi Fly, outra empresa portuguesa, para ampliar a capacidade operacional.

VISÃO DO MERCADO

A Azul opera com forte desvalorização após companhia protocolar pedido de recuperação judicial nos EUA, com base no chamado Chapter 11. O papel da empresa chegou a recuar 5,61%, cotado a R$ 1,01, enquanto a ação da Gol caía 3,15%, a R$ 1,23, no início da sessão.

Ao longo do dia, mesmo com recuperação, seguia operando em queda, com -0,93% às 12h56 (horário de Brasília).

A decisão de recorrer à proteção judicial representa uma mudança significativa na estratégia da empresa, que até então negava qualquer intenção de entrar com um pedido sob o Chapter 11. Com isso, a Azul deixa de ser a última grande companhia aérea brasileira a evitar esse mecanismo desde a pandemia.

Além do cenário recorrentemente difícil para o setor nos últimos meses, atrasos no aguardado financiamento governamental e dificuldades para captar recursos no mercado sem a proteção da Justiça americana vinham pressionando a companhia.

Vale lembrar que a empresa fez uma oferta de ações em abril com o objetivo de fortalecer sua estrutura financeira e avançar em seu plano de reestruturação. Porém, o montante arrecadado no valor de R$ 1,6 bilhão, ficou bem abaixo do esperado, insuficiente para colocar a dívida bilionária em trajetória sustentável.

Poucas semanas após registrar um novo prejuízo bilionário e em meio a especulações da imprensa sobre uma possível reestruturação nos Estados Unidos, a Azul protocolou um pedido de recuperação judicial no país, com base no chamado Chapter 11. A Azul era a única companhia aérea de grande porte do Brasil que ainda não havia recorrido ao mecanismo após a pandemia.

Por volta das 7h50 de Brasília, as ADRs da companhia operava com queda de 40% frente ao fechamento da véspera, a US$ 0,299.

Além do noticiário recorrentemente difícil sobre o setor nos últimos meses, atrasos no aguardado financiamento governamental e dificuldades para captar recursos no mercado sem a proteção da Justiça americana vinham pressionando a companhia. Para se ter uma ideia, as ações da Azul acumulam queda de quase 70% em 2025 e de 89,4% nos últimos 12 meses.

De acordo com analistas, a liquidez da Azul dependia, em grande parte, da liberação de até R$ 2 bilhões por parte do governo para servirem como garantia de novas dívidas — uma iniciativa que poderia ocorrer ainda no primeiro semestre, mas que havia sido sucessivamente adiada.

Vale lembrar que a empresa fez uma oferta de ações em abril com o objetivo de fortalecer sua estrutura financeira e avançar em seu plano de reestruturação. Porém, o montante arrecadado no valor de R$ 1,6 bilhão, ficou bem abaixo do esperado, insuficiente para colocar a dívida bilionária em trajetória sustentável.

Os resultados do primeiro trimestre de 2025 vieram abaixo do esperado, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 2% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado principalmente pela desvalorização de 18% do real em relação ao dólar e por desafios operacionais, resultando em uma queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações e encerrando o trimestre com uma posição de caixa de R$ 655 milhões — uma queda de 49% em relação ao trimestre anterior.

Além do aspecto financeiro, a Azul, assim como outras companhias aéreas ao redor do mundo, enfrenta escassez de aeronaves e peças de manutenção, especialmente motores. No primeiro trimestre, a companhia chegou a perder até 3% da sua oferta de assentos em um mês por problemas na cadeia de fornecimento — que afeta sobretudo aeronaves maiores.

Reestruturação

O processo já tem início com o apoio de credores, da maior arrendadora de aeronaves da companhia e dos parceiros estratégicos United Airlines e American Airlines. Os acordos firmados preveem um financiamento de US$ 1,6 bilhão na modalidade debtor-in-possession (DIP), que será utilizado para refinanciar parte das dívidas existentes e fornecer cerca de US$ 670 milhões em recursos novos à Azul.

A Azul projeta a eliminação de mais de US$ 2 bilhões em dívidas e até US$ 950 milhões em aportes de capital ao final do processo de recuperação judicial nos Estados Unidos. A amortização do financiamento DIP será feita com os recursos de uma oferta de subscrição de ações de até US$ 650 milhões, já garantida por investidores, além da possibilidade de um incremento adicional de capital, ainda em avaliação.

Azul: Sucessivos rebaixamentos

O Bradesco BBI rebaixou a recomendação das ações da Azul de “outperform” para “marketperform”, citando o risco crescente de uma nova reestruturação financeira.

O banco também revisou suas projeções para 2025, estimando um Ebitda de R$ 7,1 bilhões, em linha com o consenso de mercado. A nova meta de preço para as ações da Azul foi reduzida para R$ 1,30, com base na premissa de conversão de aproximadamente R$ 3 bilhões em dívidas a preços de mercado atuais, o que implicaria significativa diluição para os acionistas.

Antes disso, a S&P rebaixou o rating de crédito da companhia de “CCC+” para “CCC-”, citando o aumento do risco de inadimplência. Embora os vencimentos da dívida da Azul não sejam particularmente elevados — totalizando cerca de R$ 730 milhões nos próximos 12 meses —, as obrigações da companhia relacionadas a pagamentos de arrendamento operacional, despesas com juros, capital de giro e investimentos em capital (capex) são consideráveis

De acordo com analistas, a liquidez da Azul dependia, em grande parte, da liberação de até R$ 2 bilhões por parte do governo para servirem como garantia de novas dívidas — uma iniciativa que poderia ocorrer ainda no primeiro semestre, mas que havia sido sucessivamente adiada.

Vale lembrar que a empresa fez uma oferta de ações em abril com o objetivo de fortalecer sua estrutura financeira e avançar em seu plano de reestruturação. Porém, o montante arrecadado no valor de R$ 1,6 bilhão, ficou bem abaixo do esperado, insuficiente para colocar a dívida bilionária em trajetória sustentável.

Os resultados do primeiro trimestre de 2025 vieram abaixo do esperado, com o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) 2% inferior ao registrado no mesmo período do ano anterior. O desempenho foi impactado principalmente pela desvalorização de 18% do real em relação ao dólar e por desafios operacionais, resultando em uma queima de caixa de R$ 313 milhões nas operações e encerrando o trimestre com uma posição de caixa de R$ 655 milhões — uma queda de 49% em relação ao trimestre anterior.

Além do aspecto financeiro, a Azul, assim como outras companhias aéreas ao redor do mundo, enfrenta escassez de aeronaves e peças de manutenção, especialmente motores. No primeiro trimestre, a companhia chegou a perder até 3% da sua oferta de assentos em um mês por problemas na cadeia de fornecimento — que afeta sobretudo aeronaves maiores.

Informações Infomoney